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Etiópia lança megaplano de expansão celular

15 anos atrás

Em Watchmen Adrian Veidt comenta do interessante fenômeno cultural de povos que pulam etapas tecnologicamente. O exemplo que ele dá é de músicos jamaicanos, que estão caindo na música eletrônica, sem todo o background e histórico (e vícios) de quem acompanha o gênero desde o começo.

A África está apresentando o mesmo comportamento. Enquanto no mundo civilizado nós passamos por todas as fases da telefonia, e estamos contemplando o fim das linhas fixas (já há gente que nãs as tem, mas são minoria) em grande parte do Continente Negro o primeiro e único contato com telecomunicações é via celular.

Tecnica e economicamente faz sentido, é muito mais barato instalar torres do que puxar cabos por tudo que é aldeia, e vidas estão sendo salvas, desde atendimentos médicos feitos via SMS até albinos, que são caçados por feiticeiros, que recebem celulares do governo para pedir socorro em caso de ataque. (não inventei nenhum dos dois, juro)

Agora a Etiópia, que não é exemplo nem para os padrões africanos, lançou um plano de US$250 milhões para ampliar sua base de usuários de celular, de 4,1 milhões para 12 milhões. Em uma população de 77 milhões, é um número significativo, dadas as condições locais.

Infelizmente eles estão na mão de um monopólio estatal. Podem ter pulado etapas tecnologicamente mas ainda estão como o Brasil dos anos 80.

A Ethiopian Telecommunication Corporation (ETC) é a segunda maior estatal do país e cobra preços caros para padrões brasileiros, que dirá para um país cuja principal atividade econômica é tirar leite de formiga e a renda per capita é de 25 Estalecas/ano.

Um SIMCARD na Etiópia custa US$36,00. Com o novo plano baixará para meros US$16,00. A renda per capita (agora sério) é de US$871, ou mais ou menos US$72,00 por mês.

Da última vez que comprei um SIMCARD no Brasil acho que foi uns R$10,00.

Portanto fica claro que não há nenhum interesse REAL em expandir o mercado de telecomunicações na Etiópia. Exceto para a ínfima elite do país, e para os bolsos dos diretores da ETC, para onde irá a maior parte desses US$250 milhões "investidos".

Fonte: Cellular News

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