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Artistas criam robô para transcrever a Torá, mas isso não é kosher

Essa não é kosher mas é legal. Um grupo de artistas está expondo no Museu Judaico de Berlim um robô-escriba, programado para escrever, de forma manuscrita uma Torá.

10 anos atrás

Fifteen Commandments

Reza a lenda que um belo dia um gentio chegou pro Rabino Hilel e desafiou:

“Se você me explicar a Torá inteira equilibrado em um pé só, eu me converto.”

O rabino assumiu a posição e falou:

“Não faças aos outros o que não queres que façam contigo. O resto é só comentário.”

Claro, hoje em dia eles não estão mais em fase de captação, então não é tão simples assim se converter ao judaísmo, mas a Torá permanece. Ela não só é um dos livros sagrados entre os judeus, como faz parte do cristianismo E do islamismo. No ocidente a conhecemos como Pentateuco, os 5 primeiros livros da Bíblia, escritos por Moisés.

Ao contrário da Bíblia, que depois de Gutemberg qualquer Edições Paulinas produz aos milhões, a Torá tem todo um procedimento. Ela só pode ser produzida por rabinos especializados, escribas treinados. Como cada marca tem significado divino, não pode haver qualquer tipo de rasura ou inconsistência. O texto é escrito em hebraico, usando tinta, penas de ganso ou outros instrumentos aprovados. Não se usa papel, mas pergaminho. Uma Torá finalizada tem exatos 304.805 caracteres.

Em média um escriba experiente leva um ano e meio para produzir uma Torá. Ao final, como se não gostassem, fazem uma festa para celebrar o feito. Quando não está em uso a Torá é guardada na sinagoga em uma arca, chamada de Arca Sagrada.

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Algumas interpretações dizem que a Arca da Aliança continha entre outras coisas a Primeira Torá, escrita por Moisés. Como hoje em dia o povo judeu já tem casa própria, não há mais necessidade de tanta mobilidade, e as arcas são receptáculos, algumas vezes armários ou escaninhos nas sinagogas.

Agora uma exposição no Museu Judaico de Berlim leva todo o trabalho de confecção da Torá para o Século 21.

Criado por Matthias Gommel, Martina Haitz e Jan Zappe o robô utiliza uma caneta-tinteiro para escrever uma Torá em um rolo de 80 metros de papel. Em teoria ele faz o mesmo que o Sofer, o rabino-escriba. Só que em vez de um ano e meio, ele leva “apenas” 3 meses para completar o serviço.

O conceito é interessante e a realização ficou muito bonita, um robô escrevendo de forma “manuscrita” é algo no mínimo curioso, veja o vídeo:

Robot Writes Jewish Torah Scroll

A idéia não é substituir o trabalho humano, mas mostrar que habilidades manuais podem ser emuladas. Rabinos convidados não consideraram o trabalho heresia, pois apesar da Torá produzida não ser considerada kosher, como não é criada para ser usada em cerimônias religiosas, tudo bem. Pode ser usada para estudos e exposições.

Talvez robôs-escribas possam ser usados para produção de documentos como certificados, diplomas e convites, seria excelente, já que todos os velhinhos que fazem essas coisas já passaram dos 90 anos e não deixaram aprendizes.

Fonte: Time.

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