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Melhor Coréia, Trump e o Porta-Aviões que foi sem nunca ter sido

A Melhor Coréia lançou um míssil como resposta a um porta-aviões americano que estaria chegando nas suas costas. O problema: o porta-aviões estava a 5.000 km de distância. O problema do problema: a Casa Branca aparentemente não sabia disso. Leia e tente entender o que aconteceu nesse imbróglio de incompetência e blefes involuntários.

7 anos atrás

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Para quem vive em Joker Mode o mundo está cada vez mais divertido. Estamos vendo situações surreais se desdobrando ao vivo, no teatro mundial os atores são todos idiotas e, como tais, campeões de entretenimento. Foi o caso recente da tensão na Melhor Coréia onde um porta-aviões imaginário provocou um teste apressado de um míssil.

Tudo começou quando indicações apontaram para um teste nuclear iminente, coincidindo com os 105 anos de nascimento de Kim Il Sung, fundador do país e da dinastia que o governa. Como sempre a Melhor Coréia caprichou em sua retórica vazia ameaçando dizimar seus inimigos, incendiar Washington, etc.

Os EUA resolveram que dessa vez não iam ouvir calados, e Trump fez o que faz melhor: xingou muito no Twitter. Depois em uma entrevista falou:

Estamos mandando uma armada, muito poderosa. Nós temos submarinos, muito poderosos, muito mais poderosos do que o porta-aviões

Isso acionou alarmes em Pyongyang. Eles não gostaram da idéia do grupo de batalha do USS Carl Vinson aparecer para uma visita. Era preciso dar uma resposta, e rápido. Em poucos dias, logo após o desfile celebrando o Fundador, a Melhor Coréia lançou um míssil de seu complexo de testes em Sinto.

O míssil foi um KN-17, e ao que tudo indica, um ASBM, míssil balístico anti-navio, algo muito, muito ruim e que tira o sono de todo mundo embarcado. São matadores de porta-aviões. Sobem muito alto, vão até o espaço então descem em um arco, atingindo velocidade hipersônica, o que dificulta muito a interceptação.

Um ASBM pode levar uma ogiva nuclear, se você não tiver como mirar com precisão no seu alvo, mas mesmo com uma ogiva convencional, apenas com a energia cinética se ele acertar em cheio afunda um porta-aviões com um tiro.

O ASBM da Melhor Coréia, claro, explodiu quase imediatamente após ser lançado.

Aparentemente o teste foi feito às pressas, correram para passar uma mensagem aos americanos, e passaram, mas a errada.

O grande problema? Dia 15 de abril a Marinha dos EUA publicou esta foto:

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É o USS Carl Vinson passando pelo Estreito de Sunda. [Laguna, se eu fizer a piada óbvia favor apagar]

Em linha reta, em uma viagem que só seria possível em uma Terra Plana E com um porta-aviões aéreo da SHIELD, são 5.200 km.

sunda

Então de onde veio essa história de que o porta-aviões estaria nas portas de Melhor Coréia? Bem, tudo começou com esse release do Comando do Pacífico:

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O texto não fala nada sobre a Melhor Coréia, apenas que depois de exercícios de rotina iriam partir de Singapura para o norte, em direção ao Pacífico Ocidental. A mídia entendeu que isso significava Coréia, e começou a amplificar a notícia falsa.

A Casa Branca em vez de negar, desconversou, e quando perguntado Trump não admitiu que não sabia do que se tratava. Respondeu de forma vaga e aumentou a confusão. Foi a mesma coisa com a MOAB. Perguntaram se ele havia autorizado o uso da bomba: todo mundo sabe o que aconteceu, disse ele quando a resposta correta seria a MOAB é uma bomba comum e o uso é decidido pelos comandantes no teatro de batalha, não faço microgerenciamento.

Do mesmo jeito que um relógio quebrado está certo duas vezes ao dia, a confusão se mostrou uma estratégia excelente, desestruturando a Melhor Coréia e provocando uma reação. Por outro lado mostrou uma IMENSA falha de comunicação por parte do governo e dos militares. Se em tempos de paz é assim, imagine quando o bicho estiver pegando.

Para a Melhor Coréia ficou evidente a necessidade de um programa espacial de verdade. Não adianta ter ASBMs se você não tem como identificar os navios inimigos, e sem satélites eles estão cegos além do horizonte, restritos ao método de localização de porta-aviões da Segunda Guerra: longas patrulhas com aviões.

O Carl Vinson VAI chegar na península coreana, faz parte da rota normal dele, mas não vai ser agora, nem vai ser correndo por causa das tensões locais, mas nem isso é mais necessário, agora que meio por acaso Washington descobriu que se gritar “BU!” o Grande Líder pula.

Resta saber como isso afetará a estabilidade da região, com Trump fazendo ameaças hiperbólicas de um lado e um líder insano (ok, outro) na Melhor Coréia REAGINDO a ameaças hiperbólicas imaginárias com armas não tão imaginárias.

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