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Miguel Nicolelis cria ratos com superpoderes

Ratos com 6º sentido? Foi isso que o laboratório do Miguel Nicolelis criou. Ele não vê gente morta, mas vê em infravermelho. Ou melhor, percebe infravermelho, graças a sensores que se comunicam com eletrodos implantados no cérebro. Mais ainda: como os sensores funcionam em 360 graus é mais correto dizer que o rato escuta em infravermelho.

8 anos e meio atrás

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Ok, é fato que ele não entende patavinas de exploração espacial, mas é inegável que de neurofisiologia o Miguel Nicolelis entende. Até demais.

Em uma pesquisa publicada num paper de título “Perceiving invisible light through a somatosensory cortical prosthesis(cuidado, PDF) Nicolelis e sua equipe grudaram um sensor infravermelho na cabeça de um rato e o conectaram a eletrodos no córtex somatosensorial do bicho. O sensor quando estimulado enviava sinais e em 40 dias o rato aprendeu a utilizar aqueles sinais, e explorar um ambiente rico em fontes de infravermelho usando o novo sentido.

As pesquisas não pararam aí. Eles adicionaram mais 3 sensores, dando uma percepção de 360 graus.

BeyondBound — Infrared Movie S2

Esses ratos 2.0 aprenderam a usar os novos sentidos em apenas 4 dias, mas não há porque parar.

O próximo passo foi, em vez do cortex somatosensorial, inserir os eletrodos no cortex visual dos ratos.

O resultado surpreendente é que assim como a localização antiga, os sinais externos não geraram confusão, as funções sensoriais dos ratos permaneceram 100% operacionais, os bigodes funcionavam, os olhos funcionavam mas por algum motivo o sinal no córtex visual foi muito mais claro (sem trocadilhos).

Dá para imaginar que os eletrodos em um ponto genérico produziam uma sensação estranha, algo como um Sentido de Aranha no rato, já no córtex visual o sinal era menos ambíguo. Como resultado os ratos com implantes no córtex visual aprenderam a utilizar os sensores infravermelhos para conseguir comida em apenas um dia.

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Um simples aumento do número de sensores e mudança de posição dos eletrodos reduziu o tempo necessário para adaptação ao novo sentido em 1/40 do original. Só isso já valeria a pesquisa, e também há a excelente comprovação de que cérebros de mamíferos possuem plasticidade bem maior do que imaginado.

Isso tem profundas implicações para futuras próteses, talvez não seja preciso desenvolver todo um modelo de funcionamento do córtex motor e programar uma Mão de Luke pra interpretar esses sinais, pode ser que apenas espetando os eletrodos no local correto o cérebro se vire para lidar com os novos sinais.

Na pior das hipóteses o Nicolelis deixou os fabricantes de ratoeiras muito felizes, agora poderão vender um kit de implante e uma ratoeira com chamariz infravermelho.

Fonte: Science Mag.

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