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A Máquina de Lorenz, a Super-Enigma

E a Enigma não foi a única máquina de criptografia nazista. Havia várias outras, mas talvez a mais sinistra fosse a Lorenz. Ela era virtualmente indecifrável, até que um golpe de sorte ou um incrível momento de incompetência (depende de que lado você está) permitiu que fosse vislumbrado seu funcionamento, e isso mudou a História.

7 anos atrás

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A Enigma é a máquina de criptografia mais famosa da Segunda Guerra, mas nem de longe foi a única. Existiam montes de cifras e equipamentos de todos os lados, alguns tão secretos que só foram divulgados décadas depois de as Enigmas se tornarem conhecimento popular.

Uma das mais medonhas em termos de capacidade era a Lorenz. Em essência usava o mesmo conceito de rotores da Enigma, mas em vez de 3 rotores ela vinha equipada com 12, o que gerava uma quantidade de permutações que faria um computador da NSA suar frio. 10151 combinações para ser preciso.

Usada pelo Alto-Comando alemão, a Lorenz era pouco difundida, por ser cara e de difícil construção. Por isso mesmo as mensagens mais suculentas circulavam por ela, dizem que até fotos da Eva Braun em ASCII Art. 😉

Os criptógrafos de Bletchey Park estavam impotentes diante da cifra da Lorenz, até que um daqueles momentos de sorte mudou o destino da Guerra. No dia 30 de agosto de 1941 um operador de rádio nazista, baseado em Atenas enviou uma mensagem para Viena. O chamaremos de Schultz.

Do outro lado a mensagem chegou truncada, e nazista vienense pediu que fosse reenviada.

Schultz, preguiçoso, começou a redigitar a mensagem. Só que ele ignorou o procedimento e, em vez de reconfigurar a criptografia, manteve a mesma chave, que foi enviada em aberto. A sequência? HQIBPEXEZMUG.

O incompetente do Schultz redigitou a mesma mensagem, com a mesma cifra, com a mesma chave, modificando somente alguns trechos, abreviando palavras pois era preguiçoso.

Quando isso caiu na mão dos ingleses, mais precisamente do Brigadeiro John Tiltman, foi uma verdadeira pedra da roseta. Duas mensagens com QUASE o mesmo conteúdo, usando a mesma criptografia. Era a base que precisavam.

Não que fosse simples. Tiltman depois de três meses jogou a toalha e chamou Bill Tutte, um dos grandes gênios matemáticos da época. Ele aplicou uma análise estatística identificando partes da mensagem, como códigos de controle automáticos da máquina de teletipo usada para digitar o texto.

Por volta de janeiro de 1942 Tutte tinha criado todo um modelo lógico da Lorenz. Sem nunca ter visto a máquina funcionando, ele deduziu seu funcionamento e em uma sinfonia de engenharia reversa descreveu em detalhes como construir uma.

A versão inglesa era um pouquinho maior e menos elegante que a alemã, mas é assim até hoje:

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Um grupo foi requisitado da equipe do Alan Turing, colocaram mãos à obra e automatizaram a quebra das mensagens, usando vários computadores Colossus. A mera menção da existência da Lorenz e de sua versão inglesa seria alta traição, perder acesso a essas mensagens poderia ser desastroso.

No final um dos maiores responsáveis pela queda do 3º Reich foi um alemão, um preguiçoso chamado Schultz, comprovando que nenhum sistema, por melhor que seja, é à prova de idiotas.

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