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Twitter: presente brilhante, futuro obscuro

Twitter faz oferta pública de ações com muito sucesso, é uma das redes sociais mais conhecidas e movimentadas do mundo, e tem receita suficiente para seus custos, mas será que a empresa do passarinho azul está tão bem assim? Saiba mais sobre o assunto na coluna de estréia do Caio Gomes no MB!

10 anos atrás

IPO Twitter

O serviço de microblogging do passarinho azul do Twitter é uma das redes sociais mais conhecidas e movimentadas, fazendo parte da Trindade Sagrada de redes mais usadas (formada pelo Facebook, Twitter e Linkedin). Usuários reclamam e compartilham assuntos, perfis de celebridades são seguidos por milhões de pessoas, e empresas dão suporte ao usuário e divulgam seus serviços. Dependendo de como for, você pode ganhar muito dinheiro.

Mas a estabilidade de um negócio desse tamanho é confiável? Por maior que seja sua abrangência de usuários, o serviço não está imune a problemas.

Na segunda semana de novembro de 2013, o Twitter abriu uma IPO (oferta pública inicial), onde será possível que o público compre ações da empresa, tornando-a oficialmente uma empresa de capital aberto, em vez de capital fechado. O objetivo? Salvar o valor da marca, que poderia chegar a 11 bilhões de dólares.

Existem vários motivos para que o Twitter precise se salvar. O primeiro deles é a estagnação do crescimento da quantidade de usuários. A bem verdade, o serviço possuía um dos melhores crescimentos na área, com 10% a mais de usuários a cada trimestre — a maior vantagem em relação às outras grandes redes sociais. No entanto, ao chegar no valor aproximado de 231 milhões (o número atual de usuários), o movimento diminuiu muito. Ainda assim, sua parcela de usuários móveis é a maior do mercado: são 175 milhões em aparelhos portáteis, 76% da sua base de usuários.

Como se não fosse o suficiente, o Twitter entrou na mira de dois enormes processos por quebra de patentes. O primeiro veio da IBM, que alegou violação de propriedade intelectual, por três patentes diferentes. O segundo pede quase 130 milhões de dólares em nome de duas empresas, alegando que o Twitter organizou uma venda de ações privada que nunca pretendia completar — a venda ao público acabaria de vez com as negociações privadas.

E para fechar a tríade de riscos, vem uma verdade inconveniente sobre o Twitter: seus ganhos não são tão grandes assim — especialmente para se manter do jeito que está. Ao longo dos últimos anos, a empresa teve sérios prejuízos. Em 2011, foram 70 milhões de dólares perdidos. Já em 2012, este número subiu para US$ 133 milhões!

A receita anual da rede é o suficiente para continuar funcionando, mas se ela crescer mais, seus custos aumentarão. Atualmente, o Twitter possui uma receita de 433 milhões de dólares (para se ter uma ideia, a do Facebook era de US$ 3,7 bilhões). Este valor poderia crescer, mas esbarra em dois enormes problemas:

1) Por se basear em aplicativos externos (que acessam via API), o serviço é difícil de monetizar. Estima-se que 55% de todos os usuários nunca perceberam um anúncio do Twitter sequer. Comparativamente, o Twitter ganha US$ 1,83 por usuário mensalmente ativo, enquanto o Facebook, no momento da abertura do seu IPO, ganhava US$ 4,39.

2) Tendo o primeiro ponto em mente, a coisa parece muito pior quando vemos que 85% da receita é concentrado em publicidade. 15% vêm da venda de dados. A diversificação é quase nula, e vamos lembrar que 55% de todos os usuários não contribuem para estes 85% da receita.

Apesar de tudo, os ventos são favoráveis para o Twitter pós-IPO. Atrás apenas do Facebook na posição do maior IPO de tecnologia, suas ações públicas tiveram uma forte alta no dia da oferta inicial. Tudo indica que a quantidade de ofertas de compra chegou — em alguns momentos — a 30 vezes o valor do número de ofertas de compra!

Em suma, os problemas que afetam a rede do passarinho azul são de fato preocupantes. Mas continuando a metáfora: se os marinheiros souberem aproveitar os bons ventos, o barco aportará sem problemas.

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