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Coisas que você não vê todo dia: um míssil pousando.

Mísseis decolando a internet está lotada, mas quantos vídeos você viu de um míssil… pousando? Não caindo com estilo, não explodindo um alvo, mas pousando igual avião? Pois é, isso foi feito nos anos 50…

7 anos atrás

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Nos primórdios da Guerra Fria a única forma de fazer um artefato nuclear chegar até Moscou ou Washington era via bombardeiros. ICBMs ainda não haviam sido inventados e SEDEX ficaria retido em Curitiba. Para pilotos era péssimo, a expectativa de sobrevivência era menor que zero. Então surgiram os mísseis de cruzeiro.

Se você disser que eles nada mais são que mini-aviões a jato com piloto automático, não está errado. Um deles, o de maior alcance até hoje foi o SM-62 Snark, um projeto que começou em 1946 e começou a ser produzido em 1958.

Lembrando que nessa época computadores ocupavam andares inteiros de prédios, é incrível que tenham miniaturizado um sistema de navegação astronômico automatizado. O bicho identificava constelações, as usava para se orientar e atingia o alvo com precisão de 2,4 km. Parece pouca mas não é.

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Primeiro, acertar o alvo em 2,4 km depois de ter voado 10 mil km já é bem preciso. Segundo, quando você está levando uma ogiva nuclear W39 de 4 megatons, cair 2,4 km fora do alvo e nada é a mesma coisa.

Só que fazer um míssil que voe 10 mil km não é simples, há milhares de coisas que podem dar errado. É preciso muito vôo de teste, mas isso funciona com aviões, onde idealmente o número de decolagens equivale ao de pousos. Mísseis são feitos para fazer cabum ao final da missão.

Como inspecionar um míssil de cruzeiro? Ok, podem fazer o bicho cair num deserto, e recolher as peças mas muita informação se perde.

Os jovens e geniais engenheiros de Jack Northrop (geniais, obviamente. Jovens, pois se fossem velhos não teriam coragem de propor algo tão fora da caixa) sugeriram: vamos fazer o Snark pousar.

Eles até esperaram algumas horas, mas nada do GPS e do microchip serem inventados. Então, usando tecnologia da época, incluíram no sistema de navegação já preciso do Snark mais precisão ainda, e instruções para no final de um longo vôo em vez de explodir, efetuar uma manobra de pouso.

Lembre-se: sem câmeras, sem computadores, sem Arduíno, sem nem uma cabine para um estagiário pilotar.

Resultado? SUCESSO! Com esquis ao invés de rodas (menos peso) e um paraquedas de frenagem, o Snark fez vários pousos bem-sucedidos no Cabo Canaveral, e temos vídeo:


Air Force Space & Missile Museum Foundation — Snark and its Landing Skids

Infelizmente logo depois alguém inventou o ICBM, os mísseis de cruzeiro se tornaram obsoletos para ataques nucleares em larga escala, e o Snark foi abandonado.

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