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Desculpe Starman mas os soviéticos mais uma vez chegaram na frente.

Muito, muito antes de Elon Musk, um manequim já foi ao espaço. Clique e conheça a história do Camarada Cosmonauta Ivan Ivanovich!

6 anos atrás

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A SpaceX maravilhou o mundo ao lançar o Tesla Roadster de Elon Musk, pilotado pelo Starman, um manequim usando o traje espacial da empresa. O que mais provocou comentários raivosos, mesquinhos e invejosos foi justamente ser algo simples, que qualquer outra empresa poderia ter feito. Só que não fizeram: assim como Jobs, Musk tem IMAGINAÇÃO.

Até então todo teste inicial de um novo foguete usava um simulador de massa, um bloco de metal e concreto. Faz sentido: o primeiro lançamento tem enormes chances de dar errado, e ninguém vai colocar satélites ou experimentos científicos caros no topo de um tubo cheio de combustível com 50% de probabilidade de fazer cabum.

Aí vem a internet e chilica porque um sujeito resolveu usar um carro em vez de um bloco de cimento.

O mais divertido disso tudo é que o pessoal que chora indignado por causa do Starman ter tanta atenção nem sabe que ele sequer foi o primeiro manequim espacial, mesmo descontando o Buster.

A honra cabe a um “sujeito” chamado Ivan Ivanovich.

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O Camarada Ivanovich voou duas vezes, no Korabl-Sputnik 4 e no Korabl-Sputnik 5, antecessoras da Vostok que levou Gagarin. Ele tinha um monte de instrumentos científicos e estruturas simulando órgãos e ossos, foi usado para estudar os efeitos do lançamento, da permanência do espaço e da ejeção do pouso no corpo humano.

Antecipando Richard Gere em décadas, Ivan tinha vários hamsters dentro de seu corpo. Além de bactérias, ratos, répteis, amostras de sangue humano, levedura, células de câncer e um cachorro. Ou melhor, o cachorro ficou do lado de fora.

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O lançamento, como todo o projeto, foi feito no mais absoluto sigilo, mas seria impossível impedir que os sinais fossem captados e, fora a telemetria dos dados, era preciso testar a comunicação por voz, por isso o Camarada Ivanovich levava um gravador.

Decidir quais mensagens transmitiriam foi complicado. No final escolheram uma música de um coro, para que nenhum espião americano achasse que a nave era tripulada. Também transmitiram de órbita uma receita de ensopado de repolho, para confundir a cabeça dos porcos capitalistas.

Muita gente não gostava do Camarada Ivanovich, diziam que os cientistas o haviam feito humano demais, e parecia um cadáver. Os cientistas concordaram, e em seus vôos Ivanovich levou uma placa no capacete com a palavra “MAKET” que significa modelo, mockup.

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Isso não adiantou muito durante um dos vôos, quando a cápsula se aproximou da região planejada, o camarada Ivanovich foi ejetado como esperado e caiu numa clareira. Moradores da região acharam que era um piloto de avião-espião ianque, e correram pra dar um jeito nele. Ao mesmo tempo os soldados da equipe de recuperação chegaram, e explicaram que era apenas um boneco.

Não adiantou, um dos camponeses deu um soco na cara do pobre Ivan, que hoje mora no National Air and Space Museum, em Washington, DC.

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