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Pai dos Deuses que estás no céu, obrigado pela sua proteção

Júpiter está sempre nos protegendo, e agora fez de novo. Dia 17 astrônomos amadores flagraram um asteróide enorme colidindo contra o planeta, o que torna o Sistema Solar um tiquinho mais seguro.

8 anos atrás

Zeus_Jupiter_Greek_God_Art_03

Dizem que o Sistema Solar é formado por Júpiter e uns destroços. É verdade. Ele tem um raio equivalente a 10% do do Sol, tem tanta massa que o baricentro, o ponto em volta do qual dois corpos giram pela ação da gravidade no caso da dupla Sol-Júpiter fica acima da superfície do Sol. No caso Sol-Terra o baricentro é quase indistinguível do centro do Sol.

Júpiter é responsável entre outras coisas pela vida na Terra. Desde sua forçação ele tem protegido nós, insignificantes Unidades de Carbono infestando alguns calhaus de rocha no sistema solar interior. O imenso campo gravitacional jupteriano atraiu e consumiu a imensa maioria dos asteróides em órbitas muito elípticas, que fatalmente colidiriam com a gente. Ainda existem muitos asteróides desconhecidos mas a frequência com que aparecem é bem baixa, graças a Júpiter.

O Grande Aspirador hoje trabalha pouco, mas de vez em quando ainda é necessário. Em 1993 descobriu-se um cometa em uma posição inédita: o Shoemaker-Levy 9 estava orbitando Júpiter. Só que isso não ia durar. Com dúzias de luas Júpiter é um sistema gravitacional complexo demais pra ser estável, e o cometa acabou se aproximando demais do planeta, se fragmentou e atingiu Júpiter.

Shoemaker-Levy_9_on_1994-05-17

O cometa inteiro tinha mais de 5 km, ele se quebrou em vários pedaços, o maior com 2 km de comprimento. Em 1994 ele atingiu Júpiter com energia equivalente a nove bilhões de megatons. Aqui um dos impactos (o ponto brilhante à direita é Io).

Max_Planck_Institute_Shoemaker–Levy_9

Júpiter, como você deve saber, ainda está lá. As marcas na atmosfera duraram alguns meses. Provavelmente algumas daquelas criaturas que mostraram em Cosmos foram mortas, mas o diamante do tamanho da Terra no centro do planeta sequer tomou conhecimento.

comet-shoemaker-levy-9-jupiter

Na época foi um evento mundial no campo da astronomia, todos os telescópios do mundo (ok, tecnicamente metade de cada vez) estavam apontados para Júpiter, mas isso porque astronomia é uma ciência exata, dava pra saber exatamente quando seria o impacto. Em outros casos depende-se de sorte para estar olhando pro lugar certo na hora certa.

Vários astrônomos amadores estavam olhando para a direção certa, Júpiter, no momento certo, 17 de março, e conseguiram filmar um lindo impacto de asteróide, acompanhe:


John Mckeon — Jupiter Impact March 17th 2016

Aqui outra versão:


Gerrit Kernbauer — Asteroid impact on Jupiter?

Esse impacto está longe de ser único: de vez em quando cai alguma coisa em Júpiter. Esse impacto múltiplo em 2012 foi especialmente bonito.


alabamahit — Jupiter Impact Video 2012

Bonito e assustador, se você compreende a escala de energia e tamanho. Vejamos Júpiter e Terra:

escala

As colisões em Júpiter acontecem com velocidades 5× maiores que as da Terra, o que significa 25× mais energia. Aquele meteoro de 500 quilotons que atingiu a Rússia, em Júpiter se tornaria uma explosão de 12,5 megatons. Usando o Nukemap vejamos o efeito de uma explosão dessas em Niterói.

cabum

Claro, esses asteróides pequenos sequer são vistos atingindo Júpiter. Para gerar um impacto visível como o do dia 17 a pedra tem que ser muito, muito maior. Bem, antes lá do que aquí.

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