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Test-drive do novo Terra Sonora

Testamos o novo Terra Sonora Plus, que permite ouvir músicas sem limites no site e baixar algumas MP3 durante o mês.

13 anos atrás

Quando publicamos o guia de compras na 7digital, comecei o texto atestando o quão difícil era encontrar música de boa qualidade, DRM-free e com preço justo no Brasil. Até a semana passada, o cenário continuava o mesmo, até que o Terra anunciou uma reformulação no Sonora e... hey, agora a coisa ficou interessante!

O advento dos planos Plus colocaram o Sonora em pé de igualdade com os melhores serviços do mundo. O modelo assemelha-se bastante ao Zune Pass, da Microsoft: pague uma mensalidade, ouça o tanto de música que quiser (no caso do Sonora Plus, só via navegador), baixe algumas canções em *.mp3 todo mês.

Empolgado com a novidade e vislumbrando a possibilidade de baixar 25 músicas por mês pelo preço de um CD convencional, assinei o plano intermediário. Perguntei antes a alguns amigos que foram à coletiva se havia alguma pegadinha. Aparentemente, não.

O cadastro foi tranquilo, bem como o pagamento, via cartão de crédito (aceitam Visa, Master Card e American Express, além de débito em conta em várias instituições bancárias).

Assinatura do Terra Sonora.

Assinatura do Terra Sonora. (Clique para ampliar)

O site do Sonora é um pouco carregado, recheado de AJAX e meio poluído visualmente, mas funciona bem. Para ouvir as músicas, basta selecioná-las e clicar no "play". Existe um player destacável no rodapé da página, e por ali tudo pode ser controlado, do volume à playlist. O serviço apresenta-se, ainda, como uma espécie de rede social, com coraçõezinhos para as músicas e intérpretes dos quais gostamos, recomendações, essa coisa toda.

No navegador, mil maravilhas. O catálogo é bastante vasto, e tem uma vantagem local que a 7digital está longe de bater: músicas de cantores brasileiros. É o grande apelo do Sonora, junto aos preços, ante o serviço primoroso que a loja inglesa oferece no download de *.mp3.

Sonora no navegador: até aqui, tudo bem.

Sonora no navegador: até aqui, tudo bem. (Clique para ampliar)

Passei dois dias curtindo as músicas no site, com um apertinho no peito por não haver integração com o Last.fm, coisa que o Grooveshark VIP tem... Quando decidi baixar as 25 canções do mês, os problemas começaram.

Primeiro, não consegui baixar uma música porque ela não existe, em *.mp3, no catálogo. A esperançosa mensagem (repare no "ainda") surge ali mesmo, na forma de um popup. Se você seleciona uma música inexistente no formato da lista acima, ou seja, fora do player, ela não cai na lista de downloads pendentes e, o que é pior, não aparece nenhuma informação sobre a indisponibilidade.

Essa música ainda não possui versão em MP3.

Essa música ainda não possui versão em MP3.

Tudo bem. Encontrei outro álbum que queria baixar e dessa vez tudo correu bem. A experiência poderia ser melhor, com um link/botão do tipo "baixar todas". Não há nada assim, de modo que o usuário tem que clicar nos botões de download individuais de cada música até baixar todas.

Aqui aconteceu o problema grave. Quem tem saco para ficar apertar botão, esperar o download acabar, apertar botão, esperar o download acabar, apertar botão... ad infinitum? Eu não, então, no segundo álbum, apertei todos os botões um atrás do outro. Coisas da famosa pri, a priguiça 😆 . O Chrome, ou o site, não sei aonde aconteceu o gargalo, enfim, o sistema não entregou todas as músicas. Das 14 clicadas, só duas foram baixadas.

De 14, só vieram 2 músicas.

De 14, só vieram 2 músicas. (Clique para ampliar)

Onde antes aparecia o botão "Baixar Agora", apareceu, então, outro, com os dizeres "Baixar Novamente". Na inocência, cliquei num deles. Um doce para quem advinhar a mensagem que tomei na lata:

Perdeu, playboy!

Perdeu, playboy!

Para que fique claro: o "limite de downloads" é de um por música. UM.

Fiquei indignado. Entrei na seção de ajuda e "fale conosco" do Sonora/Terra, procurando um meio de comunicação com o suporte. Se existir, me informa aí porque eu não consegui encontrar.

Ontem, quando passei pela experiência acima, fiquei um pouco transtornado. Não pelo valor, mas pelo tratamento que algumas empresas dispensam a seus clientes. Ao impor essa limitação besta, o Terra parte da premissa de que eu vou abusar do direito de baixar as músicas, parte do princípio de que transgredirei, piratearei, enfim, farei coisas ruins com as músicas pelas quais paguei por. E se o Terra não confia em mim, por que diabos eu devo dar meu suado dinheirinho a eles?

Só para traçar um comparativo, na 7digital eu baixo todas as músicas que comprei com o apertar de um botão, e se quiser baixá-las de novo logo em seguida, eu posso. Os termos de uso são humanos e justos, dizem que não há limite de downloads, mas que devo usar o bom senso e não abusar. Se rola abuso, aí sim a relação de fidúcia entre nós é quebrada, e aí sim eles podem (e DEVEM) tomar medidas para coibir o mau uso do sistema.

Em outras palavras, a regrinha de ouro do comércio, de que o cliente é rei/tem sempre razão, parece não se aplicar à Internet no caso do Terra/Sonora. Quando aquela popup apareceu na tela, me senti um pedante desagradável implorando por um favor.

Valeu pela experiência, apesar de ter perdido um álbum, baixei outro (com bit rate de 256 kbps e id3tags em branco, mas relevemos) e no fim ficou elas por elas em termos financeiros. Mas deu. Não sou partidário da lenga-lenga de prestígio da inovação nacional, ser brasileiro não é característica, killer feature, nesse mundo globalizado. Voltarei a ouvir música por streaming na (americana) Grooveshark e a comprar *.mp3 na (inglesa) 7digital.

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