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Cabine telefônica para celular

18 anos atrás

Em uma tentativa (desesperada)
de diminuir os abusos em locais públicos, uma velha conhecida dos filmes antigos está voltando, a cabine telefônica.
Dessa vez, para celulares.

A idéia, baseada em um otimisto digno da Polyanna, é de que com
um local isolado, as pessoas deixarão de usar seus aparelhos em mesas de restaurante, cinemas e teatros. Há
alternativas, segundo a matéria do USATODAY, um
restaurante em Chicago é famoso por ter uma sala de celular. Concordo que faz sentido, os chatos de celular
agora atacam até em ônibus, mas no Brasil, por exemplo, isso é completamente inviável. Primeiro, as filas. Segundo, o
incômodo de levantar da mesa, pedir licença, pedir ao interlocutor que aguarde, chegar na cabine, entrar, fechar a
porta e atender. "O seu pacote chegou". "ok, obrigado". "click".


A questão é o quanto incomoda mais ou menos alguém falando alto no celular, quando gente falando alto sem
celular é a norma. Apontar a tecnologia como culpada não é correto. Educação não depende de operadora de telefonia.
Quem fala alto vai falar com ou sem celular, já vi um grupo em uma mesa no restaurante atrás de minha casa, que
merecia figurar neste blog. O sujeito ficava o tempo todo gritando
(não falando alto) que tinha dinheiro e podia pagar o que todo mundo escolhesse. Fez uma dona mudar de pedido por ser
"muito barato". Detalhe: nenhum celular envolvido.

Claro, há exageros com a tecnologia. Embora na prática ninguém use 500 toques de celular, em todo bar tem sempre
alguém demonstrando os novos toques que conseguiu (incluindo o maldito tema do Missão Impossível baixado a R$3 da
operadora). Depois dessa fase inicial, o sujeito se acomoda em um ou dois toques. De resto, tanto faz se é o Tema da
Nokia ou o Tema de Lara que está tocando. Não creio que realmente incomode.

Coisa mais preocupante é o uso indiscriminado de câmeras. Hoje ninguém mais garante que o decote maravilhoso da
menina que está com você não será fotografado, filmado, categorizado e enviado para o rateherboobs.com no tempo que
ela leva para voltar do banheiro. Da mesma forma ninguém garante que um amigo em uma mesa ao lado não fotografe você
aos amassos com uma versão feminina de um Balrog, e envie para
todos os seus conhecidos.

Na Coréia do Sul e no Japão, por Lei celulares
devem emitir um som audível quando tirarem uma foto. A quantidade de sites com fotos de "upskirts", onde
pervertidos tiravam fotos debaixo das saias das meninas, estava se tornando insustentável. Mesmo assim o celular com
câmera ainda é presente divino para os Voyeurs.

A idéia da cabine é legal, mas não vai pegar. Ainda mais se os usos alternativos forem dificultados. A da foto, por
exemplo, é a Cell Zone, custa entre 2400 e 3500 dólares, e tem as portas transparentes, pois "não queremos que
nada aconteça ali dentro além da conversa telefônica", diz o (chato) Michael Salemi, sócio da empresa que criou
essa (agora quase inútil) peça.


E se a pessoa falando no celular incomoda tanto você assim, ainda não foi inventado nada melhor que um
"shhhhhhh".

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