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Blackmore's Night — Shadow of the Moon — 20 anos depois

Pode parecer estranho, mas um dos grandes guitarristas do século XX passou os últimos 20 anos tocando música renascentista com sua esposa. Veja um pouco desta história.

7 anos atrás

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A noite estava calma e no momento em que cheguei em casa só queria ouvir uma música para descansar a cabeça. Meu olhar passou pela estante e parou na capa do disco Shadow of the Moon do Blackmore's Night. Nada melhor do que ouvir nesse momento um pouco de música renascentista/medieval com um vocal feminino cativante e o dedilhado de um dos maiores guitarristas da história do Heavy Metal.

Ritchie Blackmore é conhecido por aqueles que viveram e respiraram o Heavy Metal nas décadas de 70, 80 e 90. Ele primeiro tocou em uma bandinha chamada Deep Purple e, posteriormente, se juntou ao Deus Elfo Ronnie James Dio para contar outras histórias no Rainbow. Ou seja, um dos alicerces da história da música pesada. Porém, esse disco que tenho agora em minhas mãos não tem nada de pesado, mas é belíssimo.

Em 1989 Blackmore se encontrou com Candice Night. A moça era fã de Rainbow e trabalhava em uma rádio em Nova Iorque. Ela encontrou seu ídolo e queria pedir apenas um autógrafo. Foi amor a primeira vista e, já em 1991, os dois estavam morando juntos. Além da preferência por rock os dois também descobriram uma paixão mútua: a música renascentista. Em 1995 Blackmore estava finalizando as gravações daquele que viria a ser o último disco do Rainbow (Stranger in us All), porém um novo projeto totalmente inusitado já estava em estado avançado de planejamento.

Em 1997 Ritchie Blackmore e Candice Night lançam o primeiro disco do Blackmore's Night. Estamos falando de Heavy Metal? Rock Progressivo? Pop Rock? Não, a dupla maluca (muita gente pensou isso na época) nos brindou com um disco contendo 15 músicas renascentistas/medievais onde Blackmore era responsável pelos instrumentos de corda (com alguns instrumentos realmente utilizados na época renascentista) e Candice nos brindava com seu vocal suave e cativante. O resultado? O mais belo e emocionante disco lançado naquele ano.

O disco abre com a enigmática Shadow of the Moon (clima bem dark) e vamos caminhando pelos ritmos hipnóticos de The Clock Ticks On (poderia estar em qualquer feira medieval), Magical World (melodia fantástica), Renaissance Fire (um pouco mais festiva), No Second Chance (mais melancólica) e Writing on the Wall (estranhamente bacana). Porém, tenho dois destaques que são minhas favoritas. A primeira é Play Minstrel Play onde temos a participação especial de Ian Anderson (Jethro Tull) com um belíssimo duelo entre bandolim e flauta. A segunda é a última música do disco, um cover para Wish You Were Here da banda sueca Rednex (o cover ficou bem melhor do que o original).

O disco ficou nas paradas europeias por várias semanas e foi Disco de Ouro no Japão. Eu conheci o disco em 1997, pouco depois do lançamento. Um amigo me apresentou o Cd. Não acreditei muito de princípio e, para falar a verdade queria é fugir dessa audição quando soube do conteúdo. Mas, teria me privado de uma obra muito bacana e que até hoje me acompanha (olha só, vários dos meus Cds estão completando 20 anos de estante). Em 20 anos de estrada o grupo lançou 10 discos de estúdio, 3 discos ao vivo, 4 DVDs e 1 compilação (além de 17 singles). Porém, nenhum outro disco do grupo foi tão bom quanto este primeiro.

Shadow of the Moon é um disco calmo, melódico, belo e foi gravado por um dos monstros da guitarra do século XX (embora a guitarra apareça apenas em dois momentos em 15 músicas) e pode ser uma boa oportunidade para você descansar e ouvir boa música. Sem distorção, sem pancadaria. Apenas boa música.


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