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No princípio era o Nada. Então Ele disse: Que Haja Luz. Ah sim, o nome d´Ele é Wilson.

12 anos atrás

Pilars_of_Creation_by_reVlismAe

Quanto a idéia do vácuo surgiu pela primeira vez ela foi considerada altamente herética, era proibido até mesmo falar sobre ela sem arriscar uma visita da Inquisição. Hoje dá-se basicamente o oposto, a idéia de que o vácuo não existe soa quase igualmente herética, felizmente o senso comum (que quase sempre está errado) não tem poderes de polícia.

O vácuo absoluto em verdade é um conceito quase teórico, pois implica uma região do espaço sem matéria ou qualquer tipo de onda eletromagnética. Seria o nada absoluto, completamente vazio.

Exceto que no Mundo Quântico não tratamos de simples objetos físicos, tratamos de probabilidades, e um dos efeitos colaterais disso são as partículas virtuais.

Um fóton não é apenas um fóton, é uma região do espaço-tempo onde a probabilidade de um foton existir atingiu 100%. A regra é clara: Se algo é possível no Universo, esse algo VAI acontecer, então essas flutuações probabilísticas no tecido do espaço-tempo podem, aleatoriamente gerar pares de partículas.

Mantendo a regra da simetria, são criados uma partícula e uma anti-partícula, que imediatamente se aniquilam. Elas são chamadas virtuais pois não são detectáveis. Elas surgem do nada, morrem e ninguém ficou sabendo.

Isso pode parecer uma bela viagem na maionese,, mas um dos vários fenômenos que ajudaram a identificar esse fenômeno é o chamado Efeito Casimir, proposto por Hendrik Casimir quando estudava a dinâmica dos coloides, como… a maionese.

Efeito Casimir

Imagine que o tempo todo em qualquer lugar estão sendo criadas incontáveis partículas virtuais, com uma meia-vida infinitesimal. Pegue duas placas metálicas de carga neutra. Elas estão sendo bombardeadas por partículas virtuais de todos os lados. Agora aproxime as placas uma da outra. MUITO próximas, menos de um mícron. As placas sofrerão uma força que tentará uni-las.

Não é atração eletromagnética. Algo força uma placa contra a outra. Com tanta força que quando a distância chega a menos de 100 vezes o diâmetro de um átomo a pressão atinge o equivalente a uma atmosfera.

Pressão é a explicação. as forças externas se tornam mais fortes que a pressão entre as placas, pois como a distância entre elas é menos que o comprimento de onda das partículas geradas, e como partículas e ondas são intercambiáveis, elas não são geradas, pois não encaixam no espaço entre as placas.

Isso é MUITO contra-intuitivo, pois fótons são minúsculos, mas o fenômeno é detectado inclusive na sua cozinha. A grade na porta de seu micro-ondas deixa passar fótons de alta frequência, na faixa do infravermelho e luz visível mas os com comprimento de onda maior, como micro-ondas simplesmente não conseguem passar pelos buraquinhos.

Como não há criação de partículas virtuais a região entre as placas tem menos partículas que a região em volta. Isso gera a pressão.

casimirsphere_mohideen

O efeito Casimir foi proposto em 1948, mas a primeira medição só foi feita em 1958. Em 1997 um experimento em Los Alamos feito por um cidadão com o suspeito nome de Umar Mohideen mediu o efeito usando uma espera e uma placa. Em 2001 cientistas da Universidade de Pádua reconfirmaram a Força.

Tá, mas e o que isso tem de especial?

Boa pergunta. Digamos assim: Pares de partículas e antipartículas surgindo do nada e desaparecendo em seguida afetando objetos macroscópicos NÃO é a parte especial. O bom mesmo é o Efeito Casimir Dinâmico.

A teoria é que se você acelerar um espelho a algo próximo da Velocidade da Luz será rápido o bastante para interferir em um par de partículas virtuais criadas pelas flutuações quânticas, refletindo para para longe, impedindo que se aniquilem.

Sim, uma partícula que por definição é virtual, indetectável, quase um artifício matemático que surge, literalmente do nada. Parece magia, mas como disse Arthur Clarke, qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia. Mesmo que seja um truque com espelhos.

Ao contrário do Efeito Casimir clássico, no Dinâmico há uma interferência externa. Nós não observamos os efeitos secundários da criação e aniquilação de partículas. Nos interferimos no tecido do Espaco-Tempo e forçamos a criação de uma partícula, do nada.

Isso não algo teórico ou reservado para um futuro distante. Não é algo de Star Trek. Isso foi feito em 2011 pela equipe do Doutor Christopher Wilson, da Universidade de Chalmers, na Suécia. Eles descrevem em seu paper como utilizando equipamentos com função análogas a espelhos criaram radiação de microondas, apenas perturbando as flutuações quânticas do vácuo.

Quer dizer: Você não tem nada, apenas vácuo. Nada nesta manga, nada na outra manga. Diz “Lumos Maxima”, aperta um botão, balança um espelho e tem… luz.

Energia de Ponto Zero

zpm

Por enquanto ainda é uma curiosidade de laboratório, mas alguns autores imaginam que um dia consigamos capturar a Energia do Vácuo, que dependendo dos cálculos pode ser algo em torno de 10^113 Joules por metro cúbico. Ou seja: 1.000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 00 Watts por segundo.

Claro, há malucos que vivem promovendo Energia de Ponto Zero como “a energia do futuro”, mas não temos nem idéia de como  acessar essa energia de forma eficiente. Não sabemos nem se um dia será viável. Em Stargate os chamados Módulos de Ponto Zero eram geradores que funcionavam por milênios provendo uma quantidade imensa de energia. Eram criação de uma raça com milhões de anos de idade, e mesmo assim os ZPMs soavam como algo fantástico.

Imaginar que HOJE já conseguimos colocar o dedo nessa energia e dizer “é, existe” soa além da ficção.

Os Antigos estavam certos em temer o progresso da ciência, em poucas centenas de anos aprendemos que mesmo diante do Nada nós mesmos podemos dizer “Que Haja Luz”.

Fonte: TR

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