Revista Photo Magazine - Especial preto e branco

O mercado de revistas brasileiras de fotografia é muito carente. Nos meus anos de fotografia vi muitas revistas (boas e ruins) nascerem e desaparecerem. Vários fatores explicam essa realidade. O primeiro, acredito eu, é o custo elevado de produção do material. Não dá para fazer uma revista de fotografia sem muitas imagens ou uma reprodução de qualidade. O segundo fator é que muitas das publicações não conseguem atingir um meio termo para agradar profissionais e amadores ao mesmo tempo. Aliás, é complicado pensar hoje no que seria uma revista de fotografia de qualidade. Teria que ser um misto de técnica e arte. Falar de equipamentos, tutoriais e ao mesmo tempo trabalhar linguagem fotográfica e a questão do olhar. Creio que no mercado brasileiro, a revista que caminha para esse amalgama quase perfeito é a Photo Magazine.

Mas, tenho que ser sincero. Nem sempre gostei da revista. No começo achava que os textos eram vagos e sem aprofundamento, mas hoje isso mudou. Graças a uma linha editorial focada nos anseios dos fotógrafos e na divulgação das tendências e lançamentos, a publicação se fortaleceu e hoje é a melhor revista que podemos encontrar no mercado. Uma prática que tenho aprovado e apoiado é a de fazer especiais. Nesse bimestre (a revista é lançada bimestralmente) o tema escolhido, pela segunda vez, é a fotografia em preto e branco. Nada melhor para satisfazer um amante da fotografia do que mostrar várias reportagens que falam ou usam a linguagem do preto e branco para expressar o olhar fotográfico. Querendo ou não, as fotografias que mostram a realidade através das escalas de cinza são uma unanimidade no meio fotográfico. Tanto fotógrafos amadores quanto profissionais já fizeram pelo menos uma foto em preto e branco (jogue a primeira pedra quem nunca fez).

Como foco principal dessa edição temos o fotógrafo André Paiva em uma ótima entrevista onde ele relata como começou sua paixão pelo preto e branco e fala um pouco de sua carreira e as primeiras aprendizagens no mundo da fotografia. Mas, não é só isso. Ainda temos um especial sobre o mercado de Fine Art no Brasil, uma contribuição muito bacana de Clício Barroso escrevendo sobre a fotografia gonzo, um ótimo texto sobre o americano Walker Evans e as experiências de Rogério Ferrari, o fotógrafo brasileiro que percorre regiões em conflito pelo mundo. Esses são alguns dos destaques dessa edição que é completada por tutoriais e um pouco dos portfólios dos leitores.

Para fechar, nada melhor do que uma frase bem explicativa de André Paiva sobre a questão do preto e branco: “Quero a dimensão atemporal, o carater histórico, o tom da memória, busco a simplicidade, o equilíbrio. O preto e branco me dá essa expressão”. Se você gosta especificamente do tema, ou é amante da fotografia em geral, vá até as bancas e garanta a sua edição. Eu recomendo.