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Samsung SCH-W770 com capa de bateria Kim Yu-na

15 anos atrás

Antes que você pergunte, Kim Yu-na é uma patinadora coreana de 19 aninhos (too old, diria o Pedobear) que é celebridade lá na terra dela. Como aqui tivemos o Celular da Sandy, lá também há um grande mercado de celulares e acessórios associados a figuras famosas.

Por isso a série de 50.000 capas exclusivas (como 50.000 de algo pode ser exclusivo?) homenageando a (certamente homenageada pela juventude) patinadora.

O curioso é que nas fotos ela aparece segurando o celular, produzido pela Samsung, DE FRENTE, ocultando a tampa traseira, que seria justamente o produto anunciado.

Demonstra claramente que o produto em si é irrelevante, vale a associação com a celebridade.

Isso é uma forma de tentar ressucitar um mercado que já foi muito lucrativo: Acessórios de personalização.

No início da telefonia móvel ninguém pensava em trocar de celular a cada 3 meses. Após a venda do aparelho as operadoras precisavam manter o fluxo de dimdim vindo dos clientes, e isso foi conseguido com acessórios.

Eram fones de ouvido, cabos de dados e capas, principalmente capas. Se hoje os celulares em grande maioria são "fechados", antigamente era posssível trocar toda a carcaça. Havia gente que colecionava, era um celular e 10, 15 caixas com estampas diferentes. Sim, havia a maldita estampa de oncinha.

Também era a época dos conectores proprietários. Aparelhos do mesmo fabricante, às vezes evoluções do mesmo modelo vinham com cabos diferentes, conectores diferentes. Aquilo que se ouve hoje em escritórios "alguém tem um carregador de Nokia?" era impensável.

Com o aquecimento do mercado, operadoras começaram com programas de pontos, descontos e fidelização, passou a ser interessante trocar de aparelho regularmente. A um ponto em que celulares eram vendidos sem NENHUM acessório. Quando comprei meu V3 não havia sequer baterias avulsas nas lojas. Mesmo capas eram de difícil obtenção. Os camelôs do Rio não tinham capas para diversos modelos.

Nessa época o Santo Graal eram os acessórios sem-fio, como teclados infravermelhos e fones Bluetooth, a última novidade. Começamos uma coleção de periféricos que não seriam mais jogados fora com a troca de aparelhos.

Então surgiram os smartphones. Com a vida online toda rodando em volta de um aparelho (muito) caro, a troca de celulares de novo se tornou indesejada. Para complicar a popularização das linhas gerou aparelhos com mais recursos, que caíram em um nicho onde nem eram descartáveis propiciando troca rápida, nem eram caros o suficiente para garantir bons lucros.

A saída está sendo voltar ao modelo de capas e acessórios de grife, já que os aparelhos hoje costumam ter recursos mais que suficientes para o usuário normal, e mudanças seriam caras demais para interessar. Não dá pra sair de um MotoRokr para um iPhone.

O que aprendemos disso é que a indústria é cíclica, problemas semelhantes trazem soluções semelhantes. Ao mesmo tempo atitudes abusivas não se repetem, como o caso dos carregadores para um só aparelho.

Quem quiser investir e perdeu o ciclo atual é só se preparar para o próximo.

Por falar nisso, Io-iôs já voltaram a moda?

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