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Quer ajudar o Software Livre? Esqueça o Babelfish

15 anos e meio atrás

Uma das reclamações de um dos desenvolvedores que conheci na Bossa Conference era que 99% dos currículos que recebiam na empresa eram de adolescentes deslumbrados que colocavam xx anos de colaboração com projeto yyy, e quando iam ver... tradução.

Programador que é bom, nada. E quando aparece, são ex-aspeiros em fase de recuperação que acham que Python é a salvação da Humanidade, PHP mudará o mundo, Java precisa ser reconhecida por seus méritos... enfim: Acham que um programador precisa abraçar e defender uma única linguagem. E C é complicado demais.

No caso das traduções, temos um agravante: São de péssima qualidade. Um desenvolvedor de um projeto Open Source pequeno não tem mão-de-obra para certificar uma tradução. Se for um idioma pouco-familiar então, está na mão de quem "colaborou" com a versão. Vide o caso do filme Open Source Elephant Dream, onde no menu do DVD a linguagem catalã saiu como "Polaco", um termo ofensivo à região, por vandalismo + falta de mão-de-obra para verificar o material enviado.

A própria idéia de que projetos Open Source são oba-oba, qualquer um chega e "colabora" é falsa. Tente colocar um * no kernel do Linux. O Torvalds vai fazer um Elo Mental Vulcano para determinar suas intenções, antes que seu código chegue perto da árvore oficial. Firefox idem. NENHUM projeto Open Source bem-sucedido é feito sem uma estrutura rígida de certificação, padronização e controle do que é incluído na versão oficial.

Exceto na área de tradução.

Tradução, aliás, que não é só rodar uma série de strings no Babelfish, colar de volta, enviar e dizer "eu sou desenvolvedor Open Source". Parte do esforço deveria incluir localização, mas aí entra mexer em código, e os 99% lá de cima não têm competência pra isso. Resultado? Vejam esta pérola que achei no Carlos Fran:

traducao2

Sabem onde vi algo idêntico?

Mais de 20 anos atrás, no auge da Reserva de Mercado de Informática, quando as empresas nacionais copiavam o MS-DOS (e todos os outros programas) editavam no XTREE Gold, trocavam as strings e vendiam localmente como produtos seus. Tìnhamos empresas com 5 funcionários vendendo clones do DOS "desenvolvidos in-house".

Portanto, fica a dica: Esqueça a tradução. Quer colaborar com algum projeto Open Source? Faça debugging, teste de interface, e estude programação. Compre um aquário, aprenda lógica, aprofunde-se na estrutura do ambiente que você quer se especializar. Faça plugins, programe. Você vai colaborar muito mais com o Open Source (e com seu futuro profissional) se ao invés de sair chutando traduções automáticas agora, se preparar por uns 2 ou 3 anos e entrar produzindo de verdade. Afinal pro usuário não importa se a janelinha está em inglês ou português, essencial é que ela faça alguma coisa.

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