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Electron subiu mas astrônomos não estão nada felizes.

O Electron, um foguete de mais uma empresa privada com programa espacial melhor do que o nosso foi lançado com sucesso, e junto várias surpresas, inclusive uma que os astrônomos não ficaram exatamente felizes…

6 anos atrás

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Depois de um primeiro lançamento quase bem-sucedido a Rocket Lab USA, uma empresa da Nova Zelândia (acredite se puder) conseguiu colocar em órbita o Electron, seu mais recente foguete. Foi um feito e tanto: a SpaceX só foi bem-sucedida no 4º ou 5º Falcon 1.

O Electron foi criado para atingir o mercado de pequenas cargas, que dependem de vaga em lançamentos maiores, o que nem sempre é conveniente em termos de cronograma, espaço e preço. Custando meros US$ 4,9 milhões por lançamento, é uma pechincha.

Feito em grande parte de fibra de carbono, ele tem 17 metros de comprimento, 10 toneladas e consegue colocar em órbita baixa cargas de até 225 kg.

Fica até feio comparar com o foguete brasileiro, o explodido VLS, que teria 19 metros, 50 toneladas e colocaria em órbita cargas e 380 kg. E nem vou entrar no detalhe do Electron ter custado uma fração do que a gente enterrou nesse projeto, e a Rocket Lab foi fundada em 2008.

Fora motores impressos em 3D, o Electron tem várias inovações. Uma delas são as bombas de combustível/oxidante elétricas. Normalmente as bombas usam o próprio combustível do foguete, com bombas elétricas é possível controle muito mais refinado da propulsão ativação imediata e o combustível vai todo pra propulsão. A desvantagem é o peso, e o Electron ejeta baterias usadas durante o vôo. É algo único em termos de engenharia espacial.

O lançamento ocorre no minuto 14:50 e a ejeção das baterias no 21:24.


Rocket Lab • Still Testing Launch - 01/21/2018

O Electron levou além de dois cubesats, uma outra surpresa: um terceiro estágio, não-anunciado, usado para posicionar satélites em órbitas específicas:

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Sim, aquele negocinho minúsculo no meio é o motor. Tudo é mais fácil quando você já está no espaço.

Só que a outra surpresa (como cabe coisa nesse foguete) não agradou muito à comunidade dos astrônomos. O Electron levou um satélite que chamaram de Estrela da Humanidade (ai que fofo) visto aqui ao lado de Peter Beck, CEO da empresa.

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É basicamente um poliedro espelhado e… (cuidado com o enjôo)

Nasceu do desenho de encorajar as pessoas a considerar seu lugar no universo e refletir no que é importante em suas vidas e nas vidas da humanidade enquanto espécie”.

Argh. Gorfou também? Pois é. Esse troço vai ser visto como um pontinho mais brilhante, dependendo do horário do dia. Ficará em órbita por mais ou menos um ano, e tem até website próprio, onde você pode colocar sua localização e ele calculará o próximo avistamento. No meu caso ele estará visível daqui a 35 dias, durante 1 minuto. Já estou até sentindo minha visão do Cosmos mudando.

Astrônomos também estão sentindo isso, e não gostando. Coisas brilhantes no céu costumam atrapalhar telescópios, que às vezes ficam semanas fotografando a mesma região até conseguir luz suficiente para uma imagem, e mais um satélite brilhante com chance de passar na frente das lentes não é uma boa idéia.

Alguns mais cínicos lembraram que faz tempo que a gente lança coisas brilhantes no espaço e isso não acabou com as guerras.

De qualquer jeito, agora é tarde: o bicho já está lá em cima, e o Electron já tem dois lançamentos comerciais marcados. Boas vindas ao novo player do mercado.

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