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Resenha — Moto G5S: mais do mesmo, mas de roupa nova

Confira nossa resenha do Moto G5S, o novo smartphone intermediário da linha campeã de vendas da Motorola, que chega com poucas novidades em relação ao G5.

6 anos e meio atrás

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Um mês atrás a Motorola apresentou os novos membros da família Moto G: o Moto G5S e o Moto G5S Plus chegaram para atender o consumidor de sua linha de dispositivos mais bem sucedida, com uma proposta de melhor design mas com as mesmas decisões de hardware. A pergunta é: tal esforço vale a pena ou a companhia só fez aumentar a confusão de sua linha de smartphones?

Eu testei o Moto G5S por duas semanas e estas são as minhas impressões.


Design

Vamos começar pela lista fria:

  • SoC Snapdragon 430 da Qualcomm, octa-core Cortex-A53 com clock de 1,4 GHz e GPU Adreno 505;
  • 2 GB de memória RAM;
  • 32 GB de espaço interno (expansível via Micro-SD de até 256 GB, bandeja híbrida);
  • display LCD IPS de 5,2 polegadas com resolução Full HD (424 ppi);
  • câmera principal de 16 megapixels com abertura ƒ/2,0; autofoco com detecção de fase, Flash LED, HDR e que filma em 1080p a 30 fps;
  • câmera selfie de 5 MP com abertura ƒ/2,0 e Flash LED;
  • leitor de impressões digitais com suporte a gestos;
  • 4G/LTE Dual-SIM, Wi-Fi 802.11ac, Bluetooth 4.2, BLE, A-GPS, GLONASS;
  • bateria de 3.000 mAh;
  • saída para fone de ouvido estéreo;
  • porta Micro-USB;
  • Android 7.1 Nougat;
  • dimensões: 150 × 73,5 × 8,2 mm;
  • peso: 157 g.

Vendo as especificações você já nota algo: tirando o display maior (5,2″ em vez de 5″), uma bateria de maior capacidade (3.000 mAh contra 2.800 mAh) e melhorias nas câmeras o Moto G5S é essencialmente um Moto G5 com outra carcaça (a mesma lógica se aplica ao comparar o Moto G5S Plus com o Moto G5 Plus). A proposta da Motorola é exatamente essa, oferecer uma versão "especial" de seu best-seller mas com melhorias minimamente pontuais.

A maior diferença entre eles é o design externo. Sai o case de plástico revestido de metal e entra um corpo de alumínio anodizado de peça única e por causa disso a bateria passa a ser embutida. As linhas nas extremidades superior e inferior do gadget são os contatos da antena, para que ele não tenha problemas de receptividade.

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O corpo metálico com acabamento escovado no entanto tem uma vantagem: ele confere uma pegada extremamente firme e dificilmente o Moto G5S vai escorregar da sua mão. Isso aliado à curvatura faz com que ele seja menos suscetível a tombos acidentais.

Na parte de conexões temos uma porta Micro-USB, básica em modelos de entrada e intermediários (o USB-C é normalmente reservado apenas às linhas premium) e saída para fones de ouvido na parte superior, além dos botões Home e de volume. Nada mais, a Motorola abriu mão sabiamente dos botões físicos para navegação e faz uso dos virtuais. Ou quase isso.

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O leitor de impressões digitais, posicionado na parte frontal do Moto G5S cumpre desde 2016 a função cumulativa de touchpad, respondendo aos comandos do usuário e fazendo as vezes dos antigos botões capacitivos/mecânicos: deslizar para a esquerda aciona o comando Voltar, para a direita abre a gaveta de apps em segundo plano  e um toque rápido aciona a função Home. Parece estranho, mas com o tempo você se acostumará com os gestos quando não tiver vontade de usar os comandos na tela (ou quando eles estão ocultos).

Como leitor biométrico per se cumpre o esperado: é rápido, reconhece facilmente suas digitais e desbloqueia/bloqueia seu aparelho em questão de instantes.

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Como de praxe a Motorola fez do Moto G5S um modelo Dual-SIM (algo que mesmo os modelos de ponta estão finalmente recebendo) mas nem tudo é perfeito: a bandeja é híbrida, o usuário mais uma vez será obrigado a escolher entre utilizar dois chips SIM ou um apenas e o cartão Micro-SD (até 256 GB). Ainda que os 32 GB de memória interna não sejam pouco para um smartphone, contar com uma bandeja própria seria o ideal aqui para não forçar o consumidor a escolher qual o melhor cenário para si.

E ah, temos a tela. O display LCD IPS aumentou um pouquinho em relação ao Moto G5, indo de 5 para 5,2 polegadas mas mantendo a resolução Full HD, derrubando a densidade de pixels por polegada de 441 para 424 ppi. Isso não chega a ser um problema, ainda mais porque os fabricantes começam a entender que 1080p pode ser o mínimo para smartphones mais modestos, e a resolução 720p está sendo empregada em modelos de entrada. Soa como uma compensação quando comparado com o Moto G4, que tinha display de 5,5″.

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A tela do Moto G5S possui boa definição de cores com baixa distorção, um brilho potente mas nada espetacular e uma saturação agradável, o que se espera de um modelo mediano. O sensor de luminosidade é um pouco lento no entanto, demorando a se ajustar às condições de luz dos ambientes. No mais, é um bom display que não faz feio.

Performance e Autonomia

Como dito antes o Moto G5S é meramente um Moto G5 de fraque, logo sua performance é bastante similar. O Android 7.1 Nougat quase puro possui as já costumeiras modificações da Motorola, como o app Moto que permite a configuração de gestos para acionar funções como girar o pulso para acionar a câmera, virar a tela para baixo para silenciar notificações e agita-lo duas vezes para ligar a lanterna, entre outros.

Já o app Moto Tela configura as notificações na tela de bloqueio, e através dela você pode desconsidera-las ou responder diretamente, ou acessar de pronto o app em questão. Para quem já é usuário dos aparelhos da Motorola, tais funções são bem conhecidas.

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O Snapdragon 430, aliado aos 2 GB de RAM disponíveis e a GPU Adreno 505 dá conta da maioria das situações de uso, de consumo de conteúdo a mídia e jogos embora pareça que estamos perdendo algo aqui: o Moto G4 veio com um Snapdragon 617, também octa-core e embora seja evidente que os smartphones da linha Moto G5/G5S tenham recebido chips de uma série inferior, na prática foi como trocar seis por meia-dúzia: a Lenovo optou por um SoC mais modesto para manter a mesma performance do G4, ao invés de oferecer um aparelho com um chip 600 series que seria superior e se aproximasse muito do Moto X4, este com um Snapdragon 630.

Se bem que o Moto G5S Plus é equipado com um Snapdragon 625 e os mesmos 3 GB de RAM do Moto X4, mas enfim… é uma bagunça.

No frigir dos ovos o Moto G5S é um bom aparelho. Ele dá conta de música, games moderados, redes sociais, leitores de e-books, navegadores e players de vídeo, como o comilão de recursos VLC mas com ressalvas: um filme em Full HD de pouco mais de duas horas fez a bateria ir de 100% a 65%, demonstrando que ela é apenas adequada para um produto de sua categoria.

Em geral a autonomia da bateria, com seus 3.000 mAh é satisfatória para um uso moderado a pesado, resistindo um dia inteiro. Ao tirar o Moto G5S da tomada às 8:00 e usá-lo das mais variadas formas, foi constatado às 23:00 que ela baixou para em torno de 23%, um número muito bom. Por fim, o carregador rápido garante uma carga de 0% a 50% em 30 minutos.

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Câmera

A câmera melhorou um pouco em relação ao Moto G5, agora contando com 16 megapixels e abertura ƒ/2,0. No entanto não espere por nenhuma maravilha da fotografia: o componente é apenas ok, com perda de definição das imagens e uma boa dose de ruído em situações com pouca luz.

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Sem HDR

A câmera tende a explorar bastante o uso do branco, em alguns casos a imagem poderá inclusive apresentar aberrações cromáticas como o céu ficar branco. O modo HDR tende a corrigir esses deslizes, mas é preciso ter em mente que detalhes poderão e serão perdidos ao aplicar o filtro. No mais é aconselhável utilizar a câmera do Moto G5S em situações com bastante luz.

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Com HDR

Em ambientes internos ou fotos à noite você terá um pouco mais de trabalho para tirar suas fotos: muitas vezes o aparelho terá alguns problemas de foco e obrigará o usuário a repetir o clique, mas até aí isso é norma e não exceção em smartphones. O pós-processamento do Moto G5S se encarregará de corrigir possíveis imperfeições e o resultado pode não agradar muito, mas ainda é melhor do que algumas câmeras presentes em outros smartphones da mesma categoria.

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A câmera selfie possui 5 megapixels e abertura ƒ/2,0; e é apenas ok. Boa para tirar fotos em ambientes iluminados, não tão boa para todo o resto. Haverá uma grande quantidade de ruído capturado e o pós-processamento está presente aqui também, mas calma: a foto não ficará com aspecto que passou na máquina de lavar, o sistema é bem comportado e não pega pesado na hora de aplicar os algoritmos de suavização.

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No fim das contas as câmeras são boas, para a maior parte das situações de fotos e de vídeo: a principal é capaz de filmar em 1080p a 30 frames por segundo, o mínimo aceitável para qualquer ocasião.

Você confere as originais destas e de outras fotos no Flickr.

Conclusão

Se compararmos diretamente o Moto G5S com o Moto G5, é possível dizer que o último perder a razão de ser. A única vantagem dele, a possibilidade de remover a bateria não é suficiente para justificar sua compra frente ao modelo mais recente da Lenovo/Motorola.

Por outro lado, tudo o que pode ser dito do primeiro se encaixa aqui: o Moto G5S é um smartphone absolutamente intermediário, que traz poucas novidades em relação ao Moto G4. A Motorola se limitou a fazer atualizações pontuais no hardware mantendo-o como um smartphone que faz mais do que o básico, como o Moto C Plus ou o E4/E4 Plus e com características inferiores ao Moto G5S Plus como menos RAM, display menor e câmera simples, ao invés da dupla presente em seu irmão maior.

Sobre o preço: apesar do valor sugerido de R$ 1.099,00 da Motorola Brasil permanecer hoje é possível adquiri-lo por até R$ 967,00 no boleto, enquanto o Moto G5 pode ser encontrado por até R$ 764,00 nas mesmas condições de compra. Fica a gosto do usuário, se ele deseja um aparelho com melhor acabamento ou um mais em conta, visto que as diferenças entre o Moto G5 e o Moto G5S são quase nulas.

Pontos fortes:

  • bom design, com pegada firme;
  • desempenho adequado para um aparelho intermediário, sem engasgadas;
  • leitor de digitais em modelos não-premium é algo sempre bem-vindo.

Pontos fracos:

  • o som merecia mais cuidado;
  • a câmera tem a tendência de distorcer cores (e o HDR não ajuda);
  • apesar de Dual-SIM, o cartão Micro-SD não conta com bandeja dedicada.

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