Rodrigo Ghedin 13 anos atrás
Não me surpreenderia saber que muitos leitores do Meio Bit jamais usaram ou mesmo ouviram falar do ICQ. Para esses, uma explicação rápida.
O ICQ foi criado em Israel, no século passado, por uma empresa chamada Mirabilis. Era um programa de bate-papo que, no final dos anos 1990, início da década 2000, era bastante popular, algo como o Windows Live Messenger, aka "MSN", é hoje em dia.
O sucesso levou a Aol a comprar o ICQ e, com o toque de Midas às avessas da empresa, destrui-lo com o passar do tempo. Nesse ínterim, a Microsoft investiu uma baba em publicidade para o então MSN Messenger e abocanhou boa parte do mercado do ICQ, deixando o concorrente, afogado em anúncios da Aol, no limbo do esquecimento.
Hoje o programa está nas mãos de um grupo de investidores russo e... bem, dizem que ele ainda é bastante usado naquela região. E só.
Apesar do recente histórico deprimente, o ICQ continua na batalha, atualmente na versão 7.5 e oferecendo recursos modernos, como integração com Facebook, bate-papo por áudio e vídeo e compartilhamento de vídeos do YouTube em tempo real. Nada inovador, mas a par com as outras soluções de conversação virtual do mercado.
Introdução feita, vamos ao que interessa. O assunto do momento no Twitter, hoje, é a versão para Linux do ICQ. Todos comemoram? Sim e não.
O ICQ para Linux é uma promessa antiga... Demorou para ser concretizada e, quando feita, foi da pior maneira possível. Isso porque não se trata de um programa nativo, mas sim a versão Web do ICQ empacotada pelo Adobe AIR. E, como todo aplicativo em AIR, ela é multiplataforma, funciona no Windows e no Mac OS X também — aliás, o "cliente oficial" do OS X é o mesmo do Linux, também em AIR.
É legal o ICQ dar esse espaço para o Linux, mas bata o olho nos requisitos mínimos para rodar a bagaça e veja o porquê da Adobe não conseguir emplacar o AIR. Pedem um processador de 2,33 GHz. A título comparativo, o Windows Live Essentials, pacote que inclui não só o Live Messenger, mas outros aplicativos teoricamente mais pesados, como cliente de email e editor de vídeos, pede processador de 1 GHz.
O mais curioso é que apesar do burburinho, a Wikipedia nos diz que a versão em AIR existe há mais de um ano, foi lançada em fevereiro de 2010. Ou essa passou batida pela comunidade linuxer (o que seria perdoável, dada a pífia expressão do ICQ), ou só agora os desenvolvedores do programa criaram essa página bonitinha do ICQ for Linux para promover (mais) a versão em AIR...
Então, é isso. Se você ainda se lembra do seu UIN e faz parte dos 1% de usuários Linux, tire a poeira da conta e relembre as velhas amizades. Digo, relembre com quem você conversava na década passada, já que a probabilidade dessa galera estar conectada ao ICQ hoje é, na melhor das hipóteses, baixíssima...
Via Ubuntu Dicas.