Meio Bit » Arquivo » Games » John Carmack expõe seus pensamentos sobre a aquisição da Oculus VR pelo Facebook

John Carmack expõe seus pensamentos sobre a aquisição da Oculus VR pelo Facebook

John Carmack acredita que a aquisição da Oculus VR pelo Facebook será benéfica e que empresa de Zuckerberg enxerga o panorama total, assim como ele

10 anos atrás

carmack-rift

A Oculus VR está passando por maus bocados desde que foi anunciada sua aquisição pelo Facebook. A turma dos financiadores paranoicos que veem em Mark Zuckerberg o próprio diabo estão enchendo o saco da startup, que pôde tirar o Oculus Rift do papel graças ao Kickstarter. O problema é que essa gente que não entende o conceito de DOAÇÃO está exigindo o dinheiro de volta e chegou ao cúmulo de ameaçar o staff e até mesmo os seus familiares de morte, exigindo a reversão do trato.

O fundador da Oculus Palmer Luckey expressou sua indignação no Reddit, dizendo que a empresa esperava tal reação negativa por parte do público "durante um curto espaço de tempo, mas nunca imaginávamos que iríamos receber tantas ameaças de morte e telefonemas que se estendem até as nossas famílias". Ainda que muita gente que não tenha gostado do acordo concorde com Luckey que essa situação é inadmissível por envolver gente que não tem nada a ver com o acessório, por outro lado outros imbecis acham as ameaças justificáveis pela startup "ter traído seus consumidores".

No meio desse caos todo o CTO da Oculus John Carmack, talvez um dos programadores da indústria dos games mais respeitados da história finalmente resolveu falar o que pensa acerca do negócio. Desde semana passada ele já vem tuitando que acredita que o Facebook ajudará a Oculus VR em problemas de escala graças ao gordo financiamento, mas não acredita que a companhia vá meter o nariz na startup e exercer controle abusivo, o que seria fatal para o acessório.

Entretanto ele deu um panorama mais extenso de suas opiniões ao comentar num post do Tumblr de Peter Berkman, compositor da banda Anamanaguchi (que compôs a trilha sonora do games Scott Pilgrim Vs. The World: The Game), onde expressava preocupação pela possibilidade óbvia do Facebbok utilizar o Oculus VR para fazer data mining, exibir ads e aumentar ainda mais seu domínio sobre informações do usuário, e dizendo que hoje em dia companhias pequenas nascem com o intuito de serem compradas pelas grandes. Carmack não acredita nisso, sendo que ele próprio, junto com John Romero, Tom Hall e Adrian Carmack (que não é seu parente) criaram a id Software do nada em 1991, que só foi adquirida pela ZeniMax em 2009. O exemplo que o desenvolvedor usou para contrapor essa acusação é a Valve, a empresa de Gabe Newell que nasceu quando ele licenciou a Quake Engine em 1996, com a qual desenvolveu Half-Life. A criação do Steam era o sonho de muitos jogadores mas por muitos anos a indústria o ignorou, mas a empresa tem méritos de ter chegado onde está hoje com as próprias pernas.

Carmack acredita que a experiência da realidade virtual é poderosa demais para que grandes players a ignorem e o Oculus Rift é por si só um produto deveras promissor, o que acaba atraindo interessados. De fato ele não acreditava que a empresa seria adquirida tão rapidamente e muito menos que o comprador seria o Facebook. Mesmo sendo o CTO Carmack não estava envolvido na negociação (isso é de praxe, até para que os boatos não afetem o trabalho da equipe de desenvolvimento e tecnologia), mas acredita que a companhia tenha uma visão geral do escopo como ele tem, e que a aquisição será benéfica para a Oculus VR. É compreensível pois tanto Sony como Microsoft estão correndo atrás da tecnologia agora, com o Morpheus e um headset VR concorrente, e a aquisição lhe permitirá concorrer de frente com o adicional de não ficar restrito a uma única plataforma, caso fosse adquirida por uma delas ou pela Apple. John Carmack já havia dito inclusive que o Facebook opera numa escala de tecnologia que a Oculus precisa, e portanto haveriam mais benefícios do que problemas nessa aquisição.

Sobre a preocupação de coleta de dados por parte do Facebook, Carmack não é do tipo paranóico que acredita que a privacidade acabou e tudo mais, ele respeita quem não gostaria de ter seus dados vasculhados mas quem se reserva a fazer isso está invariavelmente se privando de diversas experiências. Ora, hoje em dia Google, Facebook, Apple, Microsoft todos coletam dados, data mining é uma ferramenta importantíssima para cruzamento de informações, pesquisa de campo e que permite oferecer melhores produtos e serviços aos consumidores, e é de fato ingênuo achar que ninguém olha o que você faz na internet. E se você acha que o Marco Civil vai resolver alguma coisa, leia o texto final aprovado pela câmara (com o artigo 9º devidamente alterado) e entenda que te venderam gato por lebre. Para maiores esclarecimentos no âmbito jurídico, leia este post.

Voltando, Carmack acredita que mineração de dados quando feita de forma transparente é benéfica a todos, mas a preocupação do público é a quem os dados pertencem. Google e Facebook utilizam as informações do usuário como moeda, e muitos usuários defendem o controle irrestrito de suas informações. A pergunta é, o que eles farão com isso? Um usuário único é menos que nada, um cenário onde cada cidadão poderia negociar individualmente seus dados é impensável. A partir do momento em que ele criou uma conta numa rede social, criou um e-mail ou etc. ele assinou um contrato de uso (que ele obviamente não leu), onde concordou em ceder seus dados e não lucrar um centavo com isso.

Por fim John Carmack já esclareceu no Twitter que atualmente está com seu foco 100% no Oculus VR, e que apesar de acreditar que o Facebook possa vir a ajudar a tirar a Armadillo Aerospace do chão, ele não o fará pelo menos nos próximos anos pois segundo ele, "dividir o foco me prejudicou". Para mim, se o preço de permitir mais uma empresa de exploração espacial voltar aos negócios é engolir ads no Oculus VR, eu vou querer o meu em edição especial com as cores do Facebook. Quanto mais gente no espaço melhor e Carmack ama ciência de foguetes, portanto podemos esperar coisas boas no futuro.

relacionados


Comentários