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John Farrell no INCmty: diretor do YouTube na América Latina conta sua visão para o futuro

INCmty 2015 — John Farrell atual diretor do YouTube na América Latina conta sua visão para o futuro, em como o mundo conectado e a tecnologia vai continuar transformando nossas vidas. Confira!

8 anos atrás

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O INCmty recebeu John Farrell que foi diretor do Google México e desde maio de 2012 é o diretor do YouTube para a América Latina, para contar um pouco sobre a sua visão para o futuro, e como a tecnologia vai continuar transformando nossas vidas. Ele começou sua palestra comparando a Lei de Moore com a redução de custos de armazenamento pela metade a cada ano, algo essencial para que o YouTube ter se tornado viável, mesmo com o upload de mais de 400 horas de vídeo a cada minuto.

Farrell citou Vernor Vinge, que em 1993 previu que em 30 anos a tecnologia teria avançado o suficiente para criar uma inteligência artificial superhumana, unindo o homem e a máquina: o que vocês diriam se eu contasse que isto já aconteceu? Cada um de nós tem um celular, que praticamente é uma extensão tecnológica de nós mesmos. Não tenho dados concretos, mas acredito que 90% das pessoas dormem com o celular a menos de dois metros da sua cama. Farrell também citou estudos com pessoas com mais de 20 anos e menos de 30 que preferem ficar sem o sentido do olfato do que sem seus aparelhos celulares, e outros chegaram ao extremo de responder que preferiam se abster de relações sexuais do que abrir mão de seus smartphones.

O crescimento do mundo mobile foi vertiginoso, com redes sociais, mapas e jogos, e com isto, abriu novas possibilidades: hoje em dia é possível aprender tudo com o seu celular, mas esta revolução móvel é apenas um passo. Quais serão as possibilidades da realidade aumentada ou da realidade virtual em temas como educação descentralizada, saúde (cirurgias remotas) ou entretenimento?

Uma tendência que Farrell aposta muito é na Internet das Coisas (IoT), que vai conectar tudo o que usamos, com uma previsão de 50 bilhões de dispositivos conectados até 2020: esta nova revolução irá transformar o nosso mundo, e o seu smartphone vai ser o centro de controle de tudo. Indo além da geladeira inteligente que te avisa quando chegou a hora de repor alguns produtos, ele citou o Nest como um aparelho conectado pode reduzir custos de eletricidade de uma cidade inteira, ao conseguir esquentar ou refrigerar casas fora do horário de pico.

Como prova da velocidade com a qual o mundo está mudando, Farrell citou o projeto da Calico Labs com lentes de contato inteligentes que medem o nível de insulina no sangue de diabéticos, e o carro sem motorista do Google. que está em testes em Mountain View e já tem milhares de quilômetros rodados com apenas dois acidentes, que foram causados por outros motoristas: quantas vidas iremos salvar removendo o motorista da equação? Quantas pessoas vão parar de dirigir, e poderão ficar no banco de trás assistindo a vídeos do YouTube? Este é o meu sonho, brincou.

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“[Cada vez] mais as pessoas preferem deixar de ter relações sexuais a deixar de ter conexão de internet” (crédito: @INCmty)

Nós do YouTube apostamos que a forma como nos comunicamos pode se transformar ainda mais, diz Farrell, citando a transformação de horas de TV aberta ou a cabo assistidas pelas pessoas para vídeos online do YouTube, Netflix, Hulu e outros concorrentes, incluindo o Facebook. Nos anos 70 e 80, haviam poucos canais de TV aberta. Nos anos 90, a TV a cabo trouxe uma grande fragmentação, aumentando muito o número de canais, e permitindo uma segmentação maior. Com a chegada do YouTube e do vídeo sob demanda, cada pessoa pode ter seu próprio canal, e isto tem implicações e consequências profundas para a indústira de publicidade, pois ninguém tem mais paciência para assistir a comerciais.

Farrell acredita que cada vez mais as marcas terão que pensar em maneiras criativas de comunicar seu conteúdo. Citando a Khan Academy, ele falou sobre o imenso potencial de revolução na educação: ele começou a gravar seus vídeos para ensinar matemática, e hoje em dia tem um canal que se dedica a mapear todo o conhecimento humano, com aulas de ciências, programação, história, arte e economia.

Farrell comparou a revolução da nuvem com a invenção da eletricidade, e as grandes empresas com seus próprios centros de dados com as primeiras casas que tinham seus próprios geradores. Assim como a energia elétrica só deslanchou depois que foi oferecida em massa para todos, a quantidade de informações na nuvem vai aumentar exponencialmente a cada ano, e poder ter acesso aos seus dados de qualquer lugar, com qualquer dispositivo é algo revolucionário.

O diretor do YouTube para a América Latina também acredita que o potencial da região neste mercado é gigantesco, lembrando que o México é o terceiro país do mundo em consumo de vídeo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil, e valorizou os criadores de conteúdo individuais, mas lembrou que as grandes empresas de mídia já estão tentando se adaptar a esta nova realidade. Apesar de respeitar seus concorrentes, ele aproveitou para dar uma alfinetada: no Facebook, o consumo de vídeos tem uma média de 5 minutos, enquanto no YouTube, este tempo é muito maior.

Ele também prometeu novidades para o futuro próximo, com o objetivo de alcançar concorrentes como o Periscope e Snapchat, além do serviço Live do Facebook, por enquanto disponível apenas para celebridades verificadas.

Antes de terminar sua palestra, Farrell citou a Lei de Amara, cunhada por Roy Amara, ex-presidente do IFTF (Institute for the Future): nós temos a tendência de superestimar o efeito de uma tecnologia a curto prazo, e subestimar seu impacto a longo prazo.

Ele deixou uma mensagem otimista, ao mesmo tempo em que fez um alerta: é muito provável que nós não iremos reconhecer o nosso mundo daqui a 10 anos, mas não tomem esse progresso como feito. A inovação, a tecnologia e os empreendedores que oferecem estes serviços, só podem existir em um mundo sem tanta desigualdade. Quando existe desigualdade, temos o risco de acontecer o verdadeiro colapso econômico que vemos na Venezuela hoje. É preciso fazer com que a inovação chegue a todos.

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