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Jogos de Sexo, Espionagem e NSA

Qual a melhor forma de obter informações, chantagear e controlar uma pessoa? Fácil, é só estudar os hábitos sexuais dela. É isso que a NSA anda fazendo, vigiando o Pr0n que militantes muçulmanos acessar. Será que isso é novidade, invenção do Obama?

10 anos atrás

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Era 1957. Guerra Fria pegando fogo. Joseph W. Alsop Jr, um jornalista americano com contatos em Moscow estava na cidade em uma de suas visitas, quando a combinação de festa, vodca e rapazes atraentes o levaram a fazer o que qualquer um (de vocês, não eu) faria: ele levou um dos rapazes para o quarto e passou a se dedicar ao amor que não ousa dizer seu nome. Nisso entram agentes da KGB e tiram várias fotos de Joseph praticando até gomorria (sodomia é pra n00bs).

Era uma armadilha. A KGB já sabia que Joseph era gay, e montou uma situação para que ele fosse flagrado, fotografado e chantageado para se tornar um agente de Moscow. Era uma oferta que ele não poderia recusar. Homossexuais nos EUA nos anos 50 não eram bem-vistos. Eram tidos como ameaças, sua orientação sexual era classificada como doença e foram sistematicamente perseguidos, chamados de Perigo Lavanda, ironicamente por acharem que eles eram suscetíveis a chantagens por parte dos russos.

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Joseph Alsop não se rendeu à chantagem. Correu para a embaixada americana, procurou um conhecido da CIA e contou todo o caso. O fantasma de ser tirado do armário o perseguiu por muito tempo. 15 anos depois, em uma tentativa de minar sua credibilidade, os russos enviaram as fotos comprometedoras e comprotiradoras para diversos jornalistas conhecidos nos EUA.

John Vassal, adido militar na embaixada britânica em Moscow foi fotografado fazendo sexo com vários homens, em 1954, e forçado a espionar para os soviéticos por vários anos. O uso de indiscrições sexuais é bem comum, embora pouco documentado na História da Espionagem. Há casos de soldados que se apaixonam por agentes russas, mulheres treinadas na inexistente (dizem) Escola de Andorinhas da KGB que se insinuam e seduzem oficiais de governos inimigos, obtendo informações por chantagem ou apenas pedindo, e há até o caso de Katrina Leung, que era uma suspeita de ser agente chinesa, convertida em agente-dupla, trabalhando para o FBI.

Katrina então seduziu seu oficial superior e o usou para obter informações. Ela era uma agente TRIPLA, trabalhando pro serviço secreto chinês. Guerra Fria? Não, isso foi em 2003.

Também não podemos deixar de lembrar da quintessência da Espiã, a primeira Femme Fatale da era moderna, Mata Hari, dançarina exótica holandesa que espionou para a Alemanha durante a 1ª Guerra Mundial. Ela se tornou cortesã (uma dama que troca favores por dinheiro) e por seus aposentos passaram generais, primeiros-ministros e outros de alto escalão. A quantidade de informação que ela angariou foi imensa, e só parou depois que foi presa pelos franceses, julgada e fuzilada em 1917.

A CIA não era santa nessa brincadeira, mas eles descobriram que os russos respondiam melhor a oferta de dinheiro e liberdade do que chantagens ou ofertas sexuais.

Nem sempre a estratégia de constranger e chantagear dá certo. Certa vez a KGB montou uma operação com várias jovens e edificantes agentes disfarçadas de aeromoças. Elas deveriam seduzir Achmed Sukarno, Presidente da Indonésia, em uma visita a Moscow. Conseguiram (d'oh). Foram pra suíte onde rolou um surubadejo de recalque de primeira, tudo devidamente filmado por duas câmeras ocultas.

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Não é Cosplay da Viúva Negra. Essa é Anna Chapman, filha de um agente da KGB, foi presa nos EUA em 2010 acusada de espionar para a SVR, a principal agência de espionagem da Rússia. Foi libertada em uma troca de espiões e voltou pra Moscow.

No dia seguinte a KGB levou o Presidente Sukarno pra uma sala, mostraram o filme e ameaçaram divulgar. Sukarno adorou, disse que o povo da Indonésia ficaria orgulhoso da performance presidencial, agradeceu o presente das jovens e ainda pediu cópias do filme.

O uso de sexo como ferramenta de espionagem é algo tão velho quanto o Tempo. É literalmente bíblico, basta lembrar da história de Sansão e Dalila. Uma vítima que todo mundo conhece é Julian Malfoy Assange, que depois de se tornar uma pedra no sapato de todas as agências de espionagem do mundo, foi enquadrado quando desencavaram uma acusação muito mal-contada de estupro, abuso sexual ou cafajestagem de 1º grau, dependendo de como você veja a coisa. Suas escapadelas com as suecas (QUEM PODE CULPAR?) serviram para minar sua credibilidade, prejudicar sua imagem e despertar dúvidas sobre seu caráter.

Uma operação by the book. O book no caso é um documento da NSA vazado por Edward Snowden, o nerd fofoqueiro™, onde instruem que 6 suspeitos muçulmanos tenham seus hábitos de internet vigiados, incluindo acesso a sites pornográficos. Essa informação seria usada para minar a credibilidade desses suspeitos junto a seus subordinados.

Eu sei que George Bush Barack Hussein Obama é a encarnação do mal, inimigo de todas as liberdades e grande vilão da internet, mas será que é tão difícil perceber que NADA mudou? Sim, hoje é mais fácil espionar os outros, mas a ferramenta não importa, e sim as motivações, que continuam as mesmas desde sempre. No jogo entre nações não existem vilões ou mocinhos, é um grande tanque de piranhas. Umas maiores, outras menores.

Não é uma conclusão feliz e não há nenhuma sugestão viável para mudar isso, ao menos nenhuma que não passe por uma utopia de todos dando as mãos e cantando kumbayá. O gênio saiu da garrafa, a boceta de Pandora foi aberta, mas dessa vez a esperança também saiu, pois a mesma tecnologia que permite que todos sejam vigiados permite que todos vigiemos. Não precisamos de menos Obamas, precisamos de mais Snowdens. (ok, menos Assanges, ele tem cara de vilão)

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