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Soul Sacrifice - Análise

Confira a análise de Soul Sacrifice, um macabro game para o PlayStation Vita.

11 anos atrás

Soul Sacrifice

Keiji Inafune é conhecido por muitos apenas como “o cara que criou o Mega Man”. Tal atribuição é uma injustiça sem tamanho, pois ele é de longe um dos game developers mais criativos do Japão, tendo participado como produtor das séries Resident Evil e Onimusha, além dos games The Legend of  Zelda: Minish Cap, Dead Rising, Lost Planet 2 e Asura’s Wrath.

Agora ele retorna com seu primeiro grande título após a saída da Capcom, o Action RPG de terror Soul Sacrifice, desenvolvido em conjunto pela SCE Japan Studio e Marvelous AQL, e exclusivo para o PlayStation Vita.

A princípio Soul Sacrifice não me chamou muito a atenção; as primeiras imagens não me atraíram muito para esse game. Mas depois de jogar o demo e um pouco da versão japonesa, mudei de ideia.

A narrativa do jogo é seu ponto forte: o game mostra um prisioneiro (você) de um terrível feiticeiro chamado Magusar (no original japonês ele se chama Merlin. Pois é). Esse mago mau como o Pica-Pau mantém outros prisioneiros e drena suas forças vitais para manter sua imortalidade.

É quando um “vizinho” seu se rebela e mata os guardas, apenas para ser morto por Magusar. Dele sobra um livro macabro falante, chamado Librom. Ele vai parar em suas mãos e a partir daí o livro começa a mostrar histórias passadas do mago que o escreveu, e cabe a você reviver através dele todas as histórias e missões passadas, adquirir poder através do sacrifício de inimigos (e aliados) e conquistar sua liberdade, matando o feiticeiro. E claro, descobrir quem diabos escreveu esse livro.

Bonitinho, não?

A primeira etapa do livro trata do teste para se tornar um feiticeiro realizado pelo protagonista e sua parceira, chamada Sortiara (no original Nimue, a Dama do Lago. Sim, há mais referências). Após algumas missões de extermínio de monstros você é levado à fase final do teste, onde você deve fazer algo terrível para completar sua missão: sacrificar sua parceira. E apesar dela também não querer isso, não há escapatória: quem se recusa a cumprir o teste é morto por Avalon, a associação de feiticeiros. Então é matar ou morrer.

Isso não vai ser bonito...

Aliás, “sacrifício” é o mote central do jogo, tal como seu nome sugere: cada monstro que você enfrenta deve ser exterminado ou salvo: matá-lo aumenta seu poder de ataque, salvá-lo aumenta sua vida e defesa. Vai da escolha do jogador – e tais decisões refletem no enredo do game. Além disso, durante uma missão você pode inclusive escolher entre salvar um aliado e curá-lo com sua própria energia, ou sacrificá-lo e liberar uma poderosa magia negra.

Matar ou salvar? Você decide

Você utiliza magias coletando “oferendas” após cada missão bem sucedida. Quanto melhor seu ranking, mais oferendas você recebe. Você pode fundir duas oferendas diferentes e criar uma nova magia, ou unir duas iguais e potencializá-la, tornando-a assim mais eficiente. Mas as oferendas possuem um limite: se usadas em demasia durante a missão, elas “quebram”, e precisam ser restauradas ao custo de Lacrima, as lágrimas do Librom que ele libera de tempos em tempos (apesar de ele dizer que não estava chorando, heh).

Customização é o que não falta

Mas as magias mais poderosas são os “rituais obscuros”: quando seu personagem está morrendo, você pode acionar um ataque devastador, mas um preço deve ser pago: partes de seu próprio corpo, desde a pele para soltar uma poderosa magia de fogo, os olhos ou até a espinha e transformá-la numa espada. Seu personagem sofrerá com status negativos até que você pague uma boa quantia em Lacrima para restaurar a condição normal.

Credo...

As missões assumem um formato perfeito para um portátil, num estilo muito parecido com Monster Hunter: como o game não é linear, você pode acessar as missões na ordem que desejar e quantas vezes você quiser. Como elas são curtas, acabam sendo ideais para uma jogatina numa fila de banco ou numa viagem de ônibus.

Você pode customizar seu personagem como achar melhor, desde nome, sexo, aparência e magias, além de escolher seus aliados durante as missões (salvo algumas em que você é obrigado a acompanhar determinados personagens). O game conta com modo multiplayer também, onde até quatro jogadores podem cumprir missões em conjunto – ou um dos jogadores encarnar um troll e sacrificar seus companheiros. 🙂

Porrada!

Mas a melhor parte do game é realmente o próprio Librom, que é recheado de histórias passadas; conforme você vai finalizando missões ele habilita histórias antigas sobre guerras, lugares, as origens das bestas capitais e muito, muito mais. Dá para perder várias horas apenas folheando o livro.

Trecho do Librom

O game não é um primor em gráficos mas eles cumprem bem sua função, os efeitos de luz e sombra são muito bem aplicados. Já a trilha sonora é um espetáculo, composta por Yasunori Mitsuda (Chrono Trigger, Xenogears, Xenosaga, Kid Icarus: Uprising), e a orquestra soturna casa perfeitamente com o clima macabro do game. A tradução para o português ficou bem feita, exceto algumas ocasiões em que se detectam repetições como "mas um homem viu nisso uma oportunidade nisso". Mas não é nada que comprometa o jogo anyway.

Enfim, Soul Sacrifice pode não ser um dos melhores títulos do Vita, mas com certeza é um dos mais divertidos (dentro do limite do possível, já que o tema dele é pesado) e é um game obrigatório para quem gosta de RPGs, mas não tem muito tempo para longas partidas. Quem comprar o game na PSN receberá gratuitamente três DLCs: duas novas roupas, três oferendas e... o áudio em japonês (virou moda isso de vender games em pedaços, desde que a Capcom cobrou à parte pelo final de Asura's Wrath). Mas a oferta é por tempo limitadíssimo.

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