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Kojima, tecnologia e a busca pela satisfação

Criador do Metal Gear fala sobre o avanço da tecnologia e como nunca conseguiu criar um jogo que o satisfizesse.

13 anos atrás

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Algo que sempre ouvi os desenvolvedores de games reclamando é sobre a dificuldade em passar sentimentos nos games devido a animação, principalmente facial, dos personagens. Enquanto no cinema os bons atores tornam fácil sentirmos a angústia de Don Corleone ao saber da morte de seu filho ou a insanidade estampada na cara de Jack Torrance entre um buraco na porta, nos jogos eletrônicos tivemos que nos amparar na trilha sonora e na direção para tentar imaginar o que o Snake sentiu ao derrotar a Sniper Wolf ou a decepção do Mario ao descobrir que a princesa estava em outro castelo.

Porém, com a atual geração de consoles isso mudou um pouco e jogos como o Heavy Rain e o L.A. Noire já conseguem nos entregar uma razoável dose de sentimento apenas com as expressões faciais dos personagens e foi sobre como isso pode tornar os jogos melhores que Hideo Kojima falou durante uma entrevista ao passar por Barcelona, onde foi homenageado em um evento.

Primeiramente, eu nunca criei algo que me satisfizesse completamente. Não acho que, mesmo que a tecnologia continue a evoluir, eu serei capaz de criar algo que me satisfaça completamente. Criar algo é sobre tornar o impossível em coisas possíveis, coisas que você quer ser capaz de fazer. Se chegar ao ponto em que eu seja capaz de criar qualquer coisa que eu queira, eu provavelmente irei parar de fazer videogames.

Com a tecnologia recente há mais capacidade de expressão nos games. Somos capazes de colocar mais diferenças culturais de cada país, diferenças raciais. Então estamos enfrentando uma situação parecida pela qual passou Charlie Chaplin. Ele não precisava de palavras para se expressar em seus filmes, mas der repente teve que incluí-las para se manter relevante. Com esse aumento da capacidade de expressão nos games, acho que é uma questão de como aprender a usá-las.

Por mais que estejamos numa época da indústria em que é dado mais valor às continuações do que a inovação e em que o grande parte do lado lúdico dos games se perdeu devido a busca por maiores lucros, ler tais palavras nos dá esperança de que novos Kojimas estejam surgindo por aí. Talvez você seja um daqueles que não gostam das criações do japonês, mas acredito que não discordará de que precisamos de mais pessoas como ele na indústria, um dos remanescentes da era em que se fazia games com mais dedicação e amor, e não apenas com dinheiro.

[via GamesIndustry]

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