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MessageParty lança plataforma de 'geoblogging'

MessageParty muda de abordagem e, de uma plataforma de chat geolocalizado, se converte em um sistema de geo-blogging, muito provavelmente fadado ao mesmo fracasso do modelo anterior.

13 anos atrás

partyFico cabreiro antes de escrever sobre algo que está ainda despontando lá fora e que poderá até mesmo não dar certo e, consequentemente, nem chegar por aqui. Vou abrir uma exceção para o MessageParty porque pretendo analisar conceito, mais do que o serviço em si.

O MessageParty havia surgido originalmente como uma plataforma de chat baseada em geoposicionamento, lançada no segundo semestre de 2010. A ideia era colocar numa sala de bate-papo pessoas que estivessem num mesmo bar, numa mesma festa ou onde quer que se fizesse oportuno bater papo com outros usuários nos arredores. Talvez fosse uma boa ferramenta de socialização para os patologicamente tímidos, a resposta para todos os problemas dessas pessoas. Mas não deu certo. Parece que os patologicamente tímidos preferiram ficar em casa twittando e o MessageParty foi por água abaixo.

A empresa responsável resolveu agora reformular o sistema transformando-o num serviço de "blogagem geoposicionada", que está começando a funcionar em Nova York e já disponibilizou o app para iPhone aos interessados. O que distingue o novo MessageParty de um sistema como o foursquare é que ele se propõe possibilitar postagens mais elaboradas sobre os lugares. Em vez de simplesmente deixar uma tip falando que o chopp vem com 15cm de colarinho (essa eu já deixei), você poderá postar narrativas mais ricas sobre os lugares, com textos mais elaborados, fotos e até vídeos.

É possível, por exemplo, estar numa festa e fazer uma breve filmagem com a câmera do smartphone, subir pro Youtube e embutir aquele vídeo numa postagem sobre a balada. Essa postagem, com texto, vídeo, fotos, receberá uma geotag e será disponibilizada no mapa, orientado pessoas para que se interessem, ou não, pelo evento.

Perguntada sobre a mudança de foco do app, do chat para a blogagem, Amanda Peyton, CEO da empresa, falou que as pessoas dificilmente conseguiam contato umas com as outras e algumas delas acabavam desenvolvendo monólogos na versão chat do MessageParty, o que gerou a ideia de mudar a proposta e permitir a criação de postagens.

Não existe pioneirismo na nova proposta do MessageParty. Outras tentativas já foram feitas no sentido de emplacar um sistema de blogagem baseada em geoposicionamento. O Socialight (em 2005), o BlockChalk, o Graffitio, que foi um dos primeiros aplicativos lançados na App Store da Apple, nenhum deles deu muito certo. A ideia já foi tentada outras vezes e nunca chegou sequer perto de emplacar um sucesso.

O CEO da empresa, no entanto, acredita que o mundo está finalmente pronto para o "geo-blogging". Saindo de cima do muro da imparcialidade, sou obrigado a expor minha suspeita de que a vaca vai pro brejo mais uma vez.

Sério, o máximo que as pessoas estão dispostas a fazer num sistema desse tipo é um check-in e, quando muito, deixar uma tip. Da mesma maneira que não apareceu ninguém para ficar num "chat geoposicionado" pelos bares e baladas do mundo, também é muito provável que não apareça ninguém para fazer longas postagens, inserindo nelas vídeos e imagens. O fato de um ou outro doido varrido ter feito monólogo no antigo chat do MessageParty não quer dizer que as pessoas queiram bloggar na balada!

O cerne da questão é que o foursquare é um sucesso e todo mundo quer emplacar alguma ideia parecida, mudando apenas a abordagem. O problema é que esses inventores parecem ser incapazes até mesmo de filtrar o absurdo. Um cara que sair por aí blogando pelos lugares, vai ter que sair sozinho. Nem eu, usuário compulsivo de smartphone, aguento ser companhia pra um maluco desses. Esse forever alone vai pros bares tomar seu chopp solitário e blogar sobre o lugar? Costumo dizer que o sujeito que bebe solitário numa mesa de bar acaba, inevitavelmente,  fazendo uma cara de corno. O que faltava mesmo era uma proliferação de chifrudos geoposicionados blogando pela noite das cidades.

Com informações do TechCrunch.

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