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Nova lente criada à partir da combinação da visão humana e de insetos

Cientista inventa estrutura óptica inspirada na mistura de conceitos dos olhos humanos e de insetos. Visão grande-angular impressionante aliada à capacidade humana de focar objetos.

10 anos e meio atrás

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Há algum tempo atrás eu publiquei uma notícia que dizia que cientistas tinham inventado uma câmera inspirada nos olhos dos insetos. A técnica se baseava em uma ampla gama de lentes com focos minúsculos e detectores dispostos em formato côncavo, assemelhando-se ao enorme sistema ocular bulboso de insetos como a formiga, abelha, libélula ou o louva-deus. Agora pesquisadores da Universidade de Ohio desenvolveram uma nova lente, e eles alegam que ela combina conceitos da formação de olhos humanos e sistema de visão de insetos.

Segundo os cientistas, o sistema ocular humano é muito bom para focar objetos, enquanto o dos insetos é conhecido por sua capacidade de visão grande-angular. Isso porque, mesmo para espécies diferentes dos pequenos seres vivos, a imagem é captada por várias lentes e combinada em uma só, no cérebro.

Há várias vantagens para os insetos, principalmente pela capacidade de enxergar objetos em ambientes com luz baixa, enorme campo de visão e profundidade, além da habilidade de reconhecer mudanças mínimas no cenário, de uma forma muito mais rápida. A desvantagem inclui menor resolução e pouca habilidade para focar.

Yi Zhao, engenheiro biomédico e um dos responsáveis pelo estudo, disse que o objetivo principal da equipe era conseguir combinar justamente o melhor dos dois mundos: o foco dos olhos humanos e a visualização grande-angular dos insetos, buscando assim fabricar uma nova lente. E eles conseguiram, usando um polímero transparente com um fluído gelatinoso dentro. Este fluído exerce a mesma função de um líquido que nós temos em nossos olhos.

A lente, como vocês podem ver abaixo, é a combinação de nove micro lentes, que não se parecem lá com um olho de um inseto. Mas conforme o fluído se movimenta e as cúpulas individuais se expandem e se contraem, o efeito neste sistema óptico é exatamente o mesmo.

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Uma das principais vantagens deste sistema é que ela não tem partes móveis, como as encontradas em lentes convencionais. Em vez disso, o ajuste é realizado pelo efeito que o fluído exerce na estrutura flexível. E esta ausência da mecânica envolvida nos modelos tradicionais permite que a lente inspirada na combinação dos olhos humanos e de insetos possa ser menor, mais simples e mais leve, servindo para indústrias como as de dispositivos móveis e smartphones, mas também em equipamentos médicos, como os utilizados em exames de laparoscopia, apenas para citar um exemplo.

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Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o olho humano produz este líquido que temos no nosso globo ocular. E no sistema do senhor Zhao? Então, esse talvez seja o principal fator negativo do invento: para poder controlar o fluído que ajuda a lente a realizar o foco, é necessário utilizar um reservatório externo, no qual o líquido é armazenado. Numa versão comercial, será necessário acionar algum tipo de bomba que distribui o produto da maneira adequada. Durante os testes do protótipo, esta tarefa foi feita manualmente mesmo.

Nada foi dito à respeito do custo de produção comercial de uma lente assim, nem de seu possível preço. Mas sabe-se que os próximos passos do projeto envolvem o refinamento da estrutura ótica, além da tentativa de encolher ainda mais seu tamanho.

Pois é: enquanto outros seres vivos imitam a engenharia humana (ou quase isso), a gente se inspira na natureza também.

Fonte: Ohio State University.

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