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O que você fez pelo Linux hoje?

15 anos atrás

Há algum tempo, um amigo meu passou por um sério problema: suas placas ARM queimavam sem motivo aparente. Não a placa toda, claro, apenas o subsistema I2C (protocolo serial desenvolvido pela Philips, muito usado na comunicação entre chips na placa-mãe). Depois de três delas no lixo e horas de análise do hardware, a suspeita recaiu sobre o software: o módulo do kernel que cuidava do barramento.

Como toda aquela parte veio da empresa que fabrica o chip, era de se supor que estava funcionando, não é mesmo? Afinal, há milhares de usuários pelo mundo afora, centenas de desenvolvedores... a chance desse problema acontecer apenas com ele era muito pequena. Pelo menos, era o que pensávamos.

Algumas horas de estudo depois e a conclusão: o problema era mesmo o módulo, que mais parecia uma versão "pré-alpha": nem inicializava os registradores direito!

Para encurtar a história: refizemos o módulo e nunca mais uma placa queimou (ao menos, não por esse motivo).

Agora vejam: a maior vantagem do GNU/Linux©, que os lusers (Linux Users) berram aos quatro ventos é justamente ser aberto. Afinal de contas, o sujeito foi lá e consertou o código. Fantástico, certo? Talvez... sem contar as horas perdidas antes do "remendo", é praticamente impossível que outro desenvolvedor já não tenha passado pelo mesmo problema. E, se de fato isso aconteceu, por que o código ainda estava defeituoso? Porque uma minoria dos usuários desenvolve algo. E, dessa minoria, uma porcentagem ínfima tem vontade/motivo/interesse em compartilhar as modificações. O ser-humano é egoísta.

É fácil sair dizendo que o código-livre é a salvação da lavoura... que se der algum problema, a comunidade ajuda... mas tente usar um fórum ou lista de emails especializada. Nas primeiras dez perguntas, a resposta-padrão será: "como você é burro... já leu o manual?" "Já procurou no Google?" "Você sabe ler?".

É por essas e por outras que o mundo é da Microsoft. Ao menos, seu modelo é mais honesto: pague e terá todo o suporte que precisa.

Se cada usuário escrevesse ou melhorasse UMA linha de código, em vez de sair jogando ovos em empresários ou deixando de tomar banho, o pinguim já teria saído de cima da geladeira há muito tempo. E você? O que fez pelo Linux hoje?

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