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EUA: Departamento de Segurança Interna propõe criação de banco de dados global de jornalistas

Departamento de Segurança Interna dos EUA abre licitação para a criação de um banco de dados com informações de jornalistas, blogueiros e influenciadores de mídia de todo o mundo; iniciativa não é nova e governo Obama já fez uso dela.

6 anos atrás

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos lançou na última semana um edital propondo a contratação de serviços voltados a monitoramento e coleta de dados, com a intenção de criar um banco de dados global com informações detalhadas de jornalistas e blogueiros, de modo a identificar os principais influenciadores de mídia do planeta.

O edital, publicado no dia 03 de abril detalha que a empresa vencedora deverá desenvolver uma solução capaz de monitorar cerca de 290 mil fontes de notícias, sejam veículos impressos ou não, emissoras de rádio e TV, sites, blogs, redes sociais e o que mais for necessário, em cerca de 100 línguas diferentes (incluindo árabe, chinês e russo) e identificar especificamente artigos relacionados à agência, mas não se limitando a isso e catalogando o conteúdo em tópicos, área de circulação, localização, alcance e "sentimento" (basicamente o tom/alinhamento) dos artigos.

Além de monitorar simultaneamente todos os canais de mídia possíveis, o software teria inclusive a missão de coletar dados de modo a identificar jornalistas, editores, correspondentes internacionais, influenciadores de redes sociais e blogueiros, mantendo em arquivo dados pessoais e sociais dos mesmos, com localização, informações de contato e uma análise prévia de cada um. Basicamente, o Departamento de Segurança Interna quer manter um dossiê de cada jornalista, blogueiro ou influenciador de mídia do planeta, semelhante ao que a Rússia fez anos atrás.

Oficialmente, o edital afirma que a intenção por trás do banco de dados é de "alcançar parceiros comerciais" de forma mais efetiva, mas é fato que a notícia levantou preocupações de uma série de órgãos que defendem liberdade de expressão e de imprensa. Ainda mais no cenário atual, em que o presidente Donald Trump acusa uma série de veículos internos de propagar de Fake News; a preocupação geral é que o mesmo estenda suas reclamações a agências e jornalistas externos, o que pode se desdobrar de maneiras imprevisíveis.

O interessante é que o departamento afirmou, de forma correta que se baseia em leis estabelecidas em 2012 para solicitar a criação do banco de dados, o que é verdade: durante o governo Barack Obama, um contrato semelhante que custou US$ 11 milhões era capaz inclusive de coletar a rastrear as opiniões de leitores deixadas em comentários de publicações online, fossem sites, blogs ou redes sociais.

Na época, tais serviços fornecidos através de licitação eram especificamente voltados a identificar potenciais ameaças à segurança pública interna em todo o globo, inclusive potenciais terroristas. Aqui, embora inicialmente não seja para este fim a genericidade do edital em tese permitiria que ele fosse usado da mesma forma.

Por enquanto o projeto conta com sete empresas interessadas, sem valores definidos. O edital permanece aberto até o dia 13 de abril.

Fonte: Bloomberg Law.

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