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Oh Oh, o instant messenger está morrendo

14 anos atrás

Assim como nos X-Men na Internet ninguém morre de verdade, para desespero do pessoal que quer resolver o bug número 1 do Ubuntu, mas é possível cair num belo ostracismo.

O email por exemplo teve sua morte anunciada, e se não morreu (spoiler: não, não morreu) é bem menos utilizado do que se imagina. Em vários segmentos a maior parte das mensagens são atualizações de redes sociais.
 
O Instant Messenger vai pelo mesmo caminho. A idéia de termos ilhas de contatos hoje perdeu sentido. Qual a graça de interagir com 100 contatos se posso interagir com (na prática) 10 de forma forte e 1000 de forma fraca?

Com as redes sociais minha mensagem não pára no meu contato, ela é repassada, acabo comunicando mais a mais gente. Tenho o melhor de dois mundos, uma forma de comunicação direta com quem conheço bem E uma forma de falar com quem não conheço. Mais, é uma forma de quem não me conhece falar comigo.

Curiosamente o uso de ferramentas de redes sociais como Twitter e Facebook no lugar de Instant Messengers em minha experiência tem se mostrado bem menos incômodo e perturbador do fluxo de trabalho. Num instant messenger as pessoas gostam de papo. Uma troca de mensagens geralmente passa por isso (divida em mensagens individuais, pra piorar):

<mala> Bom Dia!
<eu> Bom Dia.
<mala> Tudo bem?
<eu> Tudo bem.
<mala> O que conta de novo?
<eu> O de sempre.
<mala> Seguinte, estou com um projeto muito legal, é uma loja que fiz com meu primo onde vendemos artesanato com camisinhas usadas feito por garotinhos cegos mutilados da Guerra da Miserábia Setentrional (e mais uns 200KB de explicação, pra no final mandar uma URL)
<eu> OK, darei uma olhada.

Na prática, claro, não passa da 1a mensagem, eu NUNCA respondo bom dia em IMs, o pessoal fica esperando e desiste. Já no Twitter recebo:

@cardoso dá uma olhada? É um projeto que estou tocando, é legal! <url>

Some o tempo que deixei de perder com o bla-bla-bla anterior, pense em quanta gente que não respeita AWAY, BUSY, SUMA, MORRA e outros status de IM. Para melhorar, lembre que não tenho várias e várias janelas piscando, tenho uma longa lista de mensagens que posso ler rapidamente e filtrar de acordo com meus interesses.

Com redes sociais você não é escravo do "oh-oh", muito menos daquela ABOMINAÇÃO que a Microsoft criou, "chamar atenção". Como assim o sujeito se acha no direito de balançar a minha janela? Vou dar um negócio pra ele balançar!

O senso de urgência não é o mesmo. Ironia ou não, as instantâneas redes sociais provocam menos necessidade de reação imediata do que os IMs.

Então Morreu?
Não, claro que não. Os IMs ainda são muito usados profissionalmente em empresas inteligentes (as burras bloqueiam). Amigos e parentes ainda usam bastante a ferramenta, é comum ver conversas no Twitter sendo direcionadas para o gTalk ou mais comumente MSN. 140 caracteres não são exatamente espaçosos nem permitem recursos como conferences, walkthroughs e outras facilidades dos messengers modernos.

O que morreu foi o hábito de usar uma ferramenta complexa para uma tarefa simples. Não faz sentido mandar mensagem para todos os meus contatos (ou sequer TER mlihares de contatos) no MSN avisando de um novo post de blog. É uma informação soft, baixa prioridade. Perfeita para ser divulgada informalmente via redes sociais.

Por isso a Microsoft Não bota mais o MSN no Win7 e o gTalk foi pra Web?
Sim e não. O Google integrou o gTalk em seus sites, isso faz com que ele venha com menos recursos mas esteja mais presente. Já o MSN, ainda mais com o Wave 4 que vem por aí segue uma estratégia diferente. Ele é cliente local, é muito poderoso, cheio de recursos mas a parte Messenger é só um detalhe.

A proposta da Microsoft é, como comentado anteriormente, transformar o Messenger em um hub social, onde você consuma e produza conteúdo de e para suas redes. Embora os dados sejam os mesmos, a diferença aqui é entre importar e agregar.

Será considerada uma vitória se o Messenger continuar sendo usado para tudo menos para trabalhos de Instant Messenger? Claro que será. Estamos competindo pelos olhos do público. Olhos para publicidade. Por isso o ICQ correu e lançou uma versão compatível com o chat do Facebook, Twitter, Flickr, YouTube, etc. A batalha das Redes Sociais acabou e venceu a diversidade. Agora começa a batalha da Interface.

O instant messenger pode se tornar o novo Celular. Em teoria é o mesmo produto mas um aparelho que só fale é considerado mais que inútil por qualquer usuário. Discorda? Então lembre-se que envio de SMS é "mais do que falar". Os smartphones se tornaram repositórios de recursos e serviços, duvido que usuários de smartphones fiquem mais irritados com linha de voz fora do ar do que com conexão de dados não disponível.

Se você acha a metáfora exagerada, lembre-se do Windows Phone 7, que todo mundo babou. Ele nada mais é que uma forma de transformar um celular num agregador FÍSICO de redes sociais. É o MOTOBLUR, com toda a ousadia que os desenvolvedores da Motorola provavelmente sonharam mas foram tolhidos pela gerência. Ter isso no desktop é um salto lógico. Adaptar o cliente IM, idem.

Por isso mesmo a Fofoletização do MSN, algo que é unanimamente odiado pelos usuários acima de 12 (anos ou pontos de QI) pode se tornar a grande arma na transformação do Instant Messenger mais papagaiado em um Outlook de Redes Sociais.

Como? Não precisa? Você não usa? Com certeza, mas lembre-se que nem todo mundo tem os mesmos padrões de atividade. O que é exagero para um é necessidade para outro. Eu mesmo adoro o Outlook do Office 2010 mas não o uso, é demais para mim. Nem por isso o considero inútil e exagero.

Fonte: BBC

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