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EA, Dungeon Keeper e como destruir um game clássico

Transformado num título impossível de ser aproveitado sem microtransações, EA mostra com remake de Dungeon Keeper tudo o que não pode ser feito num game

10 anos atrás

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Nós já vimos casos em que desenvolvedoras pervertem tudo num jogo para ganhar tostões a mais com games que esfolam a carteira do jogador a todo momento. Como hoje em dia a fórmula para fazer dinheiro do cenário mobile é desenvolver apps freemium, não são poucas as empresas preguiçosas que não se preocupam em entregar um jogo minimamente atraente, ou mesmo jogável sem aporrinhar o jogador, fazendo-o gastar altas cifras com microtransações.

A empresa que mais adora o valor das verdinhas é com certeza a Electronic Arts. Nos últimos tempos muitos de seus títulos se renderam ao método de vendas ingame, sendo que em alguns títulos o sistema foi implementado de tal forma que só é possível progredir com certa velocidade se o jogador abrir a carteira. Plants vs. Zombies 2 é um bom exemplo.

Só que nesta semana ela se superou. O remake de Dungeon Keeper, o clássico da Bullfrog Productions lançado em 1997 por um Peter Molyneux pra lá de inspirado vinha sendo esperado com certo receio exatamente pelo temor do que a EA, na posição de dona da franquia faria com o título. E os temores foram até conservadores: lançado na segunda-feira, o título é simplesmente INJOGÁVEL caso o jogador não ceda às microtransações.

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Os elementos do game clássico estão todos lá, mas aliados a contagens regressivas intermináveis. O custo dos itens que o jogador precisa para construir, cavar ou montar armadilhas escala de forma exponencial em pouquíssimo tempo, e conseguir as gemas, a moeda corrente demora uma eternidade. Cavar um poço simples pode levar literalmente dias, a menos que você esteja disposto a gastar dinheiro com o game. Muito dinheiro.

Acusada de destruir o game em prol do lucro Jeff Skalski, produtor da EA Mythic defende sua produção, dizendo que pretende refinar Dungeon Keeper de acordo com o feedback dos gamers, mas ressalta que mesmo com todo o backlash recebido (nem Molyneux gostou do game) o título está com uma avaliação excelente, com 3 de 5 estrelas na iTunes App Store e 4 estrelas na Google Play Store (já esteve melhor, com 4 e 4,5 respectivamente).

Só que há uma marmotagem da grossa nessa história: a versão do Android apela para a manipulação da opinião do jogador. Após algum tempo de jogo um popup aparece pedindo que o gamer avalie o título, mas ressalta que "uma avaliação de cinco estrelas garante atualizações gratuitas" no futuro.

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Como se não bastasse, só há duas opções: um botão de cinco estrelas que redireciona para a página do app e um de uma a quatro estrelas, que não permite que o jogador vote: ao invés disso força uma janela pedindo que ele mande um e-mail à EA. Claro, escolhendo a opção de cinco estrelas é possível ainda avaliá-lo de forma diferente, mas não deixa de ser uma sacanagem sem tamanho pois ele cria um estorvo ao jogador caso ele não dê a nota máxima.

É uma pena infelizmente. Dungeon Keeper ficou muito bonito e tinha tudo para agradar os fãs da série e tentar fazer frente ao sucesso de Clash of Clans. Entretanto, como a EA pôs tudo a perder na ânsia de arrancar dinheiro do jogador e ainda tenta de forma dissimulada manipular sua opinião só me resta aconselhar os leitores a ficarem longe desse título.

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