Como Assange está garantindo o reinado do Presidente Trump

Se você quer irritar a Hillary Clinton, mas irritar mesmo, não fale da Monica Lewinsky. Ela fará uma piada tipo a Pepper dizendo que uma de suas funções é levar o lixo pra fora. Tira de letra. Pra deixar a candidata subindo nas tamancas, mencione a palavra “e-mail”.

Os republicanos estão caindo de pau em cima dela por causa de uma controvérsia: comunicações governamentais são, por Lei mantidas em arquivo, coisas que o governo fala e escreve não podem “sumir”. E quando ela foi Secretária de Estado manteve um servidor de e-mails em casa, onde armazenou dezenas de milhares de mensagens oficiais.

As investigações do FBI concluíram que ela trocou milhares de mensagens classificadas como SECRET e TOP SECRET, e que 30 mil e-mails simplesmente desapareceram. Mesmo assim a recomendação foi que ela não fosse processada. Ser amiga do presidente ajuda.

E o Malfoy?

Neste ponto entra nosso amigo Julian Assange, a cara pública do WikiLeaks, aquele site que vaza informações confidenciais de governos e organizações e que é apolítico apesar de misteriosamente nunca vazar nada da China, Rússia, Melhor Coréia, etc. Assange foi responsável por muito material constrangedor divulgado, mas apesar de tudo, o mundo seguiu em frente.

Investigado e foragido da Justiça nos EUA, Assange foi acusado de assédio sexual e “estupro light” na Suécia. Fugiu pra a Inglaterra e se encafifou na Embaixada do Equador em 2012, onde está até hoje. Assange descobriu da pior forma que o discurso Democrata anti-Bush não era Anti-EUA, e que mesmo um governo Democrata como o de Obama não trataria com leveza quebras de segurança operacional como os vazamentos de (então) Bradley Manning, divulgados pelo WikiLeaks.

Assange não teve o perdão que imaginava, não foi tratado como herói pelos Democratas quando Obama assumiu em 2009. Na verdade as ações contra ele aumentaram, e Hillary foi uma das responsáveis, como Secretária de Estado. Assange entendeu isso como pessoal e se tornou arqui-inimigo de tudo que Obama e Clinton representam.

Dias 22 de julho, em cima pra Convenção Democrata o WikiLeaks vazou um arquivo (consultável aqui) com 19.252 e-mails da direção do Comitê Nacional do Partido Democrata, cheios de sujeira. Foi comprovado o que vários diziam e muitos negavam: as primárias foram manipuladas. Bernie Sanders nunca teve chance. A Direção do Partido Democrata, que deveria se manter imparcial, conspirou direto para que Hillary fosse a candidata, não Bernie.

Como ninguém é santo, Bernie Sanders, a 3ª Via, o candidato socialista que iria destruir Wall Steet e desmontar o sistema? Antes das primárias sua equipe ofereceu desistir da candidatura se o Partido Democrata fornecesse um jatinho. Sanders agora faz campanha para Hillary, e é vaiado pelos próprios correligionários.

O melhor dos e-mails vazados, claro, é um de Erik Walker, porta-voz do Partido Democrata zoando um artigo do Buzzfeed que falava mal das medidas de cybersegurança do partido.

Malfoy avisou que muito mais material será divulgado nos próximos dias. Os republicanos estão ADORANDO, pois pra começar nada vazado tem a ver com eles, é tudo dos Democratas, que estão atribuindo o vazamento aos russos. Putin diz que não tem nada a ver com isso, que os EUA que resolvam seus problemas de segurança, e a Rússia jamais interferia nas eleições de outro país.

Parou de rir? Sim, foi ótima, mas por mais que ninguém queria livrar a cara do Putin, se há uma coisa que os russos não são é incompetentes com espionagem, e a tal “invasão” de hackers russos está vergonhosamente armada, há até arquivos com textos EM RUSSO deixados nos servidores invadidos. Alguém roubou os e-mails, fato, mas quem?

Os republicanos estão pagando de indignados, ao mesmo tempo em que apontam (corretamente) que os democratas realmente não sabem cuidar de seus dados. Eleitores do Sanders e indecisos estão se voltando para o GOP e Trump pela primeira vez aparece na frente de pesquisas que não são da Fox News.

Se não se sabe se Putin realmente influenciou a eleição, Assange com certeza o fez. Ele está minando a popularidade de Hillary, que se não é a salvadora de todas, a Obama de Saias que o Partido vende, tem uma vantagem imensa sobre Donald Trump. Ele nem de longe é o monstro que os Democratas vendem, eles nunca são. Obama não instaurou o socialismo islâmico e confiscou todas as armas, como temiam. Ok, ele não fez nem o que prometeu, como fechar Guantânamo.

Trump tem problemas maiores do que a agenda pseudo-conservadora. Ele é um Bully. Ele é Biff Tannen, o personagem aliás foi criado inspirado nele. Trump não tem experiência política, está acostumado a lidar com eles como empresário, essa mentalidade não funciona. Assange diz que Hillary adora guerras, mas Trump é quem não tem jogo de cintura para engolir uma provocação pessoal da Melhor Coréia.

Política é Xadrez, Trump é ótimo no Call of Duty. Não é uma boa combinação. Não que as previsões de apocalipse vão se concretizar mas no melhor cenário Trump será basicamente inútil, um tigre retardado enjaulado pelo congresso.

Será ruim para economia, ruim para o mundo e principalmente ruim para o americano médio, mas Assange não se importa. Seu objetivo é destruir Obama, Hillary e os democratas. Todo o resto é dano colateral.

Hillary é santa? Não, nem de longe, ela é a candidata do bode na sala, só que agora os EUA correm o risco de eleger o bode, por causa de uma vingança pessoal de um albino australiano com síndrome de corno traído. Bernie Sanders, do alto de seu idealismo defendeu o voto em Hillary dizendo “este é o mundo real em que vivemos”. Não é a candidata que os democratas precisam, não é nem a que eles merecem mas é a que têm. Deixar Trump ganhar para não dar a vitória a Hillary é pirraça. Ou pior.

É fazer parte de um plano maligno para desestabilizar o país.

Todo mundo se ofendia quando eu falava que Assange parecia um vilão de James Bond. Agora ele revelou ser um.