Meio Bit » Arquivo » Hardware » Companhias chinesas patrióticas nacionalistas vs. iPhone 7 capitalista

Companhias chinesas patrióticas nacionalistas vs. iPhone 7 capitalista

Só faltava essa: sentimento nacionalista forçado por empresas chinesas ameaça com demissões funcionários que comprarem o iPhone 7 ou 7 Plus.

7 anos atrás

apple-store-shanghai

A China está aos poucos caminhando na contra-mão da estrada trilhada nas últimas décadas rumo a um mercado mais aberto e livre, culpa do atual premiê Xi Jinping que é abertamente anti-ocidente: ele não só está dificultando a vida de empresas estrangeiras, que ou rezam pela cartilha de Pequim ou deixam de fazer negócios no país como vem forçando para que os consumidores dêem preferência a produtos locais.

A Apple, sem muita surpresa é um dos principais alvos. A mais nova investida contra a maçã está vindo de companhias que ameaçam seus funcionários com demissão e outras represálias, caso optem por produtos de Cupertino e não de empresas nacionais como Xiaomi, Huawei e outras.

Uma dessas empresas que declarou guerra à Apple é a companhia farmacêutica Nanyang Yongkang Medicine Company, que mandou uma notificação a todos os seus funcionários mais clara do que cristal, ao explicar que eles estão proibidos de adquirir um iPhone 7 ou 7 Plus:

Se você quebrar esta regra, dirija-se ao departamento pessoal para assinar sua demissão”.

A data em que a nota foi publicada não foi escolhida arbitrariamente: ela foi emitida no dia 18 de setembro, 85º aniversário da invasão japonesa à Manchúria em 1931. A ação visa fortalecer o sentimento nacionalista no povo chinês a fim de resistir aos “bárbaros” estrangeiros. E dada a atual visão de Xi Jinping, a Apple é um inimigo infiltrado em seu país como todas as outras companhias externas (mas continua coletando o dinheiro sem reclamar, como todo bom capitalista).

Um porta-voz da empresa afirma que o ban do iPhone visa fazer com que os funcionários se concentrem em economizar para manter suas famílias, ao invés de “gastar com luxo”. Ok…

A Nanyang não seria a única companhia que está forçando seus colaboradores a dispensarem a Apple. Na semana passada o Hospital Ginecológico Fuling Xinjiuzhou, localizado na cidade de Chongqing (distante a 1,76 mil km à sudeste de Pequim) baniu o uso dos novos iPhones, alegando “questões econômicas”. De acordo com a nota emitida pela direção do hospital, qualquer médico, enfermeiro ou funcionário que adquirir um iPhone 7 ou 7 Plus perderá o direito às bonificações anuais. Mais: quem não tiver condições de bancar um iGadget (provavelmente comparando o valor dos salários ao preço dos dispositivos) e ainda assim não resistir e comprar um iPhone será "forçado a se demitir" (pagar direitos trabalhistas é para os fracos; China afinal).

Voltando um pouco mais no tempo, a Bina Technology forçou seus funcionários a jogarem seus iPhones fora, numa resposta às pressões externas devido a polêmica recente envolvendo o Mar da China Meridional, que o País do Meio clama como seu território mas o Tribunal de Haia o mandou catar coquinho. Na ocasião a empresa teria oferecido uma quantia para que os empregados pudessem comprar outro smartphone (chinês, claro), mas novamente ameaçou com demissão quem adquirir um iPhone 7 ou 7 Plus.

Essa não parece uma situação em que a Apple ou qualquer outra empresa não-chinesa possa reverter facilmente, com o governo incentivando um comportamento nacionalista e empresas ameaçando seus funcionários caso eles não cooperem. Como sair da China não é uma opção, caso a situação escale é possível que Tim Cook acabe tendo que mexer uns pauzinhos para tentar remediar a situação. Se vai dar resultado é outra história.

Fonte: BBC.

relacionados


Comentários