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Impressões após uma hora usando o iPad

Testamos o iPad. Será mesmo "aquilo tudo"?

14 anos atrás

Último sábado, parti para a bela Apple Store em Boylston (Um bairro no centro de Boston com várias lojas de grife) para tentar fazer um test drive com a novidade da Apple, o badalado iPad.

Dentro dos meus planos, pensei em chegar lá antes da hora de abrir (10 da manhã) e acompanhar a massa de curiosos, fãs da Maçã, e os famosos early adopters,  ou aquele que já fizeram suas reservas para buscar na loja ou comprar o que houvesse disponível. Por medo de acabar não conseguindo entrar por conta do possível tumulto, mudei de planos e cheguei por volta do meio dia.

A Chegada

A primeira surpresa foi que não encontrei a loja tão cheia como imaginei. Haviam duas filas do lado de fora, uma para quem havia já reservado anteriormente os iPads (limite de dois por cliente) e quem pretendia comprar na hora.

Apple Store, Boston.

A bela Apple Store e o pequeno grupo reunido.

Para quem quisesse entrar e tentar experimentar o bicho, era só entrar normalmente, nada de entrada em grupos, filas só encontrei nas diversas mesas com iPads disponíveis a quem quisesse matar a curiosidade.

Não gastei 3 minutos e já tinha um para mim, pra usar por quanto tempo eu quisesse. Foi bem rápido, fiquei surpreso.

Safari acessando o MeioBit.com

Ta aí, o iPad já conhecendo o Meiobit.com

As Impressões do Aparelho

A primeira coisa que me chamou a atenção no iPad foi o peso. São 680 gramas, dá pra segurá-lo com os dedos de uma mão, mas não dá pra manter esta posição por muito tempo. Achei-o pesado, joguei Real Racing HD e o peso incomoda um pouco, após certo tempo de uso. Nada dramático, mas chega a ser um ponto negativo.

Falar do acabamento de um produto Apple é lugar-comum. O iPad é sólido, muito bem acabado. O design ainda me lembra demais aquele iPod Nano 3° geração, o famoso quadradinho. Não é bonito, é obviamente inspirado no iPhone, então também não chega a ser feio. As proporções 4:3 não agridem, ele até parece realmente mais fácil de manipular por não ser muito retangular. Mas, particularmente, eu preferia se pudesse ser 16:9. Rodei alguns vídeos e fica uma área preta bem grande por causa do formato widescreen. Há a opção de zoom para preencher o vídeo em toda a tela, mas isto é heresia.

A tela é bem brilhante, contrastes ótimos, nada diferente do iPhone. Aliás, toda esta parte de acabamento é equivalente, com suas devidas proporções, ao iPhone. Desde o primeiro momento me senti “em casa”, em hardware ele é um iPod Touch com quatro vezes mais tela. E seis vezes mais pesado…

Sobre as Apps

Usei um aparelho com cerca de 15 apps, pré instaladas pela Apple Store. Quando tentei baixar algum mais da AppStore, estava bloqueado por senha e o alarme disparou. Sim, paguei mico, mas a vida é assim. Pelo menos tentei.

Entre games, joguei, conforme citado, Real Racing HD, Labyrinth 2 HD e NBA Live 10. Os dois primeiros, com gráficos já readaptados para a resolução maior do iPad (justificando o sufixo HD), ficaram bem bonitos, basicamente o mesmo jogo, mas com gráficos aprimorados. Já o NBA Live 10 no aparelho de demonstração foi um belo lapso da parte da Applaccessories_20100127eStore. O jogo era a versão de iPhone e era possível jogar com a resolução original (pequenininho naquele mundão de tela) ou ampliando para ocupar toda a área. Em versão ampliada, ele ficou muito feio, definitivamente não valeria a pena pagar US$9.99 por um jogo tão incompatível.

Logo parti para a suite iWork. A primeira impressão foi boa, usei mais o editor de textos pages e ele vem recheado de opções de layout. Foi quando senti um certo incomodo com o teclado. Definitivamente não é possível trabalhar longos textos com o teclado da tela do iPad. Primeiramente por não haver nenhum mecanismo de feedback [resposta ao toque dos dedos], acabei errando diversas vezes na digitação. Problema solucionável com o teclado bluetooth que é compatível (vamos ignorar o fato de que isto tira parte da concepção original do produto, ok? Segredinho nosso).

Daí, senti o segundo problema, e este é mais complicado. Editar um post como este no iPad me seria contraprodutivo. Explico: devido à falta de multitarefa, o simples ato de buscar uma referência, catar um link, fotos ou mesmo me comunicar por IM é algo torturante: eu teria que, todo o tempo, sair da aplicação, abrir o Safari, copiar, sair do safari, abrir o iWork, colar e por aí vai. No iPhone isto não chega a ser perceptível porque ninguém precisa escrever um longo texto ou matéria. Mas encarar o iWork profissionalmente não rola. Parafraseando nosso querido Tio Ben, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.

O iBook foi outro que experimentei. Não sou especialista em oftalmologia, mas a tela do iPhone não me parece a ideal para se ler um livro, que dirá para longos períodos de estudo. Mas, basicamente, não tem nada a ver com a e-ink do Kindle. A do Kindle parece quase um papel real. Mas enfim, só ressalto que são duas coisas coisas absolutamente diferentes. O aplicativo faz bem o trabalho de busca, mudança de fontes, copiar e colar trechos dos textos, não achei nenhuma novidade fora as animações pra simular um livro real. Ah, e por último: não, eu não fiquei impressionado com o efeito das páginas passando ao correr os dedos pelo iBook do iPad. Isso a versão do meu iPhone já fazia há tempos!

No mais, testei um pouco de cada coisa e nada me empolgou demais. Acho que, dos aplicativos disponibilizados, o que mais me chamou atenção foi o navegador Safari. Ficou muito bom navegar na tela daquele tamanho com o toque dos dedos. Também tentei achar alguma aplicação para o Twitter, mas o grandes nomes do iPhone ainda não aportaram, com a área de tela maior, a experiência poderá ficar bem divertida.

AppleStore Público testando livremente os novos iPads

Então?

Particularmente, o iPad não me empolgou. Sou um feliz proprietário de um iPhone e não senti a necessidade de ter um iPad. Não é um produto ruim, eu ainda acho-o com possibilidades. Mas, para isto, ele terá que ter aplicativos com personalidade própria. Fazer o mesmo que o iPhone e o Touch fazem não vai conquistar novos públicos, nem a mim.

Ele não é bonito, nem feio. Com o tempo dá pra se acostumar. Poderia ter uma tela com retorno ao toque, ajudaria bastante. Falando nisto, a grande tela de vidro parece que vai se espatifar no primeiro tombo. Acho que a sensação aumenta devido ao peso dele.

Para meu caso, eu preferia investir o mesmo dinheiro num senhor netbook e deixaria meu iPhone fazer todo o restante do trabalho, para situações de ultra-mobilidade.

Como no decorrer de todo o texto, percebe-se que as comparações com o iPhone são inevitáveis. Agora, só espero que aplicações originais justifiquem sua compra pois, por enquanto, iPass.

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