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Combatendo Dengue com Mosquitos Mutantes

Dengue é uma desgraça, mesmo quando você não morre. As medidas de prevenção acabam não dando muito certo, quando seu vizinho coleciona pneus. Felizmente há gente pesquisando soluções, inclusive um mosquito transgênico mutante que gera filhotes fadados a morrer, muhahahah!

10 anos atrás

dengue

O pior da dengue é que mesmo quando você não pega a versão hemorrágica e morre, tem vontade. É uma doença besta que te faz sentir a pior das criaturas, tudo dói, tudo incomoda, você não consegue fazer nada, aí um belo dia você acorda 100% curado, como se nada tivesse acontecido. Toda aquela luta, todo aquele sofrimento e nenhuma cicatriz de batalha para mostrar.

Os menos afortunados, claro, morrem, e isso não é nada agradável. Os esforços de contenção do Aedes aegypti não são exatamente bem-sucedidos, ainda mais com o AMOR que o brasileiro tem por pneus e vasos de plantas, e pelo HORROR que as autoridades têm por urbanização, canalização de valões e outras atitudes que ajudariam.

Há vários estudos de vacinas contra a Dengue, mas ainda estão longe de resultados reais, enquanto isso outras iniciativas tentam acabar com o vetor da doença. Os lasers do Bill Gates são legais, mas talvez a mais interessante iniciativa seja a de uma empresa inglesa chamada Oxitec, em testes no Brasil através da… Moscamed.

A idéia é combater a Dengue fazendo algo que superficialmente não faz sentido: soltando mais mosquitos na natureza.

O projeto-piloto, sendo realizado em Jacobina, um município de 80 mil habitantes na Bahia, está sendo coordenado pela Moscamed e pela USP.

moscamed2

O mosquito solto atende pelo nome de OX513A. É uma variação geneticamente modificada que tem um gene de água-viva que o deixa fluorescente, mas não é essa a modificação principal. Ele tem um outro gene de ação letal retardada que quando ativo instrui as células a produzirem uma proteína que acaba matando os mosquitos.

Esse gene é desativado na presença de tetraciclina, assim os mosquitos se desenvolvem normalmente. Então as fêmeas são separadas e destruídas (viva o patriarcado!) e os machos, que não picam, são selecionados e em seguida soltos ao ar livre. Lá eles procuram mosquitas jovens bonitas e carinhosas que fazem um mosquito gemer sem sentir dor, fazem um nheco-nheco gostoso e morrem, tendo cumprido sua função social.

Os ovos que a dono mosquita colocará irão gerar mosquitinhos fadados a uma morte horrível, pois sem tetraciclina o acúmulo da proteína venenosa acabará com eles antes que atinjam idade adulta.

As críticas, claro, chovem. Uns dizem que não se sabe o que pode acontecer com esses mosquitos, que podem sofrer mutações. Sim, como qualquer outro mosquito na natureza. Outros acham que podem causar alergias. Não sei, mas como mosquitos machos não picam, não vejo como problema, e mesmo que picassem, entre alergia e dengue prefiro a alergia.

O Projeto Aedes ainda está em fase-piloto, e não há dúvida de que a longo prazo os mosquitos vão se adaptar, mas Darwin é assim mesmo. Por enquanto ainda é cedo para dizer se é uma solução viável, pode ser até que uma vacina eficaz surja e torne desnecessária a estratégia de mosquitos transgênicos, mas por enquanto a única certeza é que o povo de Jacobina adorou o projeto, pois a população de Aedes aegypti em Jacobina caiu em 90%.

Não gostou, faz melhor.

Fonte: PRI.

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