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Google, Facebook e Twitter são processados por não combaterem o Estado Islâmico

Argumento das famílias das vítimas de San Bernardino é de que tanto o Google quanto o Facebook e o Twitter “foram fundamentais” no crescimento do Estado Islâmico.

7 anos atrás

Há pouco mais de um ano uma cidadã dos Estados Unidos abriu um processo civil contra o Twitter alegando que a rede social era responsável indireta pela morte do marido, vítima de um ataque do Estado Islâmico. A acusação é de que o popular site de microblogs era conivente (CO-NI-VEN-TE!) com o grupo terrorista ao não ser pró-ativo e combater as contas utilizadas para promover os feitos do ISIS, ou para impedir o recrutamento de pessoal.

Pois baseado nesse mesmo pensamento o Twitter, o Google e o Facebook receberam uma nova visita do processinho, desta vez enviado pelos familiares das vítimas do ataque de San Bernardino ocorrido em 2015.

O processo movido pelos familiares das 14 vítimas fatais e outros tantos feridos no ataque realizado por Rafia Sultana Farook e sua esposa Tashfeen Malik, militantes do ISIS não é muito diferente do processo da viúva do ex-militar: ambas redes sociais e a gigante das buscas falham miseravelmente em seus ditos esforços de banir as contas de terroristas, o que permite ao grupo continuar a "angariar fundos, recrutar pessoal e conduzir suas operações", o dito ataque de 2015 incluso. O entendimento é que sem Facebook, Google (no caso o YouTube) e Twitter o Estado Islâmico não seria nem de longe tão organizado e representaria uma ameaça tão grande em escala global, onde qualquer idiota pode mandar dinheiro para o grupo e conseguir apoio local para fazer das suas em qualquer lugar.

 

O processo argumenta que o grande material disponibilizado em vídeos, textos, áudios e etc. pelas três companhias foi instrumental para que o ISIS estendesse sua área de ação influenciando cada vez mais pessoas. Contra o Facebook por exemplo há o vídeo em que Malik declarou sua afiliação ao Estado Islâmico, que foi postado na rede social; o Twitter foi acusado do flood de contas militantes, muitas que atuam replicando conteúdo e também como centrais de recrutamento (embora muitas tenham sido detonadas nos últimos tempos) e no caso do Google, a falta de critério do YouTube que permitiu a monetização de vídeos do grupo terrorista; a faxina geral empregada agora teria vindo tarde demais.

Não é segredo para ninguém que o ataque de 2015 foi um baque, principalmente por expor a incapacidade das redes sociais em impedir a comunicação entre membros do ISIS. As autoridades estão desde então batendo com força para que as companhias se adequem e passem a limar contas e vídeos do Estado Islâmico, desmonetizem seus compartilhamentos e impeçam que eles compartilhem novos conteúdos. Ao mesmo tempo há um esforço principalmente do FBI em recuperar o acesso a dispositivos móveis, desde que a criptografia padrão chutou o bureau para fora; o iPhone dos terroristas de San Bernardino por si só foi uma tremenda fonte de dores de cabeça para a Apple até a israelense Cellebrite ter vencido sua proteção sem a ajuda da maçã, que se recusa a cooperar nesse sentido. O Google também não demonstra a menor vontade de abrir a criptografia, muito menos de fornecer uma porta da frente "exclusiva" como o diretor do FBI James Comey quer.

Esse não é um caso isolado e nem falo apenas da ação movida pela viúva. Familiares das vítimas do ataque à boate Pulse, no ano passado também moveram processos contra as três companhias pelo mesmo motivo, bem como os parentes de uma francesa morta nos atentados realizados em Paris em 2015. Todos argumentam a mesma coisa, que Google, Facebook e Twitter nada fazem (ou fazem muito pouco) para frear o crescimento do ISIS e por isso, devem ser responsabilizados como cúmplices involuntários por permitirem que suas ferramentas sejam usadas para o mal.

Não há uma resposta fácil para isso. Por mais que as empresas deletem novos conteúdos e contas, os terroristas continuarão utilizando as plataformas de modo a promover suas ideias; ainda que o Estado Islâmico tenha percebido que é muito melhor tocar uma rede social própria dá menos trabalho fazer uso de plataformas já existentes e continuar o jogo onde um vídeo do YouTube é deletado e outros três tomam seu lugar, e o mesmo vale para contas no Twitter e Facebook. No fim das contas os processos continuarão chegando, e as companhias terão que lidar com isso até darem um jeito de banir o ISIS de vez de suas plataformas.

Fonte: Recode.

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