Meio Bit » Arquivo » Demais assuntos » Passado o hype, reflexões sobre o iPhone 5

Passado o hype, reflexões sobre o iPhone 5

O novo lançamento da Apple, o iPhone 5, estaria fadado ao fracasso?

11 anos e meio atrás

applems

Semana passada um site publicou uma bomba: o Pânico na Band teria perdido o humorista Eduardo Sterblitch para a Globo. A notícia se espalhou, dezenas de veículos replicaram a nota. No Domingo o programa fez o dramalhão clássico sobre a saída do ator, para no final mostrar que ele não havia mudado de emissora e era tudo uma barriga, notícia falsa, publicada sem confirmação.

A lição foi explicada com as palavras literais: “Chequem suas fontes”.

Como resultado o Pânico foi acusado de plantar a notícia (não foi o caso), fazer drama desnecessário, e até se repetir. Praticamente ninguém entendeu que eles pegaram uma notícia sobre o programa e transformaram em pauta. Não é a primeira nem será a última vez, mas é isso que eles fazem. Lei & Ordem toda semana tem bandido sendo preso.

O keynote da Apple sofreu as exatas mesmas críticas. Pior, as exatas mesmas críticas de sempre. Não mudaram nada, o aparelho é o mesmo, melhorias pontuais, etc.

A coisa é tão irracional que a mesma pessoa que reclama do conector, mudado depois de NOVE ANOS (e convenientemente esquece coisas como o “conector universal” da Palm, que durou 2 aparelhos) reclama que nada muda.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 é mais comprido, e não vai funcionar com as capas e cases dos aparelhos antigos.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 tem uma resolução de tela maior, e isso vai confundir os desenvolvedores.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 vem com um processador novo, o A6, 2x mais rápido que o A5, mas a Apple não libera a ficha técnica do bicho.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 vem com uma App de mapas maravilhosa mas que não funciona no Brasil, Botswana, Burkina Fasso e outros mercados estratégicos da Apple.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 agora tem 4G mas não funciona no Brasil, afinal a Apple deveria se adaptar à frequência que só nós no planeta usamos.

As mesmas pessoas que reclamaram que nada muda reclamaram que o iPhone 5 ainda perde nas especificações para os concorrentes, e continuam não entendendo que isso nunca foi importante para o usuário final. Isso realmente não muda.

Essas mesmas pessoas insistiram que o iPhone 5 seria um fracasso, era óbvio que não passava de maquiagem. Agora estão tendo que engolir 2 milhões de unidades vendidas em 24h de pré-venda. Isso também não mudou, alardearam o mesmo fracasso na véspera da venda de 1 milhão de unidades, no dia do lançamento do iPhone 4S.

TODO MUNDO que é questionado, quando diz “esperava algo diferente” não consegue explicar o que queria. “não sei… sei lá, uma novidade”. Essa “novidade’ é algo tão misterioso e elusivo que todas as outras empresas do planeta não conseguem achar também. Só que elas tem a decência de ficar caladas, ou copiar o iPhone, ao invés de partir pro mimimi.

“Ah, mas então o iPhone é perfeito e nada mudará jamais?”

LONGE DISSO. Só que a Apple não é burra, nenhuma empresa que se preze vai abandonar um design que vende feito água, tem 90% de satisfação entre consumidores, só para perseguir uma “novidade”. EM RESUMO:

O iPhone não é uma Ferrari, é um Fusca.

Você não desbanca o fusca fazendo outros fuscas. Você precisa de uma mudança conceitual. O Android não é essa mudança, ele é outro Fusca. Talvez um Trabant. O Gol ao menos no momento se chama Windows Phone.

A Apple está de olho na Nokia, muito mais que na Samsung, e se preocupa tanto que não pia em relação à concorrente de olhinhos apertados. (ei, o Sol é forte em Helsinque).

O foco em ações e pessoas do Windows Phone difere totalmente da abordagem Apps do iPhone,e isso pode ser muito atraente pra parcela do público que não instala apps no celular.

A Apple está contra-atacando isso incluindo integração com Twitter e agora Facebook no iOS6. Só que isso é uma alteração, quase um transgênico, enquanto o Windows Phone é essencialmente social.

Essa é a verdadeira briga, não o tamanho de tela ou –jesus- quantos núcleos tem a CPU.

No mundo pós-pc (e pras antas que acham que isso é uma crítica ao wintel – pós-mac também) o usuário é Rei, não Técnico. A grande, ENORME sacada da Apple com o iPhone foi liberar um monte de vídeos mostrando o uso do aparelho. Todo mundo quando pegou um pela primeira vez já sabia usar.

No mesmo ano eu tinha um Nokia E71 lindo, que amo, mas que CADA programa precisava ter a conexão de dados configurada individualmente, incluindo WIFI. Havia 3 ou 4 pontos diferentes no sistema para fazer isso. Atualizar uma aplicação? Lembro de uma que exigiu DOZE telas de confirmação.

A Apple foi capaz dessa mudança conceitual, ocultando a complexidade desnecessária. Hoje é padrão. Até o Android faz isso, e direitinho. O prêmio é familiaridade, o usuário se sente confortável. Não tem que reaprender tudo de novo. Ele não quer novidade, quer algo que funcione melhor e mais rápido, mas que seja igual ao que ele já conhece.

Henry Ford dizia que nunca se preocupava em ouvir o consumidor, pois se perguntasse o que eles queriam, iriam responder “cavalos mais rápidos”. É algo extremamente válido, mas se seu ramo é vender cavalos, você vai se esforçar para vender cavalos. A concorrência que se vire tentando inventar o automóvel.

O iPhone é um garanhão árabe. A Apple não vai trocá-lo por um Modelo T, se tudo que a concorrência consegue produzir são pôneis.

Ela também não vai produzir um cavalo de 8 patas (até porque seria sacrilégio, Sleipnir é montaria exclusiva de Lorde Odin) só para agradar o pessoal que está cansado de cavalos melhores mas que ainda parecem cavalos.

O resultado é que os keynotes da Apple ficam mais “tediosos”, mas Tim Cook não vai matar ou sequer mutilar a galinha dos ovos de Ouro apenas para nosso entretenimento.

Errado –e aí me incluo- são os que transformaram um evento de lançamento de um telefone em uma peça de entretenimento. Algo que era feito via press release e um SEDEX –resenha esse troço, please- hoje tem até show de rock, ou seja lá o que os Foo Fighters toquem.

Leia mais sobre: , , , .

relacionados


Comentários