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Apple, Google, Uber e IBM se recusam a participar de plano de Trump para a criação de um “registro de muçulmanos”

Suposta proposta de Donald Trump para criar um registro de muçulmanos é rechaçada por Apple, Google, IBM e Uber; Oracle se recusa a tecer comentários.

7 anos atrás

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Quando Donald Trump foi eleito, muita gente acreditava que o magnata tomaria jeito e revisaria muitas das propostas feitas por ele em campanha, principalmente as mais absurdas e controversas. O muro na fronteira com o México, por exemplo sumiu da pauta. No entanto, outra igualmente polêmica está gerando preocupação generalizada por aparentemente não se tratar de um blefe: a criação de um registro nacional de muçulmanos, seja daqueles morando no país ou geral (para monitorar potenciais turistas).

E tendo como base declarações recentes, não só a ideia é real como enfrenta forte resistência de diversas empresas de tecnologia.

A ideia de implementar um sistema de monitoramento de muçulmanos surgiu pela primeira vez em dezembro de 2015, e de lá para cá Trump mudou de ideia e fez declarações contraditórias várias vezes, ora confirmando, ora negando. Só que para todos os efeitos o presidente eleito de fato acredita que de forma a proteger o país contra potenciais terroristas, é imperativo implementar um banco de dados do tipo. Ele acredita que as agências governamentais (NSA principalmente) possuem plena capacidade para vigiar tanto os islâmicos residentes nos Estados Unidos quanto fora dele, para ficar de olho em turistas em potencial.

O problema para Trump é que para fazer tal sistema funcionar ele vai precisar de apoio irrestrito de diversas empresas de tecnologia. Elas teriam que se dispor (ou serem obrigadas, embora a segunda opção pegue muito mal) a abrirem os dados de seus usuários e fornecê-los ao governo, para que a coleta seja realizada.

Na última quarta-feira uma reunião de cúpula foi realizada na Trump Tower, em Nova Iorque entre Trump, o vice-presidente eleito Mike Pence e diversos executivos de grandes empresas de tecnologia do país. Estiveram presentes Tim Cook (CEO da Apple), Satya Nadella (Microsoft), Larry Page (Alphabet Inc.), Eric Schmidt (presidente da Alphabet), Elon Musk (Tesla/SpaceX), Jeff Bezos (Amazon), Sheryl Sandberg (COO do Facebook), Chuck Robbins (Cisco), Ginni Rommety (IBM), Brian Krzanich (Intel), Travis Kalanick (Uber) e Safra Catz (Oracle), entre outros. O encontro foi arranjado pelo investidor do Vale do Silício Peter Thiel, conselheiro de Trump e figura não muito quista em seu meio hoje em dia (o mesmo que comprou uma briga gigante com a Gawker Media por ter sido exposto como homossexual contra a sua vontade).

A pauta não foi divulgada, a única informação concreta foi a de que Musk e Kalanick vão integrar o conselho consultivo de Trump, fazendo companhia a Thiel. No entanto declarações dadas pelas companhias após a reunião dão a entender que o gabinete de Trump colocou o assunto do registro de muçulmanos em debate, muito provavelmente buscando a cooperação das companhias com o compartilhamento dos dados de seus usuários.

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Dois dias depois Apple, Google e Uber declararam em nota que não pretendem de maneira alguma cooperar com a ideia, ainda que não tenham deixado claro se foram ou não solicitadas a cooperar. Tanto a Apple quanto o Google afirma que não foram impelidos a cooperar, mas não vão ajudar de qualquer forma. Já o Uber respondeu apenas “não”, a mesma dada pelo Twitter duas semanas antes da reunião e que fora seguida deste link, sua política sobre proibição de uso de seus dados para fins de vigilância. A IBM igualmente declarou que não pretende cooperar com “tal projeto hipotético”.

Outras companhias não responderam aos contatos do BuuzFeed para comentar o que foi discutido na reunião. A Oracle, entretanto foi a única a se recusar a tecer comentários sobre o registro, bem como se recusou a informar se ainda tem a NSA como um de seus principais clientes. Vale lembrar que o ex-CEO Larry Ellison declarou em 2013, na época do vazamento de dados realizado por Edward Snowden que as práticas da agência eram essenciais, logo pode ser que a Oracle esteja bem mais próxima do gabinete de Trump do que as demais (ou é a única que deixa isso mais claro, vai saber).

Fonte: BuzzFeed.

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