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Jogos para Android e uma nova onda de fragmentação

Com o advento dos dispositivos com nVidia Tegra II e do Xperia Play, o Android está prestes a se partir definitivamente em mais de uma plataforma quando o assunto for mobile games.

13 anos atrás

NVIDIA Tegra

Começaram a aparecer no Android Market os primeiros jogos voltados para dispositivos equipados com Tegra 2 e isso aconteceu de uma forma um tanto... inusitada.

Quando o Market não existia na Web, mas apenas como um app rodando no Android, não era possível listar nele apps incompatíveis com o seu dispositivo. O próprio sistema de buscas identificava o seu smartphone e filtrava os resultados, mostrando apenas o que fosse compatível com o seu hardware e com a versão do sistema operacional utilizada.

Com a versão web do Market, isso é diferente. Você pode fazer uma busca, encontrar aquele super lançamento badalado e ter que amargar a revelação de que ele não é compatível com o seu aparelho. No meu caso isso acontece um Galaxy S, que até há pouco prometia ser o modelo mais valente para essas empreitadas.

Nos últimos dias, vários jogos têm surgido como exclusividades para o Tegra 2. Mesmo títulos que, pelos gráficos e pela movimentação vista na tela, não convencem de que seriam pesados demais para rodar num modelo single core com hardware robusto, como o Galaxy S, estão lá indicados como incompatíveis.

Ops...

Diante essa constatação, fico imaginando se não há, por parte da NVIDIA, negociações de exclusividade com desenvolvedores de títulos mais elaborados entre os games para Android. Sabemos que a empresa precisa, com urgência, de algo que sirva perante os consumidores como uma justificativa para a antecipação de um upgrade. Negociações de exclusividade são feitas na indústria de games em mega projetos como Gears of War ou God of War, por exemplo, que demandam investimentos enormes para serem desenvolvidos. Comprar exclusividade em um joguinho móvel deve ser algo bem mais acessível, além de ser uma boa estratégia para dar aquele empurrão no pessoal que teima em manter o smartphone que comprou em 2010.

Outro detalhe interessante é que o Tegra Zone, app da NVIDIA que visa a agregar e promover jogos, é listado como é compatível com o Galaxy S. Nele posso acessar desde um joguinho simples como Fruit Ninja até os novos lançamentos como Samurai II Vengeance e Monster Madness, ambos exclusivos para o Tegra 2, passando pelo Dungeon Defenders que, apesar de recomendar o SoC da NVIDIA, permite ser instalado no Galaxy S.

Ou seja, você não fica longe da novidade. Ela tá bem ali, ao alcance de um toque do seu dedo, desde que antes você meta a mão no bolso e compre um novo modelo com Tegra 2. Para quem gosta de jogos em smartphones, a NVIDIA está comprando as iscas e preparando o anzol.

Não esqueçamos, ainda, que a Sony Ericsson vem aí com seu Xperia Play e é bem provável que algo parecido ocorra com ele, até porque ele possui controles físicos com os quais os outros modelos só podem contar mediante o uso de acessórios. É de se esperar que o aparelho da Sony também acabe criando um outro "market paralelo" para seus jogos.

O quadro que se pinta é que o Android, em se tratando de jogos, está prestes a deixar de ser uma só plataforma. Será um mesmo sistema operacional servindo de base para pelo menos três plataformas distintas: a da NVIDIA, a da Sony Ericsson e a do restante.

Esse texto não tem o propósito de advogar contra o avanço tecnológico. Se NVIDIA e Sony possuem inovações interessantes a oferecer, elas são bem-vindas. Fica o alerta para que não se empolguem com elas aqueles que não irão delas usufruir. Não fiquem pensando que o Tegra 2 irá estimular a produção de melhores jogos para a "plataforma  Android" em geral, pois em se tratando de jogos talvez nem faça mais sentido falar em "plataforma Android".

Se serve de consolo, a  Gameloft acabou de negociar a licença de uso da Unreal Engine 3 para quatro jogos mobile. É esperar que venham para o Android, mais especificamente para os "sem-Tegra II".

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