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Carteira de Identidade com DNA: Outra idéia genial made in Brasília

17 anos atrás

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A posição de legislação mais sem simancol, até então ocupada pelo projeto de exigir documentos até para postar comentários em blogs foi tomada por um projeto genial do Deputado Felix Mendonça (PFL/BA). O Projeto de Lei 5520/2005 determina a alteração do modelo da carteira de identidade válida em todo o território nacional, incluindo o código genético do portador.

Nas palavras do nobre parlamentar, no texto do Projeto de Lei:

A inclusão do mapeamento genético (DNA) na Carteira de Identidade, seja através de um chip ou de qualquer outro meio eletrônico disponível, é algo imperioso e que viria, indubitavelmente, melhorar o sistema de identificação do cidadão brasileiro.

Muitos problemas poderiam ser evitados se viesse estampado o código genético na carteira de identidade. Problemas de homonímia, de uso indevido de documentos por terceiros, fraudes, etc. seriam evitados com toda a certeza.

Cremos ser da mais alta relevância a colocação do número do código genético na carteira de identidade.

O problema é que da mesma forma que o projeto que exigia autenticação pra responder em fóruns, neste caso também o autor da lei não entende NADA SOBRE O QUE ESTÁ LEGISLANDO. Esse deputado ouviu o galo cantar sem saber onde, pelo visto nunca assistiu 5 minutos de Discovery Channel e agora tenta parecer "moderno".

Nobilíssimo Deputado:

O DNA de um ser humano, transformado em uma sequência discreta de bases nucléicas (AGTC...) ocupa 8 GIGABYTES. O Projeto Genoma, que sequenciou em sua totalidade o DNA humano (de 1 humano) custou mais de US$2,7 BILHÕES DE DÓLARES. Se você quer colocar o DNA de um sujeito em um chip, ele terá que ser sequenciado, e isso sairá "carinho". Claro, existem outras formas de aplicar o DNA na carteira de identidade, mas prefiro que essas formas fiquem restritas a lenços de papel, lençóis e em último caso a cortina da sala.

Outra coisa, meu caro. Não existe "número do código genético". Quando o mundo foi criado 6 mil anos atrás muita coisa foi planejada, inclusive os fósseis enterrados para testar nossa fé, deriva continental, a farsa do decaimento radioativo, etc, mas uma coisa que não foi feita foi a inclusão de um número serial. Verdade, deputado. Não temos um "número do código genético", como qualquer estudante de 2o Grau poderia explicar, evitando que V.Exa. passasse a vergonha de ter sua falta de conhecimento tornada pública no MeioBit.

Muitos problemas seriam evitados se parlamentares assumissem que não sabem tudo, consultassem gente mais antenada com o mundo que seus sicofantas habituais. Isso sim é da mais alta relevância.

Fonte: Portal Juristas, via Rec6

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