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Intel + Japinhas = Tudo está bem no mundo

13 anos atrás

As japinhas edificantes acima são do grupo pop coreano Girls´Generation. Foram contratadas como “Embaixadoras Intel”, aparecendo em clipes, anúncios, pacote completo. O vídeo leva o criativo título de “Intel Collaboration Song”, e só vale pelo final. Avance para 3min15s, elas imitando a assinatura sonora da Intel é totalmente cuti-cuti.

Pode parecer brega, e é, mas não há muita alternativa.

Como todo nerd eu achava que o mundo girava em torno de mim. Era verdade, mas o mérito era da Gravidade, não das minhas opiniões. Eu achava, como um monte de nerds ainda acham hoje que consumidores tomavam decisões baseados em fatos, eram racionais e objetivos. Fabricantes de produtos de informática, igualmente nerds tinham a mesma opinião.

Na verdade ainda têm, vide a mensagem assustadora do Ubuntu quando você tenta baixar um codec proprietário.

Anúncios de informática eram repletos de informações técnicas, números e outros dados incompreensíveis para os leigos. Em momento algum os fabricantes perceberam que isso os estava restringindo a um gueto, onde somente iniciados poderiam alcançar o que estava sendo dito.

Para o consumidor normal importa que o produto o satisfaça, atenda as necessidades. Informação demais atrapalha e até estraga a magia do momento, como perguntar “qual a taxa de refresh da tela do iPad?” ou “você tem mais de 18 anos?”. Por décadas a Apple foi a única a perceber isso, mas hoje a visão está mudando.

A divisão de microprocessadores da Intel tem a ingrata tarefa de vender uma peça que ninguém sabe direito pra que serve, e na maioria absoluta dos casos nem chega a ser vista. A Intel poderia muito bem ser fabricante de adesivos. A proximidade da concorrência também impede que alardeiem vantagens exageradas, qualquer declaração fora da linha é desmentida com o maior inimigo da propaganda: Fatos.

A alternativa mais lógica é explicar o que é um processador. Todo mundo fez isso e comerciais viraram aqueles documentários chatos do Discovery que só nerds chatos assistimos.

A grande sacada foi perceberem que consumidor escolhe computador como escolhe televisão, carro, liquidificador e barbeador elétrico. A recomendação dos amigos é influente, assim como a propaganda. Especificações técnicas detalhadas, nem tanto.

Todos temos uma imagem mental que define as marcas comerciais. Algumas foram tão lesadas por fatores externos ou incompetência própria que limpar a imagem é algo impossível. O Mitsubishi Zero, famoso caça japonês da Segunda Guerra Mundial era uma bela porcaria, só conseguiu sucesso no começo das hostilidades por causa do total despreparo dos americanos, que empurravam com a barriga uma aviação naval totalmente obsoleta. Em 1942 o Zero já não era isso tudo, ainda mais com pequenos detalhes como a ausência de tanques de combustível auto-selantes,  e NENHUMA blindagem para o piloto e outras áreas, tipo motor, linhas de combustível, etc.

Mesmo assim mentalmente o Mitsubishi Zero é superior ao F14 CCE.

Investir na percepção da marca é muito importante, mesmo que você não venda diretamente um produto, como no caso dos processadores. Faz com que a empresa passe a ter mais controle sobre o próprio destino. Você deixa de ser um acessório e se torna um diferencial de compra.

É essencial também que você proteja sua marca, coisa que o Google não está fazendo com o Android. O sistema já se popularizou a ponto de ser pedido pelo nome nas lojas, mas a má-vontade de fabricantes como Motorola e Samsung na hora de disponibilizar atualizações está deixando muitos consumidores insatisfeitos.

O Google precisa mostrar que assim como travesti, open source não é bagunça. A melhor solução seria a do Firefox: É Open Source, tá liberado, faça a festa, mas se modificar, chame de outra coisa. Firefox é só o nosso.

Assim o Android seria preservado pelos fabricantes que jogam limpo, como a HTC e quem se queimaria seria o SdruvsMobile 1.0 da Samsung.

Fonte: YeinJee´s Asian Journal

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