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Ratos de laboratório têm medo de homens e não de mulheres. Seria isso grave para a Ciência?

Cientistas confrontam o resultado de estresse dos roedores na presença de odores colhidos de indivíduos homens e mulheres e suas respostas foram diferentes. Seria isso capaz de invalidar as pesquisas feitas antes deste estudo?

10 anos atrás

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Mesmo com muita controvérsia ao redor do assunto de testes com animais, os ratos de laboratório continuam sendo ratos de laboratório e extremamente úteis para o avanço da ciência - e consequentemente, da saúde - humana.

Há décadas, estes roedores são verdadeiros heróis, que muitas vezes deram sua vida para que a gente consiga melhores condições de... vida. Ok, esse é um tema controverso e alguém logo vai perguntar quem é que já deu sua vida pelos ratos de laboratório e a discussão vai ficar acalorada e certamente terminará com alguém xingando alguém de petralha comunista ou de coxinha reacionário.

Todos sabemos que camundongos - albinos ou não - são e foram parte importantes em pesquisas científicas. Só que uma descoberta recente pode colocar muitas destas pesquisas em xeque. Ou truco, se você preferir o carteado.

O professor Jeffrey Mogil, e seus colegas do Departamento de Psicologia da McGill University, descobriram que os ratos têm medo de homens, mas não de mulheres. E este experimento tem um potencial de ser cientificamente perturbador.

Vamos analisar: isso pode significar que um sem-número de pesquisas e estudos realizados com a ajuda dos ratos, tenham tido seus resultados adulterados, sob efeito de algum tipo de estresse induzido por humanos do sexo masculino, sem que ninguém tenha se dado conta disso até então.

"As pessoas não prestaram atenção a esse detalhe por toda a história da pesquisa científica com animais. Eu acho que isso pode ter impactado, em vários graus diferentes, boa parte das pesquisas feitas até hoje" - disse o pesquisador.

E pensando cá com meus botões, provavelmente o efeito deste "medo" não está limitado a estudos comportamentais, porque órgãos e células que são usados em pesquisas médicas (como estudos de combate ao câncer) geralmente vêm de roedores. Veja:

"Se você está fazendo um estudo com uma célula viva, estas células vieram de um camundongo que foi sacrificado por um homem ou por uma mulher. Seu nível de estresse podem ter estado em diferentes estados, o que pode ter um efeito, mesmo que tardio, no funcionamento da célula viva durante os experimentos" - disse Mogil.

Tá, está meio estranho isso. Então vamos analisar a metodologia: os autores utilizaram algo chamado "Mouse Grimace Scale", que literalmente avalia reações como a dor dos roedores, através de suas...caretas.

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Bem, para medir as respostas dos roedores à exposição a homens e mulheres, eles usaram o cheiro destes indivíduos. Hipoteticamente, quando os animais foram confrontados ao cheiro de homens, em geral eles demonstraram MENOS "dor" que quando na presença de um odor feminino. Na verdade, eles praticamente não tiveram reação alguma quando expostos aos perfumes masculinos.

E, para perfume, entenda o que você quiser. Tem quem goste e eu não vou julgar ninguém.

Pode parecer estranho que eles sitam menos dor, mas a conclusão do estudo partiu da seguinte linha de raciocínio: quando um atleta tem uma pequena lesão durante um jogo importante, muito comumente ele não sente a dor imediatamente e continua jogando.

De um ponto de vista evolucionário, isso acontece para que o indivíduo continue vivo, se preocupando com outra coisa que não a dor. E que, como já senti na pele, acaba por piorar a lesão e você precisa ficar semanas sem jogar futebol, fazendo fisioterapia e usando uma bota desconfortável. Ou qualquer coisa equivalente.

Ou seja, não demonstrar que ele está sentindo a dor pode significar que o rato esteja se percebendo em risco. O risco, segundo os pesquisadores, seria a presença de um humano homem.

Bizarro. Mas os pesquisadores entendem que os ratos reagem assim por causa da competição e não da predação. Em outras palavras, o medo não é que os cientistas homem os comam, mas que suas fêmeas sejam... ok, vocês entenderam.

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Ratos machos são territoriais, disse Mogil. E durante sua evolução eles poderiam ter aprendido a como reagir diante de outros ratos, mas também machos de outras espécies de mamíferos. Bizarro 2, a missão.

De qualquer forma os cientistas já descobriram que o efeito deste estresse desaparece com o tempo, então eles já estão pensando em procedimentos que evitem que isso aconteça no futuro.

Uma delas, segundo Mogil, seria atear fogo em todos os cientistas homens - o que explicou certa parte da conclusão do seu estudo e levantou outros questionamentos. Claro que ele estava brincando. Ou será que não estava? Sim, ele estava. Ou será que não?

Mas em uma solução mais realista, seria colocar cientistas homens sentados na sala por 45 minutos antes de coletar os dados. Isso eliminaria o problema.

Em dias de jogos de futebol, isso seria facilmente conseguido. Ou com partidas multiplayer de Mario Kart ou Mario Party no Nintendo 3DS, fica a dica aí.

Por enquanto, o autor pretende escutar seus colegas cientistas e outros pesquisadores para saber se eles tiveram resultados muito variantes e confrontar com sua hipótese.

Ou mesmo colocar estudantes para realizar novos testes com homens e mulheres e revalidar os resultados. Se isso de fato faz alguma diferença, só o tempo irá dizer.

E aí, o que vocês acham? Será que isso pode mudar nosso destino? Nosso passado e nosso futuro? Acho que sei quem pode explicar isso:

Fontes: Discovery e The Verge.

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