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Pais relapsos, filhos sem freio e microtransações

Outro dia, outro caso de pais que reclamam com empresas porque filhos sem limites gastam os tubos em microtransações; mas a Microsoft não dá moleza

8 anos atrás

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Já dizia a máxima: quando um otário e um malandro se encontram há um negócio. O problema é que no século XXI, os espertinhos precisam rebolar e bolar novos métodos para arrancar dinheiro dos incautos, digo, de seus clientes. No mundo digital isso não é diferente, e desenvolvedores de apps descobriram uma das melhores maneiras de fazer grana fácil, as microtransações e o modelo de negócios freemium.

O problema é que o pessoal abusa, e o que era para ser apenas uma forma de oferecer compras internas de forma civilizada se tornou uma máquina de fazer dinheiro sem controle, muitos apps só são minimamente utilizáveis quando o usuário abre a carteira; vários tipos de aplicativos, games em sua maioria criam inúmeras paywalls atrapalhando a diversão do jogador.

No caso dos jogos o formato se justifica, já que os títulos são construídos em torno da mecânica de recompensas ilusórias, que escalam rapidamente de forma a impedir o progresso daqueles que não pagam. É o experimento da Caixa de Skinner, a ação gera uma recompensa e se ela for satisfatória, aumenta as chances de ser tomada de novo pela cobaia/jogador, que acaba condicionado a gastar cada vez mais. Em suma, ele fica viciado.

Convém sempre recomendar aquele episódio de South Park para quem quer saber mais.

No geral ninguém gosta de microtransações: nem os reguladores, que tentam puxar o tapete das desenvolvedoras e das lojas digitais (que não podem mais dizer que os apps são grátis e são obrigadas destacar a presença de in-app purchases), sejam os pais, que vira e mexe se vêem às voltas com as contas absurdas causadas pelas compras de seus filhos. Aqui entretanto cabe apontar que na maioria das vezes a culpa é deles mesmos, por não colocarem freios em seus rebentos ou de vacilarem feio, deixando dados de cartões de crédito salvos em suas contas nos smartphones e tablets.

Tempos atrás a Apple se recusou a ressarcir um preju de US$ 5 mil que um garoto de 13 anos desmiolado deu ao pai, dizendo que “as compras eram finais” e não foram feitas por alguém que não sabia onde estava se metendo, diferente do que aconteceu com outro pivete de 5 anos na Inglaterra. Mais recentemente a maçã foi benevolente novamente ao ressarcir mais de 4 mil libras que um guri de 7 anos gastou em apps, o que o pai chamou de “milagre de Natal”. Não meu filho, é business. Uma ação do tipo no Natal passou uma imagem de boazinha para a Apple, que vale mais do que esse troco de pinga.

Já a Microsoft não dá moleza. Lance Perkins, morador de Ontario, Canadá descobriu estarrecido que o filho de 17 anos (note, outro aborrescente) gastou quase 8 mil dólares canadenses (mais ou menos US$ 5,3 mil) em microtransações em FIFA 16 para Xbox One, no que ele disse ter dado o cartão ao filho para uso “em caso de emergências”, como fazer compras para abastecer a lojinha da família.

Bom, nota-se que ele tinha uma “emergência gamer” para resolver. O resultado foi a conta absurda do cartão, o pai alega que o moleque não sabia onde estava se metendo (mentira) e a Microsoft, ao ser contatada respondeu de modo bem elegante:

Os pais têm acesso a inúmeras plataformas e serviços que disponibilizamos para prevenir compras não aprovadas.”

Ou seja, não vão devolver um centavo se quer. Se fode aí, ninguém mandou ser um pai incompetente.

E isso não é exclusivo de quem não pode pagar: até Kanye West andou chilicando com os gastos excessivos que sua filha andou fazendo em apps, disse que microtransações deviam ser banidas, etc etc etc… sem obviamente lembrar que sua digníssima esposa possui um game recheado de vendas in-app que claro, faz muito dinheiro.

Fonte: CBC.

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