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Tecnologia de caça a fantasmas usada para tratar câncer

Tratamento de câncer com feixes de prótons é uma realidade, mas é caro e complicado. Um pesquisador está tentando mudar isso, resgatando uma antiga técnica de imagens que substituirá os raios-x e muita matemática.

7 anos atrás

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O que chamamos de câncer é um amontoado de doenças com causas, origens, comportamentos e prognósticos diferentes. Alguns são causados por um vírus, outros, por exposição excessiva a sertanejo universitário. Isso dificulta o tratamento, mas a radioterapia costuma ser bem eficiente.

O problema é que radiação eletromagnética tem a inconveniente mania de ser imprecisa. Evita-se isso em alguns casos implantando uma semente radioativa no tumor, o que nem sempre é possível. Tratamentos com raios-x funcionam mas causam muitos danos a tecidos saudáveis, ondas eletromagnéticas não são precisas e tendem a se espalhar. Eu culpo Maxwell.

Uma alternativa, proposta em 1946 e usada desde então é o tratamento com feixes de prótons. Um acelerador de partículas acelera as partículas próximo da velocidade da luz. Carregadas com doses imensas de energia cinética, elas são preparadas para atingir com precisão o tumor. Colidindo com os átomos malignos, os prótons literalmente os destroem, inutilizando o DNA canceroso além da capacidade de reparação das células.

Como é um feixe colimado de partículas, e não uma onda, os prótons não se dispersam, causando pouco dano ao tecido próximo. Carregando-os com a quantidade correta de energia é possível fazer o feixe chegar ao tumor com eficiência máxima, mas dali em diante perder rapidamente seu efeito.

Essa tecnologia é incrível e parece algo saído de Star Trek:

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Aí você pergunta: como esse negócio não está instalado em todas as UPAs?

Vejamos o outro lado do sistema (literalmente):

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Prótons sem alta energia, acelerados, são inúteis. Veja seu cunhado, está cheio deles. É preciso um acelerador de partículas, no caso um síncroton para energizar os prótons. Originalmente ocupava o espaço de uma quadra de tênis. O da imagem acima é basicamente modelo portátil. Isso, como você já deve ter deduzido, custa muito caro, consome eletricidade a rodo e precisa de manutenção constante.

Robert Johnson é um físico que está tentando melhorar isso. Ele trabalha no Centro de Medicina de Prótons de Chicago Noroeste (detesto traduzir esses nomes) e desenvolveu uma técnica para minimizar a exposição a raios-x e facilitar os cálculos do canhão de prótons.

É preciso determinar com precisão pentelhométrica a posição e as dimensões do tumor dentro do paciente. Usa-se tomografias por raios-x para isso, o que significa mais radiação E as contas precisam ser feitas do zero para determinar a potência dos prótons.

Ele está recriando uma antiga técnica de imagem usando… prótons. É como uma tomografia por pósitrons, mas em vez de antimatéria usa… você já deduziu.

A desvantagem é que a imagem gerada pelos prótons não tem tanta resolução quanto os raios-x, mas é boa o suficiente para identificar as fronteiras do tumor, e já traz no pacote todos os dados de energia que os prótons precisam para chegar até ele.

É como se em vez de mandar o estagiário percorrer a pista, criar um mapa e depois o piloto o estudasse para a corrida, no caso o próprio Ayrton Senna pega um Fiat Uno e anda sem pressa por todo o circuito, o aprende e depois é só trocar de carro.

Tomara que essa técnica funcione tão bem quanto promete, precisamos de mais centros de tratamento com prótons. Nos EUA só há 25. No Brasil, não tive coragem de pesquisar.

Fonte: Wired.

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