Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
As pessoas costumam dizer que a Apple, o Facebook ou o Google são empresas malignas mas sendo justo, todas elas são principiantes no Grande Esquema das Coisas. Se você quer conhecer corporações realmente más, nefastas e maquiavélicas é só olhar para as operadoras de telefonia, internet e TV a cabo, e a última envolvendo a Comcast chega a ser um exemplo didático disso.
Em agosto de 2016 o gabinete do procurador-geral do estado de Washington Bob Fergurson abriu um processo contra a Comcast, acusando a operadora de fazer uso de práticas ilegais no que tange à implantação de um “Plano de Serviços de Proteção”, que data de 2011. Basicamente, e isso a companhia admitiu depois, cerca de metade dos consumidores que aderiram ao plano o fizeram contra a vontade, com funcionários inscrevendo os mesmos no programa de forma ilegal mesmo com os consumidores expressando de forma clara sua decisão de não adquirir nenhum plano adicional. Pior: os mesmos funcionários mencionavam que o programa era gratuito, quando na verdade a adesão estabelece uma cobrança mensal de US$ 6.
Só que isso não é o pior: o tal plano, que deveria reduzir os custos de reparos na instalação e de assistência técnica, era completa e absolutamente inútil. O contrato previa a exclusão da cobertura de “reparos internos e externos na instalação”, o que é exatamente tudo o que o programa deveria fazer. A única coisa que o usuário tem coberto é a visita do técnico para dizer que há um problema na instalação, e para isso ele paga seis mangos por mês. Tudo o mais é cobrado à parte.
Calma que piora mais ainda: Fergurson está agora ampliando o processo contra a Comcast, adicionando uma nova reclamação pois não só a operadora se recusou categoricamente a fornecer as gravações dos contatos com os clientes, como posteriormente admitiu ter deletado 90% do banco de dados. Detalhe, após o início das investigações, quando foi orientada a preservar os dados.
Tais práticas vindo de operadoras não são nenhuma novidade, mas a audácia da Comcast nesse caso em que ela forçou os clientes a pagar por nada impressionou os reguladores. A operadora alega que a investigação da procuradoria-geral se baseia “em presunções e metodologias equivocadas” e que o Plano de Serviços de Proteção funciona exatamente como deveria, cobrindo reparos “em 99% das vezes”. Só que segundo a denúncia não é bem o que acontece.
Conclusão: quando o assunto são companhias malvadas, as operadoras estão anos-luz à frente das demais.