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iPad resistindo a uma queda do limiar do Espaço. Milagre? Não, Física.

12 anos atrás

O vídeo acima é um viralzinho da G-Form, fabricante de cases reforçados para iPads, joelheiras, cotoveleiras de couro e todo aquele aparato que nerds compram pra usar no Apocalipse Zumbi. Com mais de 2 milhões de visualizações, a tentativa de divulgação foi mais que bem-sucedida.

No caso um iPad, dentro de uma case reforçada deles é preso a um balão de Hélio, com uma câmera e um rastreador GPS. O balão sobe até uma altitude de 33Km, ou 100 mil pés. No silêncio da fronteira do Oceano Cósmico, com a curvatura da Terra evidente no horizonte, o balão se rompe. Por vários minutos o iPad cai, apenas para ser achado, intacto.

UAU, a case é fantástica, deveriam fazer aviões com esse material, certo?

Marromeno. A caso é boa, é excelente, mas no fundo foi tudo um grande truque.

Existe um conceito chamado Velocidade Terminal, que se aplica a qualquer objeto em queda livre fora do vácuo. É simples: A aceleração gravitacional é constante, mas o arrasto aerodinâmico aumenta. Quanto mais rápido você se move mais difícil é abrir espaço no ar à sua frente.

Em algum momento a força gravitacional te puxando para baixo será idêntica à força de arrasto te empurrando para cima, então você atingirá aceleração zero. Mantendo, claro a velocidade acumulada.

Por isso não importa se você cai de um avião da Gol ou de 1000Km de altura. Em algum momento você atingirá sua velocidade final e se manterá nela.

O principal componente é o coeficiente de arrasto, que depende da forma e da área do objeto. Um paraquedista deitado de braços abertos tem velocidade terminal de 195Km/h, já com os braços para trás, embicando pra baixo ele chega a 320Km/h.

Isso, claro, é pinto perto do Capitão Joe Dillinger Kittinger. Em 1960, durante um programa de pesquisas da Força Aérea dos EUA ele saltou de um balão a 102.800m pés de altitude, mais de 31Km. Por 4 minutos e 36 segundos ele caiu, atingindo uma velocidade máxima de 988Km/h, tornando-se o primeiro e único homem a ultrapassar a velocidade do som sem uso de uma aeronave ou espaçonave.

Chegando nas camadas mais densas da atmosfera ele começou a desacelerar, até atingir os mais mundanos 195Km/h e pousar como um paraquedista comum, não um Deus da Velocidade.

Foi o que aconteceu com o iPad. Óbvio que não tenho como calcular qual a velocidade terminal, mas ela independe da altura de onde o objeto é lançado, exceto se for MUITO baixo, aí nem tempo para acelerar o suficiente terá.

Portanto, a idéia de uma capa que protege um iPad caindo do limiar do espaço é falsa, mas a capa que protege um iPad que atingiu FÁCIL o chão pedregoso a mais de 150Km/h é real.

Palmas pra G-Form, pela demonstração dramática com um toque de entretenimento.

Fonte: DT

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