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Modo P de Profissional - entendendo os modos automáticos de prioridade

12 anos e meio atrás

"A técnica é importante, mas apenas no sentido em que tem de ser dominada para que se comunique o que se vê... Seja como for, as pessoas preocupam-se demasiado com a técnica e não se preocupam o suficiente com ver." Henri Cartier-Bresson.

Atenção - este é um texto introdutório, voltado para quem está começando na fotografia.

Participar de todos os mais importantes congressos de fotografia do Brasil me mostrou uma coisa muito legal. Muita gente da platéia que se acha bom no que faz tem um conhecimento enciclopédico de todas as funções de sua câmera, de tudo que está acontecendo na tecnologia fotográfica e até de como se comportam os pixels em cada tipo de sensor. Já quem está no palco e está ganhando muito dinheiro com fotografia às vezes não dá a mínima para isso. Apenas se utiliza de seu olhar diferenciado. Chega a ser espantoso como alguns dos maiores fotógrafos deste país fotografam em JPEG (heresia?!?) ou que alguns renomados fotógrafos de estúdio nunca usaram um fotômetro de mão.Indo para o outro lado, vemos toda a controvérsia criada pela Nikon ao cometer o "pecado" de dizer que um fotógrafo é apenas tão bom quanto seu equipamento.

Falando sério, eles estão quase certos. Fotografia pode ser feita até com objetos de nosso cotidiano, mas ninguém deixa de sonhar com uma 5D Mark II ou uma D700. Equipamentos mais robustos nos fornecem, além de qualidade de imagem, um maior conforto em acessar facilmente os comandos que mais utilizamos. Embora eu não acredite que é necessário saber tudo da tecnologia fotográfica, você precisa saber o principal para poder dominar a sua câmera e não ser dominado por ela. Você deve conhecer a fundo a sua câmera para poder, por exemplo, mudar configurações sem tirar o olho do visor. Isto eu acho importante.

O presente texto estava em minha mente desde a minha participação no Nu Photo Conference. Durante a apresentação de Fernanda Marques ela disse para os participantes que estava utilizando o Modo P de profissional. Muita gente ficou se perguntando sobre isso e me indaguei se os fotógrafos ainda não entendiam os modos automáticos de prioridade. Por isso aqui vai um pequeno texto sobre o que você deve regular em sua câmera para as diferentes situações do cotidiano.

- Modo Automático - geralmente é representado por um quadrado verde no seletor de modos da câmera. Ao utilizar esta opção você entrega para a câmera o ajuste de todas as possibilidades de regulagens. Ela escolhe o balanço de branco, a velocidade ISO e faz a fotometria. Indicado apenas para quem não sabe o que fazer com uma câmera reflex, pois as regulagens tendem a ser desastrosas. O problema do modo automático é não poder personalizar algum ajuste para se adaptar à uma situação específica e a velocidade ISO que fica sempre muito alta. Na cabeça dos fabricantes, quem usa modo automático é o amador completo e o ISO auto possibilita uma maior velocidade do obturador o que leva a uma menor quantidade de fotos tremidas.

- Modo Manual - representado por um M nas câmeras fotográficas, aqui é tudo ao contrário do modo automático. Você deve escolher todas as configurações da câmera antes de fotografar. Muitos fotógrafos dizem que os verdadeiros profissionais só utilizam o modo manual, mas isto é uma grande balela. Ele é muito improdutivo em situações que exigem velocidade e diferentes condições de luz. Mas, em situações controladas e com possibilidade de ter tempo para pensar nas melhores regulagens ele será a melhor solução para a maioria dos seus problemas. Lembrando que nesta situação você deve escolher a velocidade do obturador, abertura do diafragma, velocidade ISO e balanço de branco (se fotografar em JPEG). A maneira de escolher estas regulagens é seguindo as informações do fotômetro de sua câmera ou de um fotômetro externo.

- Modo P - aqui entramos em um ponto que pouca gente acaba se utilizando. O modo P seria um automático com algumas possibilidades de intervenção do fotógrafo. A câmera escolhe a velocidade do obturador e a abertura do diafragma, mas permite que você ajuste o seu ISO, balanço de branco, compensação de exposição e escolha o tipo do arquivo que você vai utiliza (JPEG ou RAW). Outro ponto positivo é que o flash não é acionado automaticamente, você precisa apertar o botão de acionamento. Muitos professores de fotografia dizem que este é um modo intermediário para quem quer sair do automático e migrar lentamente para o modo manual. Fiz algumas experiências aqui com o modo P da Canon e realmente ele quase sempre acerta.

- Prioridade de Velocidade - aqui mais uma modo semi automático onde você escolhe a velocidade de obturador e a câmera se vira em determinar a melhor abertura de diafragma para sua imagem. Ótimo para momentos em que o congelamento de uma imagem é necessário, como em atividades de esporte ou automobilismo. Aqui na cidade tem um exemplo muito bacana. O estádio municipal possui zonas de sombra e zonas de luz muito forte durante a tarde. Ficar fazendo diversas fotometrias durante a partida fica inviável, então a prioridade de velocidade se torna uma boa opção. Todos os outros ajustes (ISO, WB, tipo de arquivo) ficam liberados neste modo.

- Prioridade de abertura - aqui é o inverso. Você pode decidir o diafragma e deixar a câmera determinar a velocidade do obturador. Isso é importante se você quer trabalhar com a profundidade de campo gerando imagens totalmente nítidas em todos os planos ou apenas em um único plano, como no caso de alguns retratos. Neste modo também temos liberados os ajustes de WB, ISO, compensação de exposição e tipos de arquivo.

Embora as possibilidades sejam várias, uma coisa é certa. Descartem totalmente os modos pré-programados (esporte, retrato noturno, paisagem) que só tentam reproduzir ajustes que você pode executar com o modo manual ou de prioridades, porém com uma menor possibilidade de controle por parte do fotógrafo.

Obvio que não vou dizer para vocês qual o melhor jeito de utilizar a sua câmera. Essa escolha vai de cada um e depende da situação em que você se encontra. Quando comecei a fotografar casamentos eu utilizava muito o modo de prioridade de velocidade. Como só tinha lentes escuras o diafragma chegava a no máximo f/3,5. Com as lentes claras isso já não é possível. A câmera jogava o diafragma em f/2,8, o que causava perda de profundidade de campo estragando os retratos com pessoas que não estivessem no mesmo plano. Hoje trabalho em manual com o diafragma em f/4,0 e o obturador variando de 80 a 120 deixando o flash em TTL para corrigir as diferenças de iluminação. Mas, isto são coisas que você vai acertando com a experiência.

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