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Terremotos, Twitter e um guri chileno de primeira

Garoto chileno monta mecanismo que avisa, pelo Twitter, sobre terremotos que abalarão o país.

13 anos atrás

chiletsunami

Há várias lições que se pode tirar de terremotos e grandes tragédias, mas a principal é que esse tipo de evento desperta o melhor e o pior do Ser Humano. O comportamento do povo japonês pós-tsunami foi emocionante, uma nação de Samurais, oposto aos saques e incompetência e corrupção no Brasil mesmo diante de “simples” chuvas fortes. Nunca deixará de ser revoltante o vídeo dos soldados roubando doações às vítimas das enchentes de 2008 em Santa Catarina.

A maior lição, entretanto, é que não adianta esperar ajuda de uma Entidade Superior – o Capitão Planeta sumiu faz tempo -  nem de governos que não sejam centrados em Tóquio. É preciso apelar para a própria inteligência.

Quem descobriu isso da pior forma foi um guri chileno de 14 anos chamado Sebastian Alegria, que saiu ferido do terremoto de 2010, e sequer teve tempo de se recuperar do trauma e já estava testemunhando o Tsunami de 2011 no Japão. O mais traumatizante aliás deve ter sido perceber que o Japão era o oposto do Chile, com sistemas de alerta antecipado, redes de dados e sismógrafos por todo o país, habitantes e servidores públicos treinados e prédios lindamente projetados balançando e dissipando de forma inofensiva megatons de energia.

sebastianSebastian fez o que todo mundo faria: Foi pro Twitter, mas ao invés de xingar muito, usou a ferramenta para montar uma versão própria do que tinha visto no Japão. Ele não é deslumbrado como as teentardadas que ameaçam a Rita Lee de morte por… existir. Ganhou seu primeiro PC aos 4 anos, e principalmente, não o usou como babá-eletrônica. Ensinou o moleque a usar o computador, e acompanhou seu aprendizado.

Com esse passado hacker (no mais nobre sentido do termo) era evidente que ele tomaria pra si a responsabilidade de fazer alguma coisa.

Primeiro ele comprou um Quake Alarm, um detector de ondas infrassônicas que antecedem terremotos. Mas… não faz sentido andar com um negócio desses para todos os lados, e ele não teria como avisar muitas pessoas. Sebastian não desistiu.

Abrindo o detector ele o estudou e descobriu como interfaceá-lo com um Arduino, o popular microcontrolador OpenSource usado por 10 entre 10 hobbystas de eletrônica.

Com os dois se falando, foi só ligar o Arduino no PC e escrever um bot para tuitar os alertas.

Nasceu o @AlarmaSismos, uma conta de Twitter com 32 mil seguidores que alerta de prováveis tremores de terra na região de Santiago, com antecedência de 5 a 30 segundos, dependendo do caso.

Até agora ele acertou todos os principais terremotos que atingiram a capital chilena. Sebastian foi contactado por operadoras de telefonia, que querem oferecer o serviço via SMS, e está buscando patrocinadores para espalhar kits pelo país, criando uma rede nacional de alerta antecipado de terremotos. Mais detectores, mais tempo entre o tremor e o alerta, mais vidas salvas.

Já o Governo Chileno, que havia prometido uma rede semelhante desde… desde sempre ainda não tem nada pronto. Quando (se) tiverem, já sabemos: Milhões de dólares gastos, funcionamento precário e “Ops, foi mal”.

Não que seja a pior coisa que um governo possa fazer para se proteger de fenômenos naturais.

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