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Resenha — Powerless, a série sem medo de usar a palavra com “B”

Chegou Powerless, a nova série da DC Comics que foca no lado COMIC, é a primeira comédia de super-heróis dessa nova geração, passando na frente de Damage Control, da Marvel. O primeiro episódio é bastante promissor, cheio de referências e vai ser odiado pelos nerds que levam quadrinhos a sério demais.

7 anos atrás

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Vamos lá: primeiro, há spoilers a rodo. Não reclame depois se continuar lendo.

Segundo: Powerless não é Marvels. Não é uma poesia visual de Alex Ross, com um passeio pela alma da Humanidade, e sua relação com seres super-poderosos. Ambas são obras sobre pessoas comuns, mas Powerless é antes de tudo a parte COMIC de Comic Books.

Powerless não é Marvels, está mais pra Bob, Agente da Hydra:

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A série é uma sitcom de 30 minutos passada em Charm City, uma nova cidade fictícia, mais uma para a grande lista da DC, só mais irrelevante que Midway City. Vanessa Hudgens (é, aquela) é Emily Locke, jovem e idealista executiva que saiu do interior para trabalhar como diretora de pesquisa e desenvolvimento da Wayne Security, uma sub-sub-sub-subsidiária das Indústrias Wayne.

A série existe em um universo mais próximo dos quadrinhos do que dos filmes, é um mundo onde gente com a cueca por cima da calça rotineiramente destrói a cidade, e as pessoas já estão acostumadas. A normalidade com que os personagens lidam com o ataque de um supervilão a um trem durante a cena de abertura é… cômica.

A Wayne Security é comandada por Vanderveer “Van” Wayne, primo mimado de Bruce Wayne. Claro que os nerds vão sair correndo xingando e não vão se dar ao trabalho de pesquisar e descobrir que o personagem já existia, foi criado em 1962 por Bill Finger.

Ele quer de qualquer jeito sair de Charm City e ir para Gotham, mas a empresa é um fracasso. Originalmente criada para inventar produtos que protejam as pessoas das super-ameaças, a única coisa que a a Wayne Tech tem de sucesso é o soro anti-Coringa.

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Não que o Palhaço do Crime ameace Charm City, a cidade é uma bosta e o máximo de supervilão que aparece é o Halloween, nome em português (eu sei!) para o Jack O'Lantern, um vilão de 8º escalão da DC.

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A tal divisão de pesquisas não tem pesquisado muito, foram quatro chefes em um ano e eles basicamente vivem de kibar produtos da LexCorp. Até que Bruce Wayne telefona para o primo. Sim, “o” Bruce Wayne. Powerless pode ser o fundo do tacho mas não tem medo de mencionar os grandes nomes.

Bruce fecha a divisão, Van Wayne cai pra cima e é chamado para Gotham City, mas Emily não aceita, e tenta criar em 24 horas um produto vencedor. Com a ajuda dos nerds, liderados por Teddy, o eterno Abed de Community ela tem idéia de um detector de supervilões usando… cheiro.

Muito à contra-gosto Van apresenta o produto a Bruce Wayne, que muda de idéia e mantém a empresa aberta. Van é obrigado a ficar em Charm City, mas todo mundo mantém seus empregos. O episódio termina com Emily e a equipe assistindo na TV uma notícia de que Batman prendeu o Coringa, usando um bat-rastreador de cheiros, e todos acham o Batman ter inventado um produto igual ao que mostraram pro Bruce Wayne uma incrível coincidência e só.

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Bônus pro nome do apresentador.

Powerless sofreu nesse primeiro episódio do problema de toda série: tem que se apresentar. Não são personagens que você joga na tela e todo mundo sabe quem são. Também há um estranhamento, a gente se acostumou com a DC séria, soturna, mesmo Supergirl, a série mais alegre do pacote tem sempre alguém morrendo, o mundo em perigo, algum segredo terrível. Powerless consegue ser uma comédia sem o cinismo que tem dominado o mundo.

Em termos de referências, percebe-se que fizeram o trabalho de casa, inclusive com Luthor recém-eleito presidente. Ainda bem que só nos quadrinhos temos um bilionário megalomaníaco narcisista que odeia gente de fora como presidente dos EUA…

A apresentação da Wayne Security é narrada por ninguém menos que Adam West. Marcas do Universo DC como Big Belly Burger estão espalhadas pela série, e temos pontas como a Raposa Escarlate:

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Ou então… Starro:

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Nessa ponta ele é destruído por algo que parece muito com um raio de um Lanterna Verde. Já o pai da Emily?

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É Marc McClure, ele foi o Jimmy Olsen nos quatro Supermans (eu sei) do Christopher Reeve. Aqui ele é um dono de uma floricultura, o que levou fãs a especularem se ele não seria na verdade o Arqueiro Verde, já que em algumas continuidades Oliver Queen e a Canário Negro têm uma loja de flores.

Powerless não vai mudar o mundo.

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Sequer é o lema da Wayne Security, a mensagem já estava na parede quando compraram o prédio, que era de uma fábrica de fraldas. Powerless é uma comédia despretensiosa e bem-vinda em um tema que está se tornando sério demais.

Como foi definido nas séries da DC que existe o Multiverso, não há aquela neurose de continuidade das séries da Marvel, então crossovers são uma possibilidade, não só dos personagens mas dos atores. Seria muito legal ver Oliver Queen fora de seu ambiente, metido em uma comédia rasgada.

Conclusão: eu gostei. Powerless tem bastante potencial, quem escreve entende e gosta de gibis e a pretensão é de ser uma comédia num universo de gibis, do tempo em que gibis podiam ser engraçados exagerados, bobos e divertidos.

Se você adora a seriedade de Gotham, Powerless não é para você. Essa série é mais para quem admira o Galactus mas gosta mesmo do Sr Nebula, o Decorador de Mundos:

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De resto, como não amar uma série onde a solução para pessoas machucadas em escritórios quando o Super-Homem é jogado nos prédios durante as lutas é… Janelas de Kryptonita?

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Powerless estréia no Brasil 12 de março, na Warner, às 23 h.

Cosmic Book News — Powerless Starro Trailer

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