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Future Quest #1 — Análise

Confira o que achamos da primeira edição de Future Quest, o quadrinho que criará o tão sonhado “Dream Team” dos heróis da Hanna-Barbera

8 anos atrás

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Digam o que quiserem, mas William Hanna e Joseph Barbera eram dois gênios. O que eles fizeram pelo mundo da animação, embora hoje eclipsados por Disney e Warner é algo sem paralelo. Eles deram o ponta-pé na produção industrial com economia substancial de frames para cortar custos, o que criou todo um estilo; inauguraram a narrativa cinematográfica em desenhos animados; incorporaram temas mais adultos e sombrios em suas histórias, que muitas vezes passavam longe de coisas felizes ou extremamente infantis como Zé Colmeia ou Pepe Legal, embora eu não inclua Manda-Chuva nessa conta, o desenho era uma crítica bem divertida ao estilo de vida de Nova Iorque da época.

Mesmo Os Flintstones, que todo mundo acha infantil hoje foi desenvolvido como uma sitcom animada, voltada para o público adulto e era exibida no horário nobre, eram Os Simpsons da época. E mais, o programa foi patrocinado pelos cigarros Winston.

Retorno em grande estilo

Nos anos 1960 o estúdio se permitiu brincar com estilos. De animais antropormóficos a Hanna-Barbera saltou para roteiros mais elaborados e surgiram assim Corrida Maluca, Scooby-Doo, Os Jetsons (outra sitcom, desta vez no futuro fictício) e algumas outras mais obscuras, mas a grande sacada foi ter percebido o fenômeno editorial que acontecia nas HQs da época: heróis estavam em alta.

A DC Comics estava muito bem estabelecida, mas a partir de 1961 a Marvel explodiu em popularidade graças à mente criativa de Stan Lee, aliada à competência de artistas como Jack Kirby e Steve Ditko. Surgiram assim o Quarteto Fantástico, Hulk, Homem-Aranha, Thor, Homem de Ferro, X-Men, Demolidor, Doutor Estranho, Os Vingadores, o retorno do Namor, o Príncipe Submarino e do Capitão América…

O estúdio percebeu que heróis vendiam quadrinhos, logo por que não levá-los para a TV? Surgiu assim em 1964 Johnny Quest, a primeira série animada da HB nesse estilo. Com um texto mais adulto e realista, as história da trupe de aventureiros (eram basicamente um Quarteto Fantástico multicultural, uma família tão disfuncional quanto mas com dois moleques e um cachorro) se mostraram um sucesso e abriram caminho para outras produções como Os Herculoides, Space Ghost, Frankenstein Jr., Os Impossíveis, Galaxy Trio

Essas séries são queridas até hoje e por causa disso é compreensível o medo geral quando a Warner, através da DC anunciou que revisitaria essas produções clássicas em novas revistas em quadrinhos, dando novas roupagens às séries. A visão da versão hipster de Scooby-Doo e a Corrida Maluca misturada com Mad Max: Estrada da Fúria (culpa de Mark Sexton, responsável pelo design dos veículos do filme) deu calafrios em todo mundo.

Só que a recepção inicial de Future Quest, que prometeu a reunião entre os heróis da Hanna-Barbera foi muito bem recebida pelo público. E agora que a primeira edição saiu pudemos conferir do que se trata.

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“Homeeeem-Pássarooooo!!!”

Com roteiro de Jeff Parker (Mulher-Maravilha, Agents of Atlas) e arte de Evan “Doc” Shaner e Steve Rude, o quadrinho centra a história em torno de dois núcleos principais, Space Ghost e Johnny Quest, os representantes maiores do heroísmo em suas realidades. Sem dar muitos spoilers, a história irá ligar todos os principais heróis da Hanna-Barbera de uma maneira bem simples, utilizando o conceito de universos paralelos que começam a se chocar uns com os outros (mas o Homem-Pássaro vive no mesmo mundo dos Quest).

A diferença desta obra para as outras da DC retomando esses personagens é o respeito ao legado. Tudo dos originais está sendo mantido, os personagens, situações e motivações serão basicamente os mesmos, sem nenhum tipo de maluquice ou reinterpretação. É ao mesmo tempo estranho e sensacional, você tem a impressão de estar lendo um quadrinho com a visão do futuro saída dos anos 1960 e 1970. Por isso mesmo a obra é sensacional.

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O roteiro da primeira edição é muito bem conduzido, Parker soube situar os personagens muito bem sem entregar grandes revelações, e a última página coloca um sorriso no rosto de todo mundo que cresceu assistindo esses heróis na TV, mesmo após anos de comédias como Harvey, O Advogado ou Space Ghost Coast to Coast. E também é uma excelente oportunidade para que os mais novos descubram esses personagens e quem sabe, assistam suas aventuras originais nos canais retrô da Warner ou na internet.

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Conclusão

Future Quest conseguiu ser um quadrinho que fala com todas as gerações. Os mais novos encontrarão uma história divertida e os fãs mais velhos da Hanna-Barbera ficarão felizes ao ver seus heróis sendo respeitados e pela primeira vez todos juntos no só título, prometendo aventuras épicas nas próximas edições. Só esperemos que Jeff Parker mantenha o ritmo.

Nota: cinco de cinco Bandits.

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