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Review — Samsung Gear S2

Testamos o Gear S2, o ultimo relógio inteligente da Samsung que se mostra bem diferente dos modelos passados.

8 anos atrás

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É inegável que a Samsung está há bastante tempo apostando em smartwatches: o primeiro Galaxy Gear foi lançado em 2013 e o Gear S2 é o quinto modelo de relógio da marca. As gerações passadas nunca foram muito bem recebidas e o Gear S2 é bastante diferente dos outros modelos, seja pelo formato redondo ou pelo software mais simples.

Será que dessa vez a Samsung acertou?

Hardware

O Gear S2 Sport tem uma caixa de aço inoxidável e vem com uma pulseira de elastômero. Ao redor do display redondo, um aro giratório serve como dispositivo de entrada. Ao lado dele, um botão de voltar e um botão home.

A tela tem 1,2 polegada e resolução de 360×360 pixels, e mesmo com brilho pela metade o display é facilmente visível em qualquer ângulo e as cores são vivas. O relógio é vendido aqui no Brasil em duas cores: caixa e pulseiras pretas ou caixa prata com pulseira branca.

É possível trocar a pulseira, mas o formato usado é proprietário desse modelo — o Gear S2 Classic, versão mais cara e sóbria, usa pulseiras padrão de 20 mm. Isso significa que é bastante difícil achar pulseiras compatíveis a não ser diretamente com a Samsung. O relógio tem certificação IP68, o que garante proteção à poeira e à água em profundidades de até 1,5 metro por meia hora.

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Em relação à outros smartwatches, a bateria dura bem. Em média levou um dia e meio para chegar nos 10%, e ativando o modo de economia de energia a partir desse ponto, dava pra usar o relógio por mais 6 horas. O modo de economia de energia deixa a tela em preto e branco e desabilita a maioria dos aplicativos, mas ainda mantém a conexão bluetooth com o telefone ligada, permitindo que você receba notificações. Ligando o moto avião, que efetivamente desliga os rádios do relógio, consegui cerca de 12 horas no modo de economia com 10% restantes de bateria.

Quanto às especificações, o Gear S2 tem um processador Exynos dual-core rodando a 1,0 GHz; 512 MB de RAM e 4 GB de armazenamento com 1,9 GB disponível.

Software

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O Gear S2 roda Tizen, o sistema operacional proprietário da Samsung, e isso é bom e ruim. O lado positivo é que a Samsung tem pleno controle sobre o sistema, então tem mais liberdade que teria se usasse Android Wear — um exemplo disso é o próprio aro giratório, que seria bem limitado no sistema do Google.

O lado ruim é que ele é um player menor num mercado que ainda está engatinhando… O Tizen acaba sendo o Windows Phone dos smartwatches: um sistema que agrada um público fiel, acerta em algumas coisas mas fica atrás da concorrência no ecossistema.

A interface do relógio tira proveito do formato redondo, sendo que a maioria das opções é dispostas em um círculo ao redor da tela e na maioria das vezes você vai navegar usando o aro giratório — ele tem um bom feedback tátil e dá pra usar com um dedo tranquilamente. A touchscreen só é realmente necessária na hora de tocar na tela para selecionar uma opção.

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Um efeito colateral bem interessante do Tizen ser um sistema que não está atrelado à nenhum dos SO de smartphones é que ele é mais independente que os outros relógios, dependendo menos do processamento do telefone para os aplicativos. Inclusive o Gear S2 é compatível com aparelhos que não sejam da Samsung — aparelhos Android acima do KitKat e com mais de 1,5 GB de RAM são suportados, e recentemente até vazou um aplicativo iOS da própria Samsung para controlar o Gear S2 — segundo relatos, ele tem funcionalidade mais completas junto de um iPhone que os relógios com Android Wear.

Mas existem algumas exclusividades para quem usar o relógio pareado com um smartphone da Samsung. Assim que recebi o relógio para testes, o conectei a um aparelho da Lenovo e dei uma olhada na loja de aplicativos. Procurei o app do Uber e ele não aparecia de forma nenhuma. Só usando um Galaxy A7 é que a loja de aplicativos foi me mostrar todos os apps…

Perguntei pra Samsung se existe alguma exclusividade para aparelhos da marca e a resposta foi que O Galaxy Apps conta com algumas ofertas e benefícios exclusivos especialmente concebidos para os smartphones da linha Galaxy.

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Como disse no review do Moto 360 Sport, vejo três tipos de usuários de smartwatches: quem procura um relógio mais moderno, quem quer monitorar execercícios e quem quer uma plataforma mais versátil, que possa substituir o telefone em alguns momentos.

Enquanto “relógio moderno”, o Gear S2 atende bem, com várias opções de mostradores na loja e mostrando notificações de forma satisfatória. Em alguns aplicativos, como GMail ou WhatsApp é possível ver o conteúdo de mensagens inteiras, mas na grande maioria dos aplicativos apenas um pedaço do texto é exibido.

Para quem quer um monitor de exercícios simples, o Gear S2 cumpre bem seu papel. O contador de passos é preciso e não tive problemas com o medidor cardíaco. A famosa gamificação de exercício físico também está presente: são emitidas notificações quando você está muito tempo parado, quando faz algum movimento depois de algum tempo parado e até quando o relógio nota que você está caminhando em um ritmo constante.

Mas pra quem quiser um monitor de atividades mais elaborado, o Gear S2 não é a melhor opção… Nem se trata apenas da falta de um GPS embutido (que inclusive não salvou o Moto 360 nesse quesito), mas do suporte à mais atividades.

Tanto o S Health como o Nike+, que vem embutido no aparelho, são dedicados apenas à corridas. Seria a oportunidade para aplicativos de terceiros preencherem essa lacuna, mas as opções são tão escassas…

Já para o público mais exigente com aplicativos, o Gear S2 sofre bastante com a falta de aplicativos para Tizen. Existem alguns poucos aplicativos de desenvolvedores grandes, como Bloomberg e Wall Street Journal, mas se comparado com Android Wear ou Apple Watch a diferença é considerável.

Por exemplo, eu vejo utilidade nos aplicativos para relógio em algumas ocasiões: para fazer pagamentos, para consultar o horário do transporte público ou em algum aplicativo que a ação principal seja simples e rápida, como pedir um Uber ou fazer checkin no Swarm.

Alguns lugares, como a Starbucks, aceitam pagamento por uma espécie de QR Code no caixa e usar o relógio nesse caso é bastante prático. Assim como para Android Wear, não existe o aplicativo oficial da Starbucks para Tizen. Fui atrás de alternativas e… encontei o FidMe, que apesar de parecer funcionar a contento… Só mostra o número do cartão e não um código.

Para traçar rotas de transporte público não encontrei nenhum aplicativo — até imaginei que o aplicativo nativo de mapas, com dados do Here, desse conta. Mas apesar de trajetos de transporte público aparecerem no smartphone, no relógio você só pode escolher entre dirigir ou fazer o caminho a pé. De qualquer forma, o Here Maps não tem informações em tempo real de nenhuma cidade brasileira, o que diminui a vantagem de saber quanto tempo vai esperar no ponto só olhando o pulso.

Uma grata surpresa foi o Uber ter um aplicativo oficial para Tizen, completamente funcional e já atualizado com nova identidade visual (parece algo bobo, mas o Uber para Apple Watch está sem update há algum tempo…).

O Gear S2 tem NFC e em tese suporta pagamentos mas é pouco provável que seja possível usar o Samsung Pay logo no lançamento por aqui — a Samsung ainda não liberou o serviço pro relógio mesmo nos países onde os dois já foram lançados oficialmente.

Vale a pena?

O Gear S2 é definitivamente bem melhor que os modelos anteriores da Samsung. Se antes tinhamos uma interface confusa com direito até a navegador web, agora há um sistema simples e fácil de navegar. Até o design do relógio está bem melhor, saindo do campo “tem um eletrônico estranho no meu pulso” para algo que realmente pode ser confundido com um relógio.

Só que é difícil ter grandes expectativas: se você quer um relógio que mostre notificações do telefone, ele atende bem, mas é o único caso em que é realmente bom. Assim como no caso do Moto 360 Sport, um relógio fitness dedicado pode ser mais interessante se você quer monitorar atividades físicas.

Considerando o custo/benefício, é sempre estranho pensar no preço dos smartwatches. O Gear S2 Sport custa R$ 1.899 (o modelo Classic sai por R$ 2.099), o que é mais caro que muito smartphone intermediário com especificações interessantes. Mas ao mesmo tempo é um dos smartwatches mais baratos do mercado brasileiro — o Moto 360 Sport sai por R$ 100 a mais e o Apple Watch começa em R$ 2.599 e vai até o infinito.

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